quinta-feira, 14 de dezembro de 2023

Depois de muita fuga psicologica a realidade vem

     Entendi que tinha sido criada em uma familia desfuncional quando eu  já adulta, afastada dos meus pais, dos meus irmãos, e dos meus familiares, observando familias desfuncionais com problemas diferentes dos que eu tive com a minha percebi que a minha também era. Isso foi um choque, fugi e muito dessa verdade. Cada lembrança que me mostrava que sim minha familia era desfuncional eu justificava falando pra mim mesma que poderiam haver traços mais não era tão ruim, afinal nem eu nem meus irmãos demos pra "coisa errada". E nesse ritmo fui enrrolando minha propria busca pessoal por mim mesma, e o que eu mais queria, busquei e ansiei desde que me entendi gente esteve ao meu alcance eu virei as costas cada vez que justifiquei e fugi dessa realidade.

    Fiz um seminario tem pouco menos de um mês, Insight. Foram quatro dias intensos em contato comigo mesma, escutando meu proprio coração com apoio solido e preparado, liberdade e espaço para simplesmente me derramar, me esvasiar das mágoas, dores e traumas que me direcionaram as escolhas de vida desde que me entendo por gente. Me perdoei, me aceitei, me encontrei de novo. Descobri que reconhecer quem eu sou e tomar posse da minha força não é uma ofensa as outras pessoas da minha vida, e se elas se sentirem ofendidas elas que sigam pelo mesmo caminho e façam o seminário para entender que é necessario dar espaço para si proprio ser quem é com amor, com respeito e que isso começa consigo mesmo e não com os outros., para então aceitarem ou não munhas mudanças e permanecerem ou não na minha vida.

    Não adianta querer ser reconhecida uma boa pessoa se eu não for boa primeiro comigo, e isso não é egoismo. É necessario amar o proximo, e respeitar os outros sim, mais se não conseguirmos fazer isso conosco como vamos dar isso ao mundo? Eu tenho deixado de escrever aqui poque a facilidade de gravar um video no tilktok, cada vez eles liberam um tempo maior pra gravar videos é muito cômoda. Eu estou mesmo me derramando lá. Videos sobre esse lado meu, testemunhando minhas descobertas e minhas proprias conquistas, e também meus desabafos e momentos de estress que passo. Também teão tendo a caracteristica de serem espontâneos, sem edições, e sem roteiros. 

    O que eu quero com esse texto é dizer que eu estou me aceitando, aceitando que cresci em uma familia desfuncional. Tenho uma mãe narcisista e não bouderline com traços narcisistas como eu mesma me justifiquei por anos. Aceitando que não importa o que eu faça esse vazio de nunca ser reconhecida pela minha propria mãe nao vai vir, nunca. Talvez eu torne esse texto em video, mais a verdade é que me retenho em minhas postagens lá e nos meus textos aqui porque sei que será muito desconfortavel para mim em relação a familia saber que estou trilhando meu proprio caminho. E que estou escolhendo a mim e minha filha em primeiro e segundo lugar.

    Eu não quero dar um mapa para quem esta no ponto onde eu estava quando escrevi meus textos em 2020, 2016, ou 2014. Porque se eu olhar para trás eu mesma não sei qual foi o caminho que eu segui, muito menos vou saber indicar as curvas que você tem que virar para chegar, e muito menos vou saber se o ponto onde eu estou vai ser confortável para você. E falo isso com muito carinho, porque eu sei que uma das principais justificativas que eu falava pra mim começava com a frase "mas ela/ele não viveu isso..." e me repetia algum evento do meu passado que justificada a minha parte racional de ser imatura e inconsequente nas minhas escolhas. Justificava minha fraqueza e comodismo em continuar vitima da ingratidão da vida.

    Então eu quero e vou começar essa serie de textos, que vou ler e fazer em video postados lá, porque eu estou sim fazendo escolhas melhores pra mim, meus problemas continuam os mesmos, minhas escolhas foram sempre as mesmas e minha falta de compromisso comigo foi o que me trouxe ao ponto que estou, e não algo externo. E reconhecer isso não torna o ambiente toxico algo mais tolerável, me torna menos sucetível a essas toxidades. O que esta me fazendo bem. Assumir as redeas do que eu tenho de mais precioso na minha vida, minha propria vida. E isso eu ja falei em outro post aqui. Eu me considero importante e sim, percebia isso racionalmente há algum tempo, mais foi nesse seminário que consegui perceber que essa consciência era apenas racional.; agora sinto que virei uma chave importante. Reconheço os pontos onde tenho como escolher diferente nas pequenas coisas do dia a dia.

    Eu vou assunir o compromisso comigo de ler meus textos nos videos uma vez por dia no meu perfil la na rede de videos. Provavelmente vão haver dias que não terei animo para fazer isso, ou de escrever, mais quero muito me sentir honrada com minha palavra e fazendo algo para mim mesma. E se isso ajudar mais uma pessoa que seja a se entender, se perceber e buscar em si o compromisso pessoal para buscar uma verdadeira mudança será bom para essa pessoa. E como eu falei essa semana para uma pessoa dos meus contatos, se queremos um mundo melhor, temos que ser melhor para o mundo. Afinal do que adianta só olharmos para fora e reclamarmos do que não estamos fazendo nada para mudar, apegados no discurso de que uma andorinha não faz verão?

terça-feira, 21 de junho de 2022

Transtornos e devaneios

 Muito se fala sobre os transtornos de personalidade, crises de ansiedade e dificuldades de relacionamento com pessoas portadoras de algum desses males. Eu sou uma pessoa com diagnostico de depressão funcional desde os meus 27 anos. Não posso falar nada sobre outras pessoas que portam outros transtornos, mais posso afirmar que ser depressiva funcional é dolorido demais. Fiz um texto no meu blog sobre isso (https://lovecrets.blogspot.com/2022/06/depressao-funcional.html), mas considerando essa comunidade e querendo movimentar as coisas resolvi falar sobre isso e outras coisas. 

As coisas que eu leio sobre esse tema sempre se referem a quem porta a doença X ou Y, o transtorno W, Y, Z.  Mas e o familiar? Os amigos? Os parentes? E quem desenvolveu a dificuldade , a doença ou o transtorno em consequência da convivência? Quem como eu sabe a origem e a raiz do problema mais tem dificuldade por mais que veja a saída de tomar a decisão e praticar a mudança? Essa dificuldade que existe entre conhecer, entender e o praticar me deixa bem transtornada em vários aspectos.

Convivi e fui criada por uma mãe que eu hoje reconheço ser narcisista oculta, que teve o diagnostico de transtorno de Bouderline e que se recusa a fazer terapia ou qualquer tipo de acompanhamento. E na convivência estou cansada de tentar mostrar que ela pode se relacionar diferente com outras pessoas e comigo; