sábado, 13 de junho de 2020

13/06/2020

O importante não é ter, é ser. Uma frase bonita, de efeito e muito repetida por quem não tem muita coisa, e não pode dar algo de muito valor para outra pessoa, ou até aquelas pessoas que dão as coisas mas acham que o que estão dando para a pessoa que presenteiam é de um valor monetário tão pequeno que menosprezam o próprio presente usando essa frase que hoje em dia não tem mais um sentido que se possa filosofar, ela simplesmente é o que esta dizendo ser. Algo de efeito para justificar algo que poderia ter mais valor do que realmente tem;

            Mas essa frase tem sentido além do que se quer falar para algumas pessoas que a escutam, ou que a escrevem. Algumas, como eu, conseguem filosofar em cima dela e pensar além do que as palavras juntas podem significar. Extrapolar a ideia de ter algo e ser algo para mim vai muito além do dar, fisicamente algo. Simplesmente estar próximo de alguém em um momento de dor é algo importante, pode não parecer nada, mas eu acho que estarmos próximo de alguém quando essa pessoa recebe uma noticia ruim, ela sabendo que pode te abraçar se segurar em você em qualquer circunstancia, ser presença, apenas estar ali, isso é importante. Eu tento ter para minha filha essa pessoa; se me perguntarem porque, a única resposta que tenho é porque eu gostaria de um dia quem sabe poder contar com a mesma presença dela. Sei que é ilusão minha. Ela é um ser separado de mim, vai desenvolver os próprios sentimentos, emoções, e Deus me livre que ela viva as mesmas coisas que eu para desenvolver a empatia e o carinho pelas pessoas. Mas sim, eu gostaria que minha filha aprendesse pelo meu exemplo a ser para mim e para outras pessoas a presença amiga e simples que eu sinto tanta falta de ter por perto.

            Essa é uma das coisas que eu sinto falta da minha vida no rio de janeiro. Eu construí lá amizades assim. Tenho contato com elas até hj, fiz um grupo com elas, uma delas saiu do grupo, disse que o celular trava, mas a verdade é que ao longo da minha vida eu conto nos dedos as amigas que trago no Peito e no coração. Cada uma com sua personalidade própria. E escrevendo aqui, percebi que elas são exatamente cinco. Três desde antes de a minha filha se tornar uma realidade na minha vida, elas acompanharam minha trajetória e minha transformação de mulher em mãe. E Duas que entraram na minha vida no processo da maternidade e que eu mantive bem perto do meu coração porque adoro a presença delas na minha vida e principalmente porque são as cinco pessoas maravilhosas que me fazem bem demais cada uma no momento certo. Se elas lerem esse texto sei que vão se identificar aqui. Eu poderia descrever cada uma delas, mas acho injusto colocar características porque a única em comum com elas sou eu e elas não se conhecem e eu coloquei elas em um mesmo grupo por minha conveniência e deleite em facilitar ao compartilhar meus gostos de piadas e vídeos engraçados. Acho que foram educadas em não saírem, aproveito a oportunidade para agradecer.

            Não digo com isso que só tenho cinco amigas, longe disso, mas amizades dessas, onde simplesmente é, você pode passar anos, meses sem falar, mas quando falar vai ser igual, essas eu não posso contar mais que essas cinco e mesmo essas, eu sei que duas ficariam meio desconfiadas se eu sumisse por anos e voltasse como se nada tivesse acontecido e certamente me receberiam tipo: nossa lembrou que estou viva ainda? O Importante nisso é que essas amizades não começaram comum oi tudo bem, e não se fortaleceram com nossa você esta linda, cada uma foi diferente, com cada uma houve algo de especial, algo de único. Cada uma delas tem uma peça importante da minha personalidade que eu preciso ter contato e Deus me faz acessar quando esta se ausentando de mim. Ou quando eu mesma não identifico ele toca na pessoa a faz ela me procurar, é incrível.

            Esse tipo de amizade não tem frase que supere o sentido de o que importa não é ter e sim ser pra mim, e isso é o que eu sou de mais essencial, e o que quero poder deixar de exemplo pra minha filha. O ser humana, o ser amiga, o ser gente, o ser o que consegue olhar o outro além do que o outro que mostrar porque muitas vezes o outro só mostra aquilo que acha que os outros querem ver e nem sempre percebe que os outros querem ver aquilo que somos e sentimos tanta falta de sermos verdadeiros! Essa quarentena tem nos mostrado o quanto isso é real e como isso afeta nossas relações mais intimas, dentro das nossas famílias, não conhecemos as pessoas que moram conosco, não sabemos seus gostos, preferencias, sentimentos. Estamos sabendo nos expressar com elas? Porque temos medo de dizer o que sentimos para quem vive com a gente?