terça-feira, 21 de junho de 2022

Transtornos e devaneios

 Muito se fala sobre os transtornos de personalidade, crises de ansiedade e dificuldades de relacionamento com pessoas portadoras de algum desses males. Eu sou uma pessoa com diagnostico de depressão funcional desde os meus 27 anos. Não posso falar nada sobre outras pessoas que portam outros transtornos, mais posso afirmar que ser depressiva funcional é dolorido demais. Fiz um texto no meu blog sobre isso (https://lovecrets.blogspot.com/2022/06/depressao-funcional.html), mas considerando essa comunidade e querendo movimentar as coisas resolvi falar sobre isso e outras coisas. 

As coisas que eu leio sobre esse tema sempre se referem a quem porta a doença X ou Y, o transtorno W, Y, Z.  Mas e o familiar? Os amigos? Os parentes? E quem desenvolveu a dificuldade , a doença ou o transtorno em consequência da convivência? Quem como eu sabe a origem e a raiz do problema mais tem dificuldade por mais que veja a saída de tomar a decisão e praticar a mudança? Essa dificuldade que existe entre conhecer, entender e o praticar me deixa bem transtornada em vários aspectos.

Convivi e fui criada por uma mãe que eu hoje reconheço ser narcisista oculta, que teve o diagnostico de transtorno de Bouderline e que se recusa a fazer terapia ou qualquer tipo de acompanhamento. E na convivência estou cansada de tentar mostrar que ela pode se relacionar diferente com outras pessoas e comigo; justifica as discussões cíclicas por motivos aleatórios com: "é o transtorno me desculpa vai.". Afinal é o que eu acredito?

Não, simplesmente cansei de me submeter aos caprichos dela com essa justificativa. Nem eu acredito mais que seja isso, cheguei a conclusão que ela é uma narcisista oculta  que usa o transtorno de bouderline como uma muleta adequada para se esconder dela mesma, nessa fuga não importa quem ou como machuca as pessoas com quem convive. E conclui isso porque realmente acredito que ela tenha consciência de tudo que faz, e quando exposta consegue se colocar no papel de vitima das circunstancias, ou mesmo do transtorno não tratado pra escapar das consequências dos próprios atos, como mestre da manipulação que ela é.

Amo minha mãe, reconheço e sei que ela fez muito por mim e pelos meus irmãos. Admito que por esse amor passei anos negando essa verdade com receio do julgamento social sobre o assunto, ainda mais vindo de uma filha que ela fazia questão de apresentar como sendo problemática. Mas depois que me tornei mãe não consegui mais me calar, sufocar as dores e mágoas que as frases e comportamentos dela me causavam começou a ser um fardo pesado demais pra carregar. Eu passei a precisar limitar minhas interações com ela, os assuntos que me permitia falar com ela e me colocar essas regras me fez perceber que nunca tive uma relação saudável com minha mãe. me fez ver a toxidade da nossa relação.

Sabe aquele relacionamento que se divulga em novelas e filmes? Porque nesses relacionamentos nunca se mostra a real forma de se relacionar entre esses personagens e como em tudo que fica exposto a grande opinião vem carregado de exageros? Exageram no carinho que demonstram, mais nunca colocam as discussões como parte dessa relação. Exageram na superproteção mais nunca mostram que ela é consequência de algo vivido por essa que superprotege.

Exageram nos filmes que falam sobre a problemática do assunto também, o que me faz questionar o tempo todo se o que eu sinto é real. Eu amo minha mãe, e tenho muito orgulho dela. Esse fato não se sobrepõe aos males que nossa relação me trouxe. São coisas que estão juntos no pacote da minha relação com minha mãe. Cada pessoa entende e vê isso de forma que quiser, eu vejo como uma forma humana de me relacionar e agora sendo mãe uso sim dos exemplos de exageros das coisas que deram certo e deram errado pra mim ao me relacionar com minha filha.

Ser o bode expiatório da minha mãe por anos dentro desse transtorno que ela usa para mascarar o transtorno narcisista dela me fez ser uma pessoa insegura, indecisa e medrosa. E na minha busca por mudança me permiti fazer coisas só pra contrariar as estatísticas do que a grande maioria faz em situações semelhantes. Me apeguei demais a essas contrariedades que fiz e exaltei alguns erros sim. Exagerei em algumas reações mais vivi como eu achei que seria bom. Mas ao ser diagnosticada com depressão aos 20 anos eu me submeti aos diferentes tratamentos que existem, inclusive medicamentosos. E convivi com esse diagnostico até os 28 anos quando por toda a minha história e situação de vida me falaram do termo funcional como sendo um tipo de depressão.

E de verdade, por mais que eu lute contra eu sei que não dá pra fugir. Não se pode fabricar a felicidade, nem tomar comprimidos dela quando se esta com vontade de se sentir feliz. O desanimo toma conta, a raiva de mim mesma assola com força quando sabendo das coisas que precisam ser feitas eu não consigo fazer. Quero e sei que tenho condições de fazer diferente, mais não consigo agir. Não me pergunte o que me trava, eu apenas me sinto travada. Incapaz, infeliz, amarga. E o mais incoerente de tudo isso; sou uma pessoa capacitada demais em muitas coisas, com mil motivos pra ser me sentir feliz e todas as ferramentas emocionais e materiais para ser doce, para dar certo na vida, e ter o tal do sucesso.

A busca pelo meu autoconhecimento está me levando a lugares que eu não sei se quero ir, e essa indecisão me lembra que tenho motivos para não ir, e esses mesmos motivos são os que me levaram a fazer tantas outras coisas e tudo isso me assusta. A quantidade de pessoas generalizando sobre ter e carregar doenças e transtornos, se colocando em lugares e posições diante de todos para julgarem suas atitudes e escolhas, sem que o outro lado se expresse está me incomodando. Nessa gangorra de 8 e 80 me vejo buscando um equilíbrio próximo ao 36 sem nunca conseguir me estabelecer. Uma sensação de eterna busca pelo inalcançável que me fez perder o que eu tinha em mãos e não soube aproveitar. Sentir que estou chegando a algum lugar sem nunca chegar lá...

Ser depressiva funcional é isso, tenho rótulos: de preguiçosa, de relapsa e de desequilibrada porque simplesmente tem dias que me determino e consigo cumprir e tem dias que fico nessa masturbação mental que me leva quase a beira da loucura. E em algumas circunstancias atravesso pro lado da loucura mesmo, porque a sanidade é tão assustadora que esqueço o caminho de volta. Mas por algo além da minha compreensão eu acabo voltando e me culpando por esses devaneios. Me entupindo de remédios, me drogando,licitamente e me contendo em emoções entendidas racionalmente nessa busca incessante por algum sentido nessa eterna roda gigante de insensates socialmente aceitavel para uma mulher aos 41 anos, mãe solteira, desempregada. 

segunda-feira, 13 de junho de 2022

Minha virada, minha vida, meus insights

     Tenho certeza que meu companheiro à época percebeu, e certamente entendeu que eu estava contendo a raiva sobre o que aconteceu para nao ficar violenta com ele. Ele sabia que eu tinha medo de como podia ficar violenta caso perdesse o controle, e ele sabia como eu era explosiva. Então aquela raiva contida deixava claro pra ele nao falar no assunto. E ele nunca mais tocou no assunto, nem pra pedir desculpas, e nem pelo amigo que pisou na bola e passou a frequentar nossa casa por alguns meses. Enfim enquanto falo sobre isso entendo algumas situações que na época eu nem poderia imaginar. Mais transformei esse raiva em fome, e comia, comia lanches, comia salgadinhos, comia e comia. Do ano de 2006 ao ano de 2008 eu engordei 40kg e atingi a marcar de 160kg, quase a minha altura em dobro, os remédios antidepressivos nao tinham efeito e eu só queria dormir quando os tomava, e a escolha entre comer e dormir o comer sempre ganhava e os remédios ficavam na prateleira. 

    Hoje escrevendo eu entendo que o meu ex marido me dava o que eu pedia pra ele, por que sabia que minha tristeza e depressão só foi agravada com a decepção que ele ajudou a ser concreta na minha vida. Eu nao tinha mais vontade de nada, e nada tinha graça, ou eu me interessava por algo por alguns momentos e logo perdia a graça. Em 2008 eu encontrei uma psicóloga que me fez ver as coisas com mais clareza, e na busca por um culpado sobrou pro meu ex marido. Mais eu poderia ter feito diferente, ter ido a cidade da prova um dia antes e etc. Mais não fiz, porque a minha energia na época era de derrota, e acabei atraindo coisas que me ajudaram a sabotar uma grande e real oportunidade. Eu entendi que precisava mudar minha energia, mais depois de cada sessão eu chegava em casa e só queria comer e depois dormir.

    Foi uma consulta de rotina com meu ginecologista que ele foi duro e claro comigo, depois de um ano ele olhou pra mim e perguntou se eu queria me matar, e diante da minha negativa ele me recomentou um colega dele psiquiatra e me falou que se eu acreditava que o que eu estava fazendo nao era uma busca pela morte eu tinha que ir atrás desse psiquiatra. E eu fui, porque conscientemente eu nao estava tentando me matar. Mais depois da primeira consulta eu entendi que estava sim sub conscientemente tentando me matar, As comidas carregadas em óleo e açúcar, os litros de refrigerante ao dia, e dormir depois de tudo isso era claramente um sintomas de suicida funcional, a qualquer momento eu poderia dar cabo a minha vida e ninguém nunca ia entender já que eu era uma pessoa comunicativa e cheia de brincadeiras. Irônica era minha postura diante de quase todas as circunstancias da vida.

    Na época nós nos mudamos para um bairro perto de outros familiares, inclusive meus avós. Era um bairro cheio de ladeiras e de difícil acesso ao ónibus, então com a possibilidade de ter pra onde ir e com quem conversar sem precisar ficar em casa eu comecei a sair de casa um pouco mais, os remédios que me foram receitados me deram um empurrão pra viver mais minha vida. Mais foram eles tbm que me levaram a uma fase que eu realmente nao consigo me lembrar, mais meu ex marido me conta assim como minha tia que ele só salvou minha vida porque Deus tocou e colocou a mão fazendo ele voltar pra casa depois de sair pra trabalhar para buscar algo que ele achou importante, Me encontrou com a faca na mão ainda depois de cortar meus pulsos as 8 da manha. Eu estava sentada no sofá. Me levou ao hospital, e eu permaneci internada por 3 dias. 

    O psiquiatra falou que poderia ter sido um efeito colateral do remédio, mais poderia também ser uma evolução no tratamento porque eu finalmente percebi que estava tentando me matar a tanto tempo sem sucesso que escolhi fazer isso de forma mais eficaz com tempo hábil de ninguém me socorrer, ja que a rotina era o marido sair de manha e só voltar de noite, as vezes bem tarde. Eu realmente nao me lembro disso, de nada daqueles dias. Mais me lembro que ao voltar pra saca sem medicação fui indicada a fazer um tratamento de 2x por semana com a psicóloga. E nessas sessões eu entendia um pouco mais sobre mim, e precisava ter mais auto conhecimento. Nas seções eu permanecia apática, como se a vida fosse um cinza em linhas retas. Acordei pra vida como dizem, mais pra uma vida sem cor e sem graça.

    E nesse acordar eu corri atrás da minha saúde, e comecei a conseguir controlar minha compulsão alimentar, mais como era difícil! Me lembro de varias vezes em que o marido trouxe lanche pra casa e eu recusei pra comer salada com bife, e depois acabava comendo o lanche mesmo assim, apesar de evitar o refrigerante, eu acabava comendo, afinal jogar fora um lanche tão bom era até pecado. Como foi difícil, as vezes eu sozinha em casa eu queria comer algo diferente, preparava uma massa de nhoque de batata, fazia o molho cozinhava tudo, limpava a coisinha e depois de tudo pronto e servido eu me sentia culpada e acabava deixando o prato no formo e o marido comia todo feliz achando que eu estava melhorando, e me dedicando ao nosso relacionamento. Aprendi muitas receitas nessa época. Descobri muitos combinações de temperos naturais e me aventurei muito na cozinha. Foi nesse ano que minha mãe resolveu fazer uma cirurgia bariátrica, e eu assumi os cuidados alimentares dela na época.

    Eu aproveitei varias vezes os legumes do caldo que fiz para ela para fazer sopas para o meu jantar. E caminhava até o mercado com meus cães para ir buscar legumes frescos e temperos naturais de uma horta que havia lá no bairro na parte alta, então era uma caminhada que dava mais de uma hora de ida e volta, e eu fazia todos os dias. A revelia de cuidar da minha mãe o fato é que eu emagreci 20kg nessa rotina e foi em uma caminhada dessas que perdi a consciência na calçada perto da UBS do bairro e ao medirem minha glicemia eu estava com 830. Eu nao fazia ideia do que isso representava, mais a medica e toda a equipe se surpreenderam. Enfim, minha psicóloga foi acionada, e o psiquiatra entrou de novo na historia. Ele me parabenizando porque eu havia emagrecido e estava conquistando uma rotina e ela preocupada porque no ver dela eu estava me sobrecarregando e me escondendo por traz de algum problema pessoal mais profundo. 

    Não sei vc mais eu acredito muito que as situações que engolimos e temos dificuldades de expressar se refletem em doenças no nosso corpo. Nem toda doença é reflexo disso, mais muitas delas são. Fui diagnosticada diabéticas aos 24 anos de idade. Eu sabia o que era a doença, e o que ela representava, sabia inclusive uma possível origem além da genética para estar manifestando essa doença em mim, Mais não estava pronta pra tratar o problemas psicológico que alimentava o fator físico dessa maldita doença. Não apenas alimentação que eu precisava mudar, e hoje escrevendo sobre isso eu me admiro por mesmo sem saber tudo que sei hoje sobre minha diabetes e os motivos que me levaram a desenvolver essa doença eu consegui controlar a bendita por anos só com reeducação alimentar. O Descontrole da minha diabetes aconteceu quando tive que aceitar uma mudança na minha vida contra minha vontade, e suprimi um grito de frustração por educação e me alienei espiritualmente de tudo e de todos.

    Foi nessa fase de alienação espiritual que frequentei a igreja evangélica, no seguimento da assembleia de Deus, e vivendo dentro da "vontade" de Deus eu me obriguei a aceitar algumas coisas que meu corpo gritava que eram erradas e minha vontade era de gritar e falar tanta coisa. Enfim eu via as coisas erradas, nao fazia minha possível parte pra mudar e não abria a boca pra reclamar do que eu percebia estar errado. Eu tentei de forma concordata e sensata ser parte de uma comunidade que eu sentia no intimo nao me aceitava, nem considerava a possibilidade de que eu fizesse parte dela. Eu senti falta de mim mesma, eu me perdi de mim e permaneci dessa forma por alguns anos, aprendi coisas a meu respeito e a respeito de mim como nunca antes. Mais eu olhava pra fora, tudo era de fora pra dentro, partindo dos outros e nao de mim, e a vida foi ficando insuportável. Viver foi me sendo pesado, eu ja nao via possibilidade de amar o outro como Jesus me amou e isso era dolorido. Em uma oração desesperada e cheia de erros eu pedi a Deus que me levasse para morar no céu, ou inferno, mais que me tirasse daquela situação. E Deus me ouviu, me presenteou com algo que tirou meu chão e mudou meu mundo.

