Ontem comecei a assistir o seriado Arcanjo Renegado no
Globo Play. Minha mãe assina e eu resolvi aproveitar essa vantagem já que tenho
que tomar meus remédios as dez horas e não posso adormecer antes das onze
horas. Tudo isso me faz refletir sobre coisas como; não posso dormir antes das
onze porque se eu acordar antes das 5 eu não tenho uma casa minha pra limpar e
me sentar na varanda pra aproveitar uma xícara de café e esperar minha filha
acordar me procurando pelo bom dia, mas eu quero essa rotina? O que eu faria se
eu acordasse mesmo as cinco horas da manha? Minha filha não para da hora que
acorda até a hora que vai dormir e nesse tempo de quarentena estou ficando realmente
esgotada de ideias e energia para tentar evitar deixar ela mais de 4 horas por
dia na frente da televisão e me orgulho disso. Mesmo quando sou criticado por
ela estar na frente da tv.
Voltando,
eu assisti o primeiro episodio do seriado da globo, e juro que entendo porque a
emissora esta sendo tão atacada pelo governo e toda a rede de políticos que
manda no Brasil. Foi muita coragem colocar no ar, gravar e deixar disponível esse
seriado, as pessoas que nunca moraram no rio de janeiro devem pensar, é uma
obra de ficção; exagero pensar que essa realidade é o que se vive lá. Eu morei
lá, não na cidade do rio, talvez com meu temperamento eu não estivesse escrevendo
esse blog hoje; mas morei no rio de janeiro; o estado. E onde eu morei pude ter
contato com parte da realidade que o seriado mostra. O seriado aumenta, sim;
mais não inventa. Exagera, amplifica, e dá aos atores a possibilidade de serem
atores, mas não fogem da realidade que nosso país vive; e lamento dizer que não
é só n o rio de janeiro.
Se
procurar as noticias que não são tão divulgadas e não tem tanta audiência,
porque preferimos ignorar as noticias que não nos fazem bem, vamos ver que a
corrupção que alimenta o trafego e a violência nos subúrbios das grandes
cidade, com a falta de atenção a educação e saúde as classe mais desfavorecidas
da nossa sociedade são o que move a ambição das pessoas que querem sempre mais
poder. E é o nosso silencio que permite que essas coisas continuem acontecendo,
é o meu silencio, é a minha apatia, e tenho vergonha de dizer e escrever isso
porque eu sei que se eu não precisasse me esconder atrás da tela desse
computador para defender meus ideais eu poderia fazer alguma diferença.
Mas me
sinto pequena, cresci acreditando que não tinha forças para conseguir fazer
diferente nessa sociedade opressora e luto atrás da tela desse computador para
ter forças e encontrar uma forma de não passar essa fraqueza pra minha filha,
quero que ela possa se sentir forte para lutar se ela assim quiser lutar, não
vou depositar nela meus sonhos e ideais. Mas darei o meu melhor para que ela
tenha forças e consiga escolher não se sentir inútil e impotente diante de
tantas injustiças e tenha que recorrer a medicações para conseguir superar as
frustrações que nada mais são que gritos de uma alma frustrada pela impotência de
viver em um corpo prostrado pela falta de atitude.
E a
vontade vem, os planos são feitos, e eu me conscientizo de tudo isso e juro que
quero mesmo fazer, mas é uma moleza que domina meu corpo, eu não sei explicar,
é mais forte que eu; estou aqui agora escrevendo por ter esse grande defeito,
não conseguir mais deixar as coisas pela metade. Tenho que terminar quando
começo e já que comecei. As vezes eu demoro não porque não pretendo terminar,
mas porque mudei de ideia sobre como vou concluir o que comecei, como o
cachecol de crochê tailandês que eu comecei e que já decidi ontem que vou fazer
ele ser não um cachecol. Mas será parte de um cobertor que farei de tiras de
crochê do mesmo estilo com varias cores de linha. Quando irei terminar eu não
sei. Um dia eu termino. Me distraio com vontade de aprender uma coisa nova, um
novo desafio, e quando percebo estou empolgada com algo novo e aquilo que antes
me deixava interessada e me animava eu perdi o interesse e nem sabia porque.
A única
coisa que isso não aconteceu foi o meu negócio de alongamentos de unhas,
massagens modeladoras e fitness inteligente. Nossa como aquilo me deixava
realizada. Eu fiz planos. Eu acreditei neles e estava trabalhando com os pés no
chão para realizar cada um deles, sem viajar em ideias mirabolantes. Eu
simplesmente sabia o que deveria saber em cada passo que eu deveria dar sem
escorregar. Eu estava sentido que mesmo pisando em terreno liso eu estava
segura. Tinha planos de comprar o aparelho da minha mãe parcelado! No entanto
estamos passando por uma pandemia mundial, e moramos no Brasil, o país onde os
brasileiros se preocupam em brigar para saber qual politico está certo em
querer liberar o dinheiro para permanecermos em casa para morrermos de fome;
enquanto o pobre que diz que está morrendo de fome pega o dinheiro de comer e
vai para o shopping “ver gente”!
Meu negocio
está parado, não estou fazendo propagando, oferecendo serviços, primeiro porque
sou do grupo de risco, segundo porque o salão onde eu ofereci meus serviços também
esta de portas fechadas e por ultimo e mais importante se o povo diz que não tem
dinheiro pra comer como vai ter dinheiro pra serviços de estética e beleza? A
verdade é que muita coisa vai ser muito diferente quando voltarmos a conviver
se essa pandemia passar. Será que só eu pensei que essa pandemia pode não passar
como a do HIV nunca passou e é uma pandemia até os dias de hj? Vamos acordar
povo, precisamos aprender a lavar as mãos mais rápido, usar álcool gel, manter
distancia!