terça-feira, 9 de junho de 2020

Quem sabe eu consigo diariamente postar um... 09/06/2020

09/06/2020

Eu me sinto perdida nas minhas próprias memorias. Não sei mais o que é realidade ou o que é imaginação minha. Fico confusa sobre o que eu realmente vivi e o que eu acho que aconteceu e eu acredito que pode ter acontecido,  minha imaginação me fez  ver algo que não aconteceu realmente. Não ter alguém em quem eu possa acreditar e confiar que as memorias sejam imparciais e livre de intenções manipuladoras é tão sufocante! Eu queria que minha mente fosse uma grande biblioteca, igual àquela que vemos no seriado Magicians no Globo Play. A nossa mente poderia ser uma biblioteca daquelas, toda organizada e magicamente acessível por palavras chaves na busca. Os livros redigidos por magia conforme as situações fossem sendo vividas. E facilmente de serem consultadas quando fosse necessário consultar determinada situação que possa estar influenciando algo que esta acontecendo atualmente e que com certeza esta sendo uma sequencia de algo que começou lá no passado em uma memoria que cada pessoa tem sua própria versão vivida. Mas em algum lugar existe o que realmente aconteceu, e eu queria muito que isso pudesse ser lembrado .

A Imaginação não ajuda nas lacunas da memoria, cada vez que tento acessar são preenchidas por essa intrometida fértil e cheia de ideias. Então comecei a colocar essas ideias por escrito. Resultados? Dezenas de rascunhos, entre eles esse, para poder quem sabe em algum momento achar o sentido ou um nexo que faça algum sentido e faça alguma peça ser encaixada e minha memoria inacessível se tornar nítida. É claramente algo que meu consciente tornou esquecido e mandou para o fundo do lodo do esquecimento, no mais distante e protegido recanto do meu ser, porque por mais que eu tente, não consigo acessar essa parte da minha memoria, e junto com ela foram removidas outras partes da minha adolescência e infância, partes que me fazem falta.

Seria tão emocionante descobrir que somos uma filial de Matrix e que estamos todos dentro de um eterno revival e que as emoções que me corroem e me deixam nessa angustia de não saber se vou sair desse redemoinho de sentimentos inexplicáveis, no qual me afogo sem estar dentro da agua, mais ao mesmo tempo não consigo ar pra respirar, e do nada vou ser contatada por uma pessoa, ou ser que me identificou e sabe que posso ajudar a desmontar esse esquema, sair desse ciclo e por isso me sinto tão incomodada. Talvez eu nem seja desse planeta.  Mas isso esta me parecendo mais uma doença psiquiátrica que precisa de tratamento, e esse período de quarentena forçada por essa pandemia só piora as condições psiquiátricas de quem vive esses tormentos psicológicos que eu descrevo.

A verdade é que reconhecer a necessidade de tratamento só torna a isso mais real, mas não menos grave, e eu não tenho nenhuma doença diagnosticada, apenas uma imaginação fértil e muita fome de conhecimento e vasto acesso informações sobre muitas coisas, principalmente em assuntos médicos. Adoro ficar pensando e conversando comigo mesma e meus personagens internos sobre as minhas próprias considerações, e recentemente resolvi escrever sobre isso. Talvez se você esta lendo eu tenha resolvido publicar, eu tenho um blog, onde eu eventualmente publico algumas coisas, mas não escrevo com essa intenção. O que quero é tirar da minha mente esse redemoinho de ideias mirabolantes que me confunde e tentar acessar minhas próprias memorias sobre como realmente aconteceu minha infância e adolescência

Porque de alguma forma algo que acontecia ou aconteceu durante esse período foi constante e apagado da minha memoria por mim mesma por algum motivo e de alguma forma levou também sentimentos e emoções importantes. Não faz sentido eu não ter memorias da minha infância que todos lembram como ter sido tão boa e privilegiada. Eu escuto minha mãe falando que tive vários privilégios e muitas oportunidades... Mas minha cabeça insiste em me fazer lembrar os momentos em que cada uma dessas oportunidades me foi tirada porque outra pessoa falou ou a fez acreditar em alguma coisa sobre mim que nas primeiras vezes era mentira e apesar de que a mentira tem perna curta quem acreditou nelas não foi capaz de pedir desculpas e as oportunidades tiradas não podem ser devolvidas. Mas hoje essas oportunidades me são cobradas como se eu as tivesse desperdiçado e feito pouco caso delas.

Hoje com 40 anos, 39 na verdade, estou novamente morando na casa da mamãe. Com uma filha de três anos e sete meses. Passei pelo meu segundo casamento, que não foram casamentos, porque nenhum dos dois casou realmente comigo, apenas juntamos os trapos como se dizia antigamente. E frustrada faço tratamento de depressão e não tenho nenhuma vontade de viver nesse mundo cruel. Se você me perguntar por que eu coloquei uma criança nesse mundo eu não sei te responder. Mas ainda tenho fé que Deus sabe o que fez quando me emprestou essa criança pra ser minha filha. Porque ela ainda é capaz de me fazer ficar com os olhos molhados e sorrir só com a lembrança do sorriso dela. E é por ela que estou escrevendo essas linhas. Para tentar organizar meus sentimentos e emoções. Quem sabe conseguindo expressar aqui eu consigo deixar alguém ler e entender o que e como me sinto pra tentar me ajudar.

Certa vez conversando com minha irmã veio à mesa uma historia sobre ela e meu irmão me verem como a mimada e protegida do meu pai, enquanto que eu os via como os protegidos da minha mãe. E começamos a falar sobre como víamos nossas realidade de formas diferentes, e percebemos que na verdade víamos a mesma realidade e vivíamos a mesma realidade de diferentes pontos de vista, mas éramos as crianças, e essa consciência nos calou, nos deixou mudas, ou não estou lembrando direito. Eu já não consigo confiar nas minhas memorias recentes porque tenho tomado remédio para dormir porque tenho vivido em uma tensão tão intensa por causa dessa pandemia que acho que no dia que isso tudo acabar vou achar descobrir como deve ser  flutuar de tão leve que vou me sentir. Será que sou a única que me sinto assim?

Complicado, eu escrevendo aqui em um computador sem internet, conversando com uma maquina que do nada sem aviso se desliga, mas que é minha. Acreditando que isso pode me ajudar a colocar ordem em uma cabeça cheia de caos e hormônios e tensão e angustia e medo e aflição e desespero e gente... Eu não tenho como descrever o que estou sentindo em palavras e de que adianta descrever o que estou sentindo? Porque me refugio nas palavras?

Porque me sinto tão segura escrevendo? Desde que me entendo por gente me sinto muito mais a vontade com as palavras do que em falar sobre meus sentimentos. Sempre me orgulhei de escrever, e sempre gostei muito de escrever sobre coisas que senti. Parei de ser critica sobre o que eu escrevia quando parei de esperar que os outros gostem do que eu escrevo. Quando passei a escrever para fazer sentido pra mim o que eu estava escrevendo eu parei de me julgar e me cobrar o perfeito uso de concordância e regência e rimas e combinação de palavras e o uso de poesia e musicalidade das palavras... as vezes eu consigo isso por inspiração de ideias, mas não porque  quero que isso aconteça e fico reescrevendo alguma ideia ate que a frase perfeita me acorra e eu consiga do jeito que eu quero.

Conheci uma pessoa na internet, na verdade na minha buscar por equilíbrio emocional, sei que preciso equilibrar minha energia, e a energia do ambiente que eu vivo faz parte disso. Não posso mudar o meu ambiente, não tenho condições financeiras pra isso e provavelmente não terei tão cedo, já que o caminho que eu escolhi quando desisti da Radiologia foi o ramo de estética e Manicura e por ser diabética não posso voltar a fazer os atendimentos (por opção -     Já que sou abençoada por poder fazer essa escolha) ate que o risco de contaminação passe. Bom nessa busca eu conheci uma pessoa que trabalha com Jamapalas e pedras de organites. Ela me vendeu um Kit de reequilíbrio e tratamento de equilíbrio energético, mais o mais importante, eu consegui falar pra ela algo que me fez perceber que eu precisava fazer algo diferente, e por isso que estou aqui escrevendo hoje.

Foi depois de conversar com essa pessoa que eu percebi uma coisa, eu não consigo acessar minha memoria porque ela me dá medo. Eu tenho medo do que ela pode me fazer lembrar, sentir. Do que eu esqueci, será que vale a pena ter de volta, será que eu não esqueci porque era preciso pra não perder o pouco de vontade de viver que eu tenho, porque mexer nisso? Eu não estou lá muito empolgada com a vida mais isso não quer disser que quero morrer, por outro lado será que essa memoria não vai me fazer querer a morte como companhia? Porque estou querendo buscar essa memoria, se eu a esqueci é por um bom motivo; eu não me faria mal, e pensando pelo lado Gisella de ser, impossível que eu tenha esquecido as coisas que esqueci por algum motivo ruim. O melhor é deixar isso onde esta e não lembrar, emocionalmente não estou em um momento que mexer em memorias que me abalem mais ainda emocionalmente seja uma boa ideia.

Mas o incomodo de não ter essas lembranças e ser constantemente cobrada por elas me deixa tão chateada, me faz tão frustrada como pessoa. Hoje me perguntei se o meu problema de relacionamento com minha mãe não tem uma origem no meu subconsciente que tem memorizado problemas da minha mãe com a mãe dela quando eu tinha quase a mesma idade que minha filha tem hoje. Esse incomodo me fez pensar em outras perguntas sobre a minha infância que eu também percebi que não tenho as respostas e eu percebi que o buraco da minha memoria nesse período da minha vida é bem maior que o período que eu imaginava. Mas é comprovado que a memoria só se desenvolve a partir de certa idade da criança, no entanto minha filha fala coisas pra mim que eu sei e mais ninguém teria como saber que ela só ouviu quando era muito mais nova. Conversas de pé de ouvido.

Eu realmente não sei se essas peças que faltam vão vir a minha mente em sonhos ou em lembranças pra mim com algum dejavu; se isso é algo que precisa vir a tona pra me curar de alguma ferida emocional mal curada que precisa ser tratada com urgência antes que leve a amputação de algo vital, mas posso dizer que está doendo pensar na dor que isso pode causar. Não sei explicar porque as peças que faltam podem provocar dor, não sei porque essa expectativa de que vai doer me faz mal, não sei se é um problema meu que me faz sentir dessa forma, mais é algo que me faz ter a certeza de que algo não é bom e não vai ser bom e que vai doer e vai doer muito em muitas pessoas, ou vai doer tanto em mim que vou machucar muitas pessoas, eu não sei, mais sabe aquela sensação de que você  começou a movimentar uma coisa e essa coisa entrou em um movimento de reação em cadeia e não tem como ser interrompido? Pois é. Essa a sensação que eu durmo e acordo todos os dias desde que me determinei a reequilibrar minhas energias e ser uma pessoa melhor para mim, para minha filha, para as pessoas que eu amo e porque nao para o mundo.