    As pessoas acham que quando cansamos de viver querermos a morte, e era isso que eu achei que queria, morrer; mais Deus me mostrou que eu tinha uma escolha, e me deu a oportunidade de ser mãe. De amar e construir uma relação de amor com um outro ser humano. Eu abracei a oportunidade, e contrariando meu instinto de me sentir proprietária me senti coadjuvante. Passei a viver minha vida em função dela, minha filha. Durante toda a gestação e por alguns meses depois que ela nasceu eu vivia em função dela, para ela e literalmente por ela. Eu nao tinha prazer em estar viva, eu nao tinha vontade de estar viva, eu nao sentia nenhuma alegria em acordar todas as manhas e viver minha vida, fosse o que fosse, mesmo que aquela situação fosse diferente acredito olhando agora pra trás que  nao teria feito diferença se ela tivesse nascido com o peso pra idade, ou o tempo certo de gestação. 

    Eu nao queria mais viver, era isso. E a existência dela me fazia continuar vivendo, eu fazia por ela o que eu sabia que uma mãe deve fazer por seu filho. Nessa fase da minha vida me reaproximei da minha irmã mais nova, e ela tendo um filho com seus quase 10 anos me aconselhava e me mostrava onde eu podia fazer diferente com a minha filha que ela fez com o filho dela. Mas eu me perguntava o tempo todo se eu iria conseguir. Duvidava de mim mesma em questões de caráter e moral que eu via ser colocado quase como regra para as crianças e eu nao as considerava certas, úteis ou mesmo necessárias em uma educação. E me aprofundei mais em conhecer a educação respeitosa, ou educação afetiva que tanto se fala hoje em dia, mas que há 5 anos atrás era uma polemica sem tamanho, tanto pra quem educa os filhos como para os filhos educados dentro dessa metodologia.

    Eu decidi e comecei a educar a Manuella dentro desses princípios. Alguns deles eram conflitantes com coisas que eu escutava na igreja, de irmãs que educaram seus filhos na tal da vara curta. E isso foi me afastando da igreja, minha filha e a educação pra que ela seja um adulto emocionalmente inteligente e possa tomar suas próprias decisões sem depender de mim ou do pai para tomar essas decisões é algo que me move desde o começo. Decidir certas coisas quando eu via que meu único motivo pra continuar nesse planeta é minha filha me fez perceber que sem mim ela nao terá o que eu almejo pra vida dela. Simplesmente porque a minha família nem a do pai dela tem condições de oferecer a ela o que eu acredito que ela possa desenvolver se for bem encaminhada. Amor ao próximo, empatia, carisma. Coisas que eu acho importantíssimas mas que não se ensina se nao pelo exemplo.

    Eu escolhi esse caminho pra mim, e no momento de maior solidão e desalento Deus me disse que me daria uma pessoa pra ser meu apoio. E como sabemos os planos de Deus não são como queremos ou esperamos e criamos expectativas, tanta expectativa que quando essa pessoa veio eu abri mão da minha própria vida por ela. E agradeço muito ao choque de realidade que tive quando adoeci com ela internada no hospital da Criança em Belford Roxo e ninguém pra me dar suporte ou apoio. E mesmo a Manu internada e entupida de medicação ela me mostrou que para viver nao precisamos de muito. Apenas nossa união e nossa amizade. E eu decidi vir embora pra SP com minha filha. Porque aqui eu poderia conseguir uma escola integral pra ela sem medo de me atrasar pra buscar caso tivesse algum imprevisto. Porque aqui eu teria o apoio da minha família.

    Super valorizei quem falava que me apoiaria quando eu estava longe, e acabei vivendo anos de tormentos psicológicos e medos assustadores que me fizeram considerar muitas coisas, inclusive minha vontade de viver pela minha filha. Aprendi e consegui entender que temos vidas separadas e a forma que eu a sobrecarregava com essa de nao ter vida além da vida dela poderia depois se tornar um problema, como o que eu tinha e ainda tenho de conviver com a minha mãe. Então eu comecei a mudar, permitir que minha filha tivesse a própria vida, fizesse as próprias escolhas, por mais que que me desagrade. E isso tornou nosso vinculo ainda mais forte. Eu e a Manu nos entendemos no olhar e ela hoje com 5 anos de idade dá um baile de controle e maturidade emocional que nem eu acredito as vezes em coisas que ela me fala ou pergunta.

    E com todas essas mudanças eu hoje vivo a vida pra mim, e minha filha vive a vida dela pra ela, e sim estamos juntas nessa fase das nossas vidas e somos mãe e filha. Ela me respeita e eu a respeito, temos conflitos sobre questões que eu sei que deveria ser eu mando e ela obedece, mais sei que minha experiência na fase de alienação espiritual me deixou bem consciente do quanto é importante esses conflitos. E estou ensinando minha filha, não a fugir dos conflitos, mas ser consciente que eles acontecem e precisam ser resolvidos da melhor forma para as pessoas envolvidas. E principalmente que quando um conflito existe ele é reflexo de algo errado no relacionamento. Então posso dizer com certeza que ainda terei vários insights na vida. Posso virar minhas chaves ainda algumas vezes. Mas com certeza a vda que vivi até agora foi muito bem vivida.

    

    

Utopia ou decisão?

    Algum de vocês já parou pra pensar em como a vida tem um jeito engraçado de mostrar que estamos reclamando desnecessariamente de algo? Porque tipo como acontece em filmes e seriados de televisão, a gente reclama de alguma coisa, e logo a vida coloca no nosso caminho algo para mostrar que existem formas piores de lidar com a coisa que estamos reclamando e que existem coisas bem piores para se viver na mesma situação. Tipo um alerta sobre, não reclama que pode piorar?
    E nessa de não reclamar que pode piorar engolimos coisas que nos machucam porque poderia ser pior?!? Porque pensamos no que poderia ser pior e não no que pode melhorar se reclamarmos? Porque temos essa tendência humana de ver o lado ruim das coisas que nos acontecem  e incomodam mais que nos atingem de forma bem mais sutil e definitiva? Estou aqui pensando em como isso me fez mal a minha vida toda.
    Aconteceram coisas comigo essa semana que me fizeram pensar quase que obcecadamente nisso. Existem coisas que me incomodam muito nas falas de algumas pessoas perto de mim, atitudes de outras pessoas que nao reclamo ou faço comentários para nao piorar; mas me perguntei por muito tempo o que pode ser pior? E acima disso me lembrei de coisas que eu mudei por reclamar e por pedir pela mudança. Coisas que eu sei que sem minha fala, ou reclamação continuariam da mesma forma incomoda e desconfortável. 
    Então decidi fazer algo diferente, reclamar e tentar fazer com que as coisas mudem; caso não aconteça a mudança eu terei que mudar, e a única forma que me faz mudar em vários desses momentos é me afastando. Não quero mal de ninguém, mais a minha prioridade esta estabelecida e eu quero muito que as coisas possam fluir mais tranquilamente. E isso provavelmente vai fazer algumas pessoas me agredirem porque vai mudar muito meu comportamento com elas. Estou mesmo disposta a fazer isso? Sim estou, e já comecei. Cansei de ser a emocionalmente inteligente que compreende os outros e nunca pode fazer exigências ou ser filha da puta. Cansei de verdade desse meu lado emocionalmente equilibrado que como a agua ao ver um obstáculo contorna mais nao o desafia a sair do caminho, as vezes basta um com licença que o obstáculo se retira porque nem ele entendia ser um obstáculo.
    Quero mudanças e já sei que elas não vão acontecer de fora pra dentro, mais se eu ficar só querendo e nao agir diferente estarei esperando uma utopia. Então vou parar de esperar mudanças que conversando não estão acontecendo. Cansei de ser a racional que controla as emoções e vou sim começar a expressar meu desagrado com certas situações. Não deixarei de ser algo conquistado com muito aprendizado e determinação, minha inteligência emocional não esta ainda na universidade mais ja conclui meu curso básico do assunto. Então basicamente vou ser menos amigável e mais determinada nas minhas colocações. E para concluir esse texto utópico e achei de suposições deixo minha pergunta, e com vc? A vontade de fazer diferente passou de utopia? 

quarta-feira, 1 de junho de 2022

Depressão funcional

    Quando ouvi esse termo pela primeira vez eu achei que era mais um termo chique inventado dentro das salas de aula de psicologia para modernizar o que o pai da psicologia havia traçado como transtorno que podemos desenvolver ao longo da vida. Eu nunca me dispus a estudar a psicologia, e sei que ela é muito mais complexa, sei que existem vertentes que simplesmente tornam os ensinamento de Freud apenas como ponto de partida, e por isso eu considerei o termo funcional depois da depressão como um enfeite desnecessário. Mais o meu diagnostico continuava o mesmo, depressão funcional, recebi esse diagnostico aos 26 anos durante um curso técnico de radiologia que fiz no Hospital das clinicas de SP. Pela proximidade com a área e a facilidade em conseguir o atendimento no Instituto de psiquiatria de lá eu fui fazer meu tratamento para depressão.
    Já me leram aqui no blog falando de como eu sinto as energias que nos rodeiam e respeito esse universo mais principalmente o universo que cada um atrai pra si. E nesse momento consegui levar minha mãe pra se tratar também, e ela teve o diagnostico de Bouderline. Conversa que ja tive comigo em outro post. Na minha cabeça imatura da época era mais uma forma de o médico dizer que ela tinha problemas que precisavam ser tratados. Por escolhas pessoais minhas eu decidi sair da capital, recusar uma proposta de emprego muito boa e voltar para o interior onde nao arrumei emprego, mais fui atrás de acompanhamento medico psiquiátrico quando percebi que estava entrando em depressão de novo. 
    Talvez a decepção por nao ter conseguido um bom emprego na cidade que eu morava, e que morei quando fiz o curso, ou a quebra de confiança que aconteceu entre mim e meu primeiro marido, ou mesmo a obesidade que naquele momento ainda nao era tão evidente, já que eu sempre fui gordinha. Eu realmente nao sei dizer, mais me lembro de ter tentado de varias formas enviar currículos, entregar currículos, e alcançar esse tão almejado emprego como técnica em radiologia. Dois anos depois percebi que era impossível, me dediquei então aos concursos públicos e realmente fui aprovada, me preparei muito para as provas e consegui bons resultados, mais nunca na posição que me chamariam dentro das vagas disponíveis.
    Foi uma prova pra cidade de Jaguariúna onde abriram vagas para varias cidades em redor e por motivos de aposentadoria dos atuais técnicos da época precisavam de muitos técnicos. Me lembro que o numero de vaga excedia e muito a posição que eu tinha conquistado no ultimo concurso que participei. Praticamente me dediquei todos os dias por 6 ou 7 horas seguidas de estudos, depois de revisão. Eu dormia com um áudio gravado que fiz sobre os 206 ossos do corpo, sobre o nome das articulações, sobre as partes de um vertebra e sobre os pontos de referência para uma boa radiografia, das partes mais solicitadas. Me lembro de ter feito resumos escritos e depois feito gravações sobre cada resumo me preparando pra essa prova. E no dia eu acordei e não sabia dirigir ainda, e dependendo do meu marido na época confiei que ele conseguiria me levar, mais ele arrumou um suposto amigo que sabia exatamente onde era a prova e na espera por esse amigo perdi a possibilidade de fazer a prova.
    A decepção foi tão grande que eu nem soube expressar na hora, quando cheguei em casa, eu chorava destruindo as fitas gravadas e jogando os resumos fora. Eu so chorava e destruía tudo. Não me lembro como mais daquela época só sobrou um livro de anatomia radiológica e que não foi destruído com as outras coisas. Até as apostilas do curso eu destruí de raiva e me decidi a nao depender de mais ninguém pra chegar a um local de prova ou em qualquer compromisso importante. Foi naquele momento, hj escrevendo eu percebo, eu entendi que precisaria fazer por mim o que ninguém faria, por mais que me dessem esperanças eu nao podia confiar na oferta de ajuda de ninguém.
    Com o diagnóstico de diabetes em 2008 eu resolvi dar um basta nos meus problemas com comida e fui atrás de algo que estava virando moda, reeducação alimentar, um caminho muito mais difícil de seguir quando se quer resultados rápidos de emagrecimento, mais muito mais satisfatório no resultado a longo prazo. E eu posso dizer que consegui. até os dias atuais eu já posso fazer substituições alimentares que me ajudam com diferentes coisas e eu estou muito satisfeita por estar como estou nessa questão alimentar. Já sobre a depressão... anos, mudanças alimentares, marido que foi e marido que entrou na minha vida, gestação de alto risco, parto prematuro e 3 meses de UTI neonatal, marido 2 que foi também, me fizeram ter outra visão sobre esse funcional depois da depressão.
    Deprimi de verdade e de forma muito profunda quando descobri a diabetes depois de perder mais de 20kg. Cheguei a pensar na bariátrica naquela época, mais minha vontade de viver era tão pouca que eu nao fui, me agarrei a desculpas e objeções que hoje vejo eram futilidades. Certamente meu processo de reeducação alimentar teria sido menos confuso de explicar e entender se eu houvesse aceitado a cirurgia naquela época. Mais como ja falei aqui as energias que nos rodeiam e nos impulsionam, nos influenciam colaborando com o que vivemos. E naquela época minha energia ainda nao estava circulando nos padrões de vitória e auto reconhecimento que estão hoje em dia.
    Eu posso dizer como uma depressiva funcional que a depressão é uma merda, uma doença que nos rouba a felicidade e qualquer possibilidade de ser feliz, porque tudo absolutamente tudo perde a graça. Não estaria dizendo nenhuma novidade, e pra quem tem depressão então é só mais um texto de reflexo das próprias emoções. Muito se fala sobre depressão, mais pouco se fala sobre esse termo que acompanha muitas pessoas como eu. Passei por uma depressão profunda, entendi racionalmente a necessidade de continuar vivendo. E nesse entendimento comecei a vier a vida de forma mecânica e automática, perigosamente feliz por fora e amarga por dentro, eu Gisella consegui tornar em ironia as situações controvérsias que eu tinha emocionalmente ao estar em alguma situação.
    Meu auto conhecimento me ajudou e me fez ficar bem sensível as minhas alterações de humor ao ponto de conseguir falar claramente com o psiquiatra a necessidade de alguma medicação pra me segurar na beira do abismo antes que eu caia de novo. Mais isso não me livra da sensação de vazio sem graça que me acompanha com frequência em diferentes situações. Escrever aqui era um refugio que me dava uma sensação muito boa, mais depois percebi que nesse mundo digital acabei me obrigando a escrever e escrevi coisas que na verdade nao eram o reflexo do que eu realmente queria dizer. E nisso me perdi da essência que eu quero que seja esse blog. Estou com esse texto buscando resgatar isso, porque esse refugio me faz muita falta.
    Sou uma pessoa que sofre de depressão funcional e nunca compreendi direito o que é isso ate entender que eu sou depressiva, mais nao vivo com depressão. Confuso, porque as pessoas que não sabem o que é esse sentimento não vão conseguir captar a mensagem e está tudo bem, mais quem sente a depressão no fundo das suas entranhas percebe o quanto isso é parecido com os próprios sentimentos. Somos comunicativos, vivemos nosso dia a dia sem demonstrar a tristeza que nos assola ao ficarmos sozinhos e com nossos próprios medos e angustias, muitas vezes sem nexo ou sentido algum, mas que nos deixa insones e nos cansam de tal maneira que nem falar sobre isso se quer mais. Porque sempre e tudo que ouvimos quando falamos sobre isso é: mais vc sabe o que é depressão, vc nao parece ser depressivo. 
    Sabe porque quem não entende ou mesmo quem supostamente entende disso fala assim? Porque pra eles a depressão passou tanto tempo sendo estigmatizada como algo que era frescura que adicionar um termo como funcional é além da capacidade naquele momento da vida da pessoa. Eu poderia dizer que eu passei por esses momento de incompreensão da minha doença, mais depois de conseguir viver até aqui sem passar noites insones e muitos motivos de tristeza superados com desenvoltura emocional eu me aceitei depressiva funcional. São momentos que vem de uma depressão muito grande e que me tolhe a vontade de continuar cheia de alegria e me tira o entusiasmo de tudo que me dá alegria rotineiramente. E sou funcional, porque mesmo tendo esse sentimento algumas vezes mais intenso outras como algo bem no cantinho do meu quadro de emoções, eu me coloco de pé, arrumo minha filha, brinco com ela, limpo minha casa, faço nossa comida e converso com meus amigos e amigas pelo telefone. 
    Sou super interessada em varias coisas, e gosto de verdade das coisas que eu faço. Mais enfrento momentos de desgostar de tudo isso, inclusive já comecei a fazer um curso diferente na intensão de fazer algo mais envolvente. Então o problema não esta em me envolver com algo, mais em me manter envolvida e interessada. Por esse motivo desisti de relacionamentos amorosos. Nao me sinto bem em me envolver com alguém que não vai ser envolvente pra mim por muito mais que alguns meses ou menos, e despertar sentimentos nos outros é algo completamente injusto e sei que machuca muito, porque ja fizeram comigo; não farei com outra pessoa. Assim como amizades, as poucas que mantenho eu faço questão de manter e busco me interessar mesmo quando me sinto menos envolvida, mais fazer novas amizades? Definitivamente nao cultivo esse sentimento em ninguém, apenas me permito receber e retribuir a amizade que recebo das pessoas que vou conhecendo na vida. Algumas ficam, outras passam, outras interagem e nos tornamos conhecidos. Mas chamar amigo, isso eu reservei a poucos que fazem parte da minha vida.
    O fato é que ser depressivo funcional faz de mim uma pessoa comum. E quando me perguntam sobre como é ser assim, eu so digo que é. Vivo minha vida, sem rompantes de alegrias, curtindo as pequenas coisas nos momentos que me fazem bem e buscando nao supervalorizar as coisas ruins que sinto e passo nos meus dias. A vida é simples, e ver a alegria com que as pessoas vivem a vida delas me faz pensar em como pode mais de 50% de uma população inteira ser depressiva e achar que é apenas um estado de tristeza constante. Não não é uma tristeza constante, é uma tristeza patológica que faz a vida parecer cinza e tudo que acontece por mais empolgante que seja será apenas mais alguma coisa que acontece. Isso é a depressão funcional que me atinge, e que eu vejo atinge muitas pessoas que eu conheço.

terça-feira, 1 de março de 2022

Sobre admiração, mudanças, respeito e autoconhecimento

     Faz tempo que não escrevo algo aqui, quanta coisa aconteceu nesse tempo, acredito que por serem tantas coisas em tantas diferentes áreas da minha vida acontecendo ao mesmo tempo que eu evitei parar para escrever um texto, porque eu sei que vai ser um texto cheio de diferentes assuntos e que eu ficarei tentando desenvolver os temas, e explicar o assuntos e da sobre cada mudança e o tamanho do prazer que tenho ou não tenho com a mudança que aconteceu nessa área e como ela se relaciona e interliga com outra que também estou passando, tudo isso refletindo uma mudança bem intensa. E isso vem acontecendo de forma tão dinâmica e constante que eu considerei que poderia esperar as mudanças pararem e escrever depois que começasse a compreender o que elas estavam realmente representando em mim e na minha vida antes de escrever.

    Meio que fazendo o caminho inverso que eu cosntumo fazer de usar os textos aqui para ordenar meus pensamentos e colocar as coisas em ordem. Mais desde que participei da Imersão do Lucas Calone  meio senti que precisava mudar algumas coisas e a ordem com que escrevo aqui no blog foi uma das que precisavam de um mudança urgente, meus textos estavam repetitivos, e escrever sempre as mesmas coisa estava me entendiando e me deixando sem assunto, então eu estava me sabotando e me colocando em uma posição de tédio com meu proprio blog. Quando estou cheia de assuntos e novidades que relacionam textos que já escrevi e podem deixar temas para textos futuros não consigo escrever, começo mais não consigo concluir os textos, eles ficam confusos, com os temas misturados e quando eu guardo o texto pra desenvolver depois acabo escrevendo algo muito diferente e perdendo metade do conteudo que escrevi no texto anterior. Me sentindo assim frustrada. Então decidi que meu blog será de desabafos, pontuais de temas e passagens, onde falarei sobre coisas da minha vida, temas que me são atemporais e influenciam minha vida, mais principalmente minha propria metamorfose constante.

    Porque a cada minuto mudamos, nossas células envelhecem, e novas células nascem e o ciclo da vida se refaz ou não, dependendo do caso. Nesse meu intervalo uma grande artista que eu admiro e acompanhava desde o começo da carreira dela foi embora desse mundo, partiu sem aviso previo, deixando o filho de menos de dois anos, com uma festa de aniversário toda planejada, uma mãe desolada, um ex namorado amigo e companheiro, e milhoes de fãs estarrecidos com a sua ausência repentina. Sim estou falando da Marília Mendonça. Aquela mulher forte, que foi uma menina feliz e cheia de sonhos, que construiu seus sonhos tijolinho por tijolinho e buscou em suas realizações mostrar a cada mulher que sentimentos e desejos não é pecado, e sonhar não é ruim, mais deixar que outras pessoas destruam seus sonhos é algo que só machuca quem abre mão de sonhar por outras pessoas, ou regras que escolhem impor a elas. Ela partiu e deixou um legado.

    Essa semana eu ouvi um lançamento de uma dupla sertaneja com uma aprticipação dela, um aestouro de música, bem no estilo dela, escancarando verdade de um relacionamento onde a sociedade costuma fazer vista grossa para a situação e diz-se que mulher direita tem que ficar calada, mais a verdade é que a hipocrisia começou a perder terreno quando musicas com as verdades que as musicas da Marilia Mendonça começaram a fazer sucesso e ganhar a boca do povo. A verdade é que as mulheres começaram a assumir sua força e ter voz nos sucessos que ela cantava, e outras duplas que escacaravam no Brasil sucessos que traziam a tona mas que eram colocados como passageiros, mas que passaram a ser relevantes, por que no magnetismo que ela tinha, era diferente, eu como uma admiradora do seu trabalho posso dizer que me sentia representada em muitas das suas musicas. Algumas musicas de outras me fazem sentir a mesma coisa, mais não com a mesma frequencia com que me sinto com as musicas dela, e as da Maiara e Maraise.  Que não por acaso eram as melhores amigas dela.

    É uma perda para a musica, mais ouvir esse lançamento me fez pensar em uma reportagem que li logo depois da morte dela, que encontraram um caderno com muitas letras inéditas, um tesouro autoral dela que ainda não foi gravado. E segundo o produtor dela, ela deixou muito material pronto, incluindo todas as faixas que ainda não haviam sido lançadas do CD que ela estava terminando de produzir com a dupla Maiara e Maraise. Então sei que por alguns meses, e quem sabe anos ainda irei sentir que ela esta entre nós da mesma forma, porque eu não era uma fã de seguir e interagir com ela pelas redes sociais, eu acompanhava a vida dela as vezes mais principalmente pelas musicas que ela lançava, porque minha vida é pautada por trilhas sonoras, sou basicamente uma pessoa que vive a vida com trilhas sonoras, e meu humor é facilmente identificado pelas musicas que estou ouvindo no dia. Então não é surpresa eu me interessar mais pelas musicas. 

    Me assumo adminiradora e não fã, porque não sou fã de ninguém, nunca gostei desse rotulo, sempre considerei isso uma coisa sem sentido, temos tão pouco tempo de vida, para ficar perdendo ele acompanhando a vida de outra pessoa gritando por ela e gastando dinheiro em busca de estar onde essa pessoa esta e perdendo muitas vezes sanidade mental para estar por dentro de tudo e em todos os lugares para saber tudo a respeito de artistas ou cantores que nunca vão saber sequer da nossa existencia, que eu nunca entendi. Isso na minha adolescencia quando a internet não era o que é hoje e ser fã era sair de casa as 3 da manha e ficar a noite acampado na porta do hotel para ter a possibilidade de ver o artista passar na porta do fundo indo para o carro no estacionamento do hotel. Então eu meio que acho ser fã é uma coisa sem sentido. Então quando se trata de artistas eu gosto ou nao gosto, e os separo em os que gosto  e acompanho, tendo muitas das suas musicas em minhas listas de reprodução favoritas do dia a dia, e os que eu escuto de vez em quando para variar minha trilha sonora. Esses eu separo entre os que eu curto e os que eu escuto.

    Eu falo que sentiremos que a Marilia estará entre nós por alguns anos e meses nos lançamentos que teremos das musicas que serão lançadas e que ela já havia gravado com outros artistas. Nas musicas que ela deixou escrita e a familia pode decidir permitir que outros artistas gravem e quem conhece o trabalho dela com certesa vai reconhecer o que foi escrito por ela mesmo cantado em outra voz. Mais tem algo que sempre vai nos lembrar que ela partiu. O filho que vai crescer sem mae e o assedio da midia que essa criança vai ser exposta se não pararmos de ficar em cima como abelhas no mel sempre que surgir qualquer noticia sobre a artista. Porque é a audiencia que essas noticias tem que fazem com que seja mais ou menos noticias assim seja produzidas. Eu fico preocupada quando o foco deixa de ser a arte e o legado dela e passa a ser a familia que ainda esta vivendo e viverá o luto e a falta dela para sempre. Porque eles deveriam ter o direito de viver isso como vivemos quando não somos famosos. sabemos que essa é uma dor que precisa ser respeitada. Cada um tem seu proprio processo para lidar com perdas assim, e é necessario que passemos a respeitar isso.

    Admirar as pessoas não nos dá o direito de invadir a privacidade de seus parentes em momentos assim. Precisamos aprender a respeitar isso. Eu escuto cada nova musica lançada com admiração e conseguindo realmente imaginar o sorriso dela e a leveza dela ao ouvir que é um dos trabalhos que ela gravou antes de partir. E tenho certesa que ela nunca iria querer que nenhum desses trabalhos ficasse guardado e escondido do seu publico. Sobre o livro de musias ineditas não gravadas dela, acredito que a familia, principalmente o filho saberá o que fazer no momento certo se não fizerem nada. E oro ao universo diariamente paa que algum outro nome da musica sertaneja tente fazer pelas mulheres um pouco do que Marilia fez e representou, não apenas na musica, mais na sociedade, e em festas. E eu cito primncipalmente em festas sertanejas, porque teve um caso de estupro logo depois da morte dela que envolvia uma festa de Peão e que não foi tratado ou repercurtido como eu tenho certesa teria sido pela artista se ela estivesse viva. Porque é dificil para nós mulheres acreditarmos em outras mulheres, porque é tão dificil se apoiar, ou cobrar quando se esta em uma posição de respeito? Porque? 

    Eu reconheço que do conforto do meu sofá é facil escrever sobre o assunto, eu mesma não fiz nenhum comentario sobre o assunto quando ele surgiu no meu feed de noticias nas redes sociais. Na época eu ainda estava processando muitas emoções e não queria que fosse tão comodo fazer isso, mais a internet trás essa possibilidade, difundir pensamentos e alcançar muitos em muitos lugares. Quando faço videos na rede social de videos eu consigo alcançar algumas pessoas, sim, mais não existe a mesma possibilidade de alcance que um texto escrito. Porque escrito um texto pode ser traduzido em praticamente todas as linguas no mundo, e quem tem sentimentos e emoções, admira pessoas ou se reconhece uma pessoa admiravel sabe e sente as coisas que estou escrevendo aqui. Posso estar no conforto do meu sofá, e sei que é possivel sentir as palavras e o que elas são capazes de transmitir. Aginal são elas que atraem a curiosidade que te faz abrir as materias sobre a vida particular dos famosos. Noa entando vejo e acompanho essa curiosidade crescente e me senti constrangida a guarda minha opniaão por me sentir exaltada sempre que colocava ela em uma roda de conversa até mesmo em familia. E é escrevendo que eu consigo colocar um pouco dessa exaltação pra fora e tentar ordenar meu sentimento conflituoso entre querer alcançar muitas pessoas com o que tenho pra dizer e ter muito medo de me expor ao ponto de perder minha privacidade.

domingo, 9 de janeiro de 2022

Você sabe de que fornalha você saiu?

        Quem trabalha com artesanato, ou faz confeitaria, ou mesmo qualquer coisa que envolva a criação de algo vai entender o que eu vou falar. Sabe quando de faz uma forma, ou receita pra teste, mais quando fica pronto fica a duvida se ficou bom o suficiente, e se esquece a forma ou receita em algum lugar e depois de muito tempo percebe que o resultado é bom? Então você vai lá nas formas, ou anotações antigas procurar aquela que vc sabe que tá em algum lugar e encontra, mas esta quebrada, desgastada, faltando um pedaço pq não foi bem guardada? Você sabe que anotou, o passo a passo, sabe que tem algo que vai na receita que vc não está se lembrando mais que faz muita diferença no resultado final e que por mais que você se lembre de quase toda a receita você não está conseguindo lembrar do que comumente se chama de "o pulo do gato". Hoje eu acordei e encontrei uma receita antiga, e por incrível que pareça ela esta bem conservada, eu a guardei bem, estava dentro de um caderno velho, bem dobrada e cheia de corações em volta. Acho que quando a escrevi eu imaginei que seria uma carta de amor para a pessoa com quem eu estava me relacionando. Pode até ser um rascunho de uma carta que eu tenha realmente escrito não tenho certeza. Mais o mais incrível é que ler aquelas palavras desbloqueou algumas coisas emocionais em mim que estavam me travando de escrever aqui de novo.

    Pode parecer uma bobagem afinal sempre escrevi de tudo e sobre tantas coisas, tem textos falando de intimidades, tem textos sobre brigas feias e até textos sobre a minha opinião politica que podem me trazer problemas caso passemos a viver em um governo de repressão. Mais depois da imersão que participei me dei conta de coisas que eu sentia já ter superado e na verdade eu apenas as engavetei. E perceber isso me fez querer desengavetar e tratar realmente essas coisas. Algumas eu consegui, outras ainda estou olhando a gaveta onde elas se encontram pra decidir quando vou abrir a gaveta e enfrentar o problema. E outras eu abri a gaveta e libertei o problema e estou aprendendo a lidar, e o problema de me importar com a opinião alheia a meu respeito é algo que gera um conflito irracional e emocional em mim que me deixa em absoluto cai não cai. Literalmente em cima do muro. Não consigo racionalizar isso de uma forma objetiva, nem dizer porque é tão difícil colocar isso de forma racional e dizer isso me importa isso não me importa. Só sei dizer que a opinião que as pessoas tem a meu respeito me importa e importa não ponto de me fazer duvidar das escolhas que faço pra minha vida. É estranho isso, porque eu me via uma pessoa resolvida sobre não me importar com a opnião alheia, e perceber que isso era uma casca muito bem estruturada pra me defender do que me machuca muito doeu, doeu muito e cheguei a pensar que seria uma ferida que iria infeccionar e demoraria pra ser tratada.

    "Nossa mais nos textos que você publica você demonstra ser tão segura de si e dona de uma opinião forte, decidida sobre o que você sabe que não quer na sua vida." Essa deve ser a opnião de quem me conhece e lê meus textos afinal nem todos seguem uma ordem. E isso é exatamente o que eu sei, o que eu não quero na minha vida. Estive relendo alguns textos, e na maioria eu escrevo muito sobre minhas experiências e reafirmo sobre o que passei, senti e vivi, e digo sobre as emoções e sentimentos que não quero voltar  a ter e sentir por motivos semelhantes. Vivo minha vida em tentativa e erro por 40 anos, e isso me deixou assustada. Acho que ter um blog onde registrei isso deixou evidente que preciso mudar. E ter facilidade de escrever sobre o assunto me fez ver onde eu estão engavetadas e quais são as emoções para poder buscar formas de lidar com elas. No entanto estou procurando uma gaveta queque nem sei se está junto de outras ou ainda oculta,  uma emoção que ainda não encontrei, a coragem. Sim a coragem. 

    É fácil escrever que farei, ou que pensei em fazer, mais efetivamente fazer, todas as vezes que fiz foi por livre e espontânea pressão. Nunca por decisão e vontade de fazer. E eu me pergunto onde esta minha vontade? Minha coragem, porque eu a engavetei? Em que momento da minha vida, da minha infância, da minha juventude? Adolescencia? Quando? Porque eu não a desenvolvi, o que faltou em mim para que essa emooção não fosse evidente ou fosse suprimida e engavetada? Eu quero a resposta não apenas para poder ter de volta e usar em minha vida para gerar valor pra mim mesma, mais também para poder estimular de forma positiva na miha filha que com apenas 5 anos de idade já demonstra saber lidar com emoções de forma muito mais positiva e racional que eu, graças a escolha que fiz e busco conhecer e praticar na educação dela. Porque não posso esquecer que ela é um grande motivador de mudança na minha vida, e ao mesmo tempo que é maravilhoso é assustador, porque não posso e nem quero que ela se sinta pressionada por essa carga emocional que na verdade é minha e sou eu que estou escolhendo ela como referencia para minhas emoções.

    Nasci completa, e sei que ela esta em algum lugar e cada vez que penso nisso tenho mais certeza que preciso ter contato com as memórias que insistem em escorregar do meu consciente quando tento acessar para entender o que aconteceu. Eu parei de ir ao psicólogo. Tive uma briga muito desagradável com minha mãe, que me levou a enviar um e-mail muito racional e frio ao meu pai implorando por ajuda financeira pra sair da casa deles. Eu recebi uma resposta do meu pai me dizendo que diante dos fatos ele me ajudaria com o aluguel e o restante eu tenho que me virar. E hoje escrevo esse post na minha casa, com minha filha brincando de boneca na sala. Quando contei ao psicólogo sobre isso ele me deu uma bronca porque eu não deveria aceitar a ajuda do meu pai pra sair da casa dos meus pais, o psicólogo me mostrou que eu teria que aguentar mais do que eu estava vivendo, para sair de lá com minhas próprias forças e condições e não precisar explorar meu pai, e na dor que eu sentia naquele momento eu não recebi bem aquelas palavras. E minha vibração entrou em uma energia que acabei não indo mais as consultas por diferentes motivos, mais acabei não indo mais. Racionalmente eu me dizia que queria ir e precisava ir, mais energéticamente e no meu subconsciente eu sabia que não iria mais.

    O resultado? Eu sai da casa dos meus pais com a ajuda do meu pai, e da minha mãe que mesmo não se conformando com minha saída me ajudou, e ainda me ajuda mesmo jogando na minha cara. Parei de ir ao psicólogo, me sinto hipócrita e suja, e não estou satisfeita em depender dessa ajuda porque isso ainda me faz ficar presa a esse vinculo financeiro que faz com que minha mãe se sinta no direito de controlar minha vida e a vida da minha filha. Mesmo eu estando fora da casa dela ainda tenho que responder perguntas sobre o que comi, o que bebi, quando fui dormir, com quem conversei com quem não conversei, o que eu fiz ou nao fiz no meu dia. Isso quando ela nao liga o dia todo querendo saber o que faço e como eu faço, me controlando em tudo, querendo medir cada passo meu na minha casa, com a ideia de que está apenas me protegendo. Estou tendo que ser grossa e alguns momentos agressiva, porque ela faz isso e ao mesmo tempo me joga na cara que nao vai me ajudar com combustivel pra ficar indo a casa dela todos os dias, logo depois me pergunta porque nao fui la levar a Manuella pra ver ela. 

    Complicado demais, mais vou conseguir estabelecer meus limites sem precisar romper minhas relaçoes com minha mãe, eu quero poder fazer nossa relação dar certo, e quero estar por perto quando a idade deles chegar e eles precisarem de quem olhe pelas necessidades dele com carinho se importando de verdade com eles, independente de grana para isso, simplesmente porque se importa com eles. E apesar de saber que ela não acredita que eu seja a filha que á fazer isso e em alguns momentos eu me perguntar porque quero e me sinto no direito de me colocar na posição de assumir esse papel entre meus irmãos eu não quero me afastar. Quando escolhi vir pra SP com Manuella não foi apenas pelas circunstancias do momento com rrelação a saúde e emocionais que eu vivia na época, eu queria e acredito nisso sim que minha filha construissse boas e marcantes memorias com os avós maternos já que os paternos ela não tem mais. Eu quero minha filha convivendo com o tio mais de perto. E a escolho foi baseada no minha afinidade pessoal sim. Enfim agora uma viagem a praia que ela quer fazer com toda a família, quer que eu vá com a Manuella e o cachorro, viagem que quando moramos com eles nunca aconteceu mais que agora ela faz questão de fazer. 

    Enfim, estamos na praia, descemos para o litoral, ferias em familia, viemos em tres carros, cada um com seu carro, Angelo veio com uma amiga muito querida, meus pais no carro deles e eu com Manuella e o Bob. A casa quem encontrou foi o Angelo, uma amiga dele de SP e é maravilhosa, tem um astral super agradável e é espaçosa, e o dia que chegamos conseguimos ir a praia, dar um mergulho no mar, o Angelo a Manu e a Michele conseguiram ir ao rio que corre atras da casa e nos divertin=mos muito. No segundo dia fizemos copras e conseguimos pegar um pouco de praia, mais depois disso fo só chuva, e dentro de casa, e ai o climoa ficou chato. Manu querendo atenção, expectativas frustradas, provocações da minha mão e eu saindao pela tangente, até que eu não consegui e na noite do terceiro dia acabamos discutindo. Eu acordei querendo ir embora, e acho que é uma sensação ruim que todos da casa estão, a chuva a discussão de ontem e essa melancolia de estar em um lugar maravilhoso sem poder sair de casa é tão opressor. Meu irmão fica o tempo todo lembrando o fato de que todos os amigos e conhecidos dele que vieram para o litoral estão voltando doentes de Covid. E no dia que achamos que pode ser que o mormaçõ vai dar praia ele coloca medo na gente ao ponto de a falação ser tanta que da desanimo ir até a praia.

    Realmente enquanto escrevo esse posto penso na possibilidade de ir embora depois do almoço com minha filha e meu cachorro. Ela fica presa em casa, sem poder brincar, nem a televisão funciona, e quando coloco o notebook pra ela ver tv, nao posso usar para escrever meus posts nem meu livro. Eu não trouxe ela pra praia pra ficar na televisão, meu pai trouxe trabalho pra cá, e minha mãe continua com a rotina dela de ficar pendurada o telefone ao invés de aproveitar o tempo dela com a Manuella pra brincar e aproveitar as coisas da casa. To com o pensamento de que se é pra ficar presa em casa, vou pra minha, porque lá tem mais variedade de brinquedos pra Manu e quando ela quiser ver televisãpo eu posso continuar trabalhando. Por outro ado aqui eu posso parar de trabalhar e ver os desenhos com ela, como fiz ontem quando me admirei com um desenho que ela assites super legal sobre como lidar com o poder das proprias emoções como se elas fossem capazes de gerar super poderes nas crianças. è uma criação super bem feita da Netflix.Chamada Os Patrulheiros em Ação. Posso dizer que me surpreendeu e me deixou bem feliz ver de onde minha filha tira algumas das inteligente e maravilhosas ideias que me fala sobre como lidar com minhas emoções.

    Porque conviver com minha mãe muitas vezes é tão cansativo, sustentar essa relação e ir pra casa dela, quando me mudei a minha filha ainda estava em aulas então tinha que ir praticamente todos os dias para lá para levar a Manu pra escola, Mais agora, estou indo porque? Não preciso ir e ficar emocionalmente cansada e estressada com essas palavras de mal agouro pra minha vida, desejando o mal pra mim e pra minha filha camuflado de preocupação. Eu sei que preciso de ajuda para o aluguel e sou muito grata a toda ajuda que ela e meu pai me dão, mais é cansativo demais manter uma proximidade com uma pessoa que está o tempo todo falando das coisas ruins e que podem dar errado e que vai me tirar fazendo pressão o tempo todo com a perspectiva do que vai faltar e do quanto ela me considera incompetente para dar conta das coisas. E do quanto sou depende dela e da ajuda que ela te dá e vai parar de dar a qualquer momento. E estando aqui na praia estou percebendo que essa mania é dela, não é algo que ela faz comigo, ela faz com meu irmão, fez com a amiga dele, fez com o caseiro da casa... Faz com meu pai. Literalmente é cansativo e todos ficamos cansados, e percebe-se que ela mesma fica cansada de sentir e perceber o cansaço das pessoas em lidar com ela e essa mania dela, então eu me pergunto porque ela nã aceita se tratar?

    Eu sinto falta do psicólogo, sei que parar de ir foi uma coisa que acabou acontecendo por congruência de fatos e energia, mais que aconteceu em um momento oportuno. Naquele momento eu precisei me apegar a minha decisão de sair da casa dos meus pais, aceitar a ajuda que meu pai me ofertou e nao me sentir exploradora. Quero voltar a ir nas consultas. Mas se eu tivesse permanecido consultando com ele eu provavelmente não teria encontrado a casa que hoje eu estou morando com minha filha. provavelmente as memorias que ela construiu com o pai nas férias que o pai dela veio passar com ela nas ultimas semanas não teriam sido tão bem vividas como foram e não teríamos agora um relacionamento mais saudável como amigos e pais da Manu. Pude perceber que uma das coisas que influenciavam muito nessa relação eram sim os comentários que minha mãe insiste em fazer sobre o pai da Manuella, para mim e para a própria neta. Mudar da casa dela me permitiu ter essa certeza, porque antes eu ficava me questionando se não era minha mente me colocando essa questão para justificar minha própria insegurança e meu próprio rancor que me impedia de sustentar uma relação saudável com ele. Mas perceber isso me libertou. Pude ficar em paz e viver em paz nessas 2 semanas que ele passou aqui hospedado na minha casa curtindo a filha dele. Foi incrível o sentimento de amizade que eu me permiti e vivi nesses dias. Sincero e sem expectativas.

    Mas voltando ao psicólogo, irei procurar ele em janeiro, porque desde minha ultima consulta eu não consegui mais ir, nas consultas seguinte houve um desencontro de horário, errei o lugar que estava agendado, depois errei o agendamento, e depois simplesmente parei de marcar porque estava dando muitas coisas erradas e entendi como um sinal para dar um tempo, já que até o convenio tinha suspendido as consultas por limite contratual. Mas em janeiro irei voltar. Preciso de um trabalho que me permita assumir meu próprio aluguel, e independente de quem acredita em mim e no meu potencial eu sei que posso e tenho condições de fazer isso sem precisar ir para um contrato em regime de CLT, mas se aparecer um contrato CLT que pague meu aluguel e se encaixe com combustivel e o horario da escolinha da manu sem que eu precise parar todos os meus outros projetos, eu vou aceitar. Ainda não sei qual o meu "pulo do gato", mais sinto que ele está entre essas linhas e textos que escrevo aqui. Quando estou aqui escrevendo me sinto em paz, e nem vejo a hora passar. Amo falar sobre tudo e o mais gostoso faço isso sem me sobrecarregar. Quando tento fazer outras coisas me sinto extremamente cansada e sobrecarregada. e fico contando os minutos pra saber se já acabou o tempo que me determinei separar para fazer aquela atividade.

    A vantagem é que estou conseguindo produzir mesmo nas atividades que não gosto com o uso de agenda e tempo determinado para cada tarefa. Isso foi muito útil, consigo fazer meus exercícios, minha meditação e as tarefas de casa sem deixar de ter tempo para escrever, estudar e ficar com a Manuella. E está divertido poder fazer tudo e chegar no final da noite olhar meu caderno de crescimento diário e poder escrever que consegui fazer tudo que me propus a fazer na noite anterior. o paragrafo sobre coisas que fiz e nao queria fazer está cada vez menos ao passar das semanas. E o que eu fiz e quero voltar a fazer só cresce. E no de coisas a fazer no dia seguinte fica sempre bem organizado. e saber que estou melhorando meus 1% por dia me deixa feliz e satisfeita comigo mesma. Pode parecer que é pouco, afinal é apenas 1%, mais esse pouco era menor quando eu comecei, há mais de 15 anos atrás, e me permitir olhar isso e ver me fez persistir. Eu consegui mudar minha vida sem orientações valiosas que recebi nessa imersão. Mais mudei. Não tive as orientações valiosas que tive com a nutricionista que me acompanhou depois e antes da Bariatrica agora, mais consegui eliminar e me reeducar para eliminar 60 kg antes disso. 

    Portanto eu sou capaz de agora com todo o conhecimento que eu tenho fazer diferente, e com meu 1% ao dia fazer a diferença em mim, na minha vida e quem sabe na vida de outras pessoas. porque eu sei que não sou a única pessoa com problemas de relacionamento dentro de casa, não sou a unica mãe com dificuldade para implementar a educação respeitosa em uma familia onde existem conflitos religiosos, emocionais e geracionais que se implicam e se contradizem até mesmo dentro de nós mesmos na hora que a criança demosntra algumas atitudes que quem não escolheu o que escolhi entende como provocação. Sei que quem escuta ou le minhas postagens sobre meu relacionamento com minha mãe acha que sou extremamente paciente com ela. Mais quem escuta ela falar a meu respeito já acha que ela é uma mãe extremamente caridosa comigo. Então como sempre existem dois lados em uma mesma história, e o que se lê aqui no meu blog é o meu lado da historia, o que se vê nas minhas redes sociais é o meu lado da história, e sempre vai ser o meu ponto de vista. Todas essas coisas geraram em mim emoções que eu aprendi a canalizar de forma produtiva na minha vida e quero poder passar isso a outras pessoas.

    Eu sou o resultado dessa forma que ficou em experiência pra ver se ia dar certo com tantas coisas de diferente do que estava em linha de produção na época e quando viram que era o pulo do gato não deu pra fazer mais porque a forma estava quebrada; tentaram consertar, conseguiram fazer remendos, e produziram algumas peças semelhantes iguais. Sou Única. Minha filha saiu das mãos do mesmo artesão. Ele aparece lá na oficina para fazer algumas formas, as vezes a linha de produção fica sempre desconfiada com o resultado, não o desafiam a não produzir o resultado das formas, mais sempre encostam as formas em algum lugar pra lembrar depois de anos...Será mais uma peça exclusiva mais no caso dela, ela vai saber disso desde sempre e nunca vou permitir que nada nem ninguém a rebaixe a menos do que ela é como fizeram comigo minha vida toda! E ela não vai precisar ficar desengavetando emoções para aprender a lidar com elas para futuramente entender como elas podem ajudar em situações que podem ou não contribuir em algo na sua vida, para ela poder fazer escolhas mais acertivas na vida. Afinal mesmo quando ela errar nas escolhas que fizer ela vai ter certesa que poder seguir em frente sem se condenar e refazer a escolha.