domingo, 14 de junho de 2020

14/06/2020

        Ontem comecei a assistir o seriado Arcanjo Renegado no Globo Play. Minha mãe assina e eu resolvi aproveitar essa vantagem já que tenho que tomar meus remédios as dez horas e não posso adormecer antes das onze horas. Tudo isso me faz refletir sobre coisas como; não posso dormir antes das onze porque se eu acordar antes das 5 eu não tenho uma casa minha pra limpar e me sentar na varanda pra aproveitar uma xícara de café e esperar minha filha acordar me procurando pelo bom dia, mas eu quero essa rotina? O que eu faria se eu acordasse mesmo as cinco horas da manha? Minha filha não para da hora que acorda até a hora que vai dormir e nesse tempo de quarentena estou ficando realmente esgotada de ideias e energia para tentar evitar deixar ela mais de 4 horas por dia na frente da televisão e me orgulho disso. Mesmo quando sou criticado por ela estar na frente da tv.

            Voltando, eu assisti o primeiro episodio do seriado da globo, e juro que entendo porque a emissora esta sendo tão atacada pelo governo e toda a rede de políticos que manda no Brasil. Foi muita coragem colocar no ar, gravar e deixar disponível esse seriado, as pessoas que nunca moraram no rio de janeiro devem pensar, é uma obra de ficção; exagero pensar que essa realidade é o que se vive lá. Eu morei lá, não na cidade do rio, talvez com meu temperamento eu não estivesse escrevendo esse blog hoje; mas morei no rio de janeiro; o estado. E onde eu morei pude ter contato com parte da realidade que o seriado mostra. O seriado aumenta, sim; mais não inventa. Exagera, amplifica, e dá aos atores a possibilidade de serem atores, mas não fogem da realidade que nosso país vive; e lamento dizer que não é só n o rio de janeiro.

            Se procurar as noticias que não são tão divulgadas e não tem tanta audiência, porque preferimos ignorar as noticias que não nos fazem bem, vamos ver que a corrupção que alimenta o trafego e a violência nos subúrbios das grandes cidade, com a falta de atenção a educação e saúde as classe mais desfavorecidas da nossa sociedade são o que move a ambição das pessoas que querem sempre mais poder. E é o nosso silencio que permite que essas coisas continuem acontecendo, é o meu silencio, é a minha apatia, e tenho vergonha de dizer e escrever isso porque eu sei que se eu não precisasse me esconder atrás da tela desse computador para defender meus ideais eu poderia fazer alguma diferença.

            Mas me sinto pequena, cresci acreditando que não tinha forças para conseguir fazer diferente nessa sociedade opressora e luto atrás da tela desse computador para ter forças e encontrar uma forma de não passar essa fraqueza pra minha filha, quero que ela possa se sentir forte para lutar se ela assim quiser lutar, não vou depositar nela meus sonhos e ideais. Mas darei o meu melhor para que ela tenha forças e consiga escolher não se sentir inútil e impotente diante de tantas injustiças e tenha que recorrer a medicações para conseguir superar as frustrações que nada mais são que gritos de uma alma frustrada pela impotência de viver em um corpo prostrado pela falta de atitude.

            E a vontade vem, os planos são feitos, e eu me conscientizo de tudo isso e juro que quero mesmo fazer, mas é uma moleza que domina meu corpo, eu não sei explicar, é mais forte que eu; estou aqui agora escrevendo por ter esse grande defeito, não conseguir mais deixar as coisas pela metade. Tenho que terminar quando começo e já que comecei. As vezes eu demoro não porque não pretendo terminar, mas porque mudei de ideia sobre como vou concluir o que comecei, como o cachecol de crochê tailandês que eu comecei e que já decidi ontem que vou fazer ele ser não um cachecol. Mas será parte de um cobertor que farei de tiras de crochê do mesmo estilo com varias cores de linha. Quando irei terminar eu não sei. Um dia eu termino. Me distraio com vontade de aprender uma coisa nova, um novo desafio, e quando percebo estou empolgada com algo novo e aquilo que antes me deixava interessada e me animava eu perdi o interesse e nem sabia porque.

            A única coisa que isso não aconteceu foi o meu negócio de alongamentos de unhas, massagens modeladoras e fitness inteligente. Nossa como aquilo me deixava realizada. Eu fiz planos. Eu acreditei neles e estava trabalhando com os pés no chão para realizar cada um deles, sem viajar em ideias mirabolantes. Eu simplesmente sabia o que deveria saber em cada passo que eu deveria dar sem escorregar. Eu estava sentido que mesmo pisando em terreno liso eu estava segura. Tinha planos de comprar o aparelho da minha mãe parcelado! No entanto estamos passando por uma pandemia mundial, e moramos no Brasil, o país onde os brasileiros se preocupam em brigar para saber qual politico está certo em querer liberar o dinheiro para permanecermos em casa para morrermos de fome; enquanto o pobre que diz que está morrendo de fome pega o dinheiro de comer e vai para o shopping “ver gente”!

            Meu negocio está parado, não estou fazendo propagando, oferecendo serviços, primeiro porque sou do grupo de risco, segundo porque o salão onde eu ofereci meus serviços também esta de portas fechadas e por ultimo e mais importante se o povo diz que não tem dinheiro pra comer como vai ter dinheiro pra serviços de estética e beleza? A verdade é que muita coisa vai ser muito diferente quando voltarmos a conviver se essa pandemia passar. Será que só eu pensei que essa pandemia pode não passar como a do HIV nunca passou e é uma pandemia até os dias de hj? Vamos acordar povo, precisamos aprender a lavar as mãos mais rápido, usar álcool gel, manter distancia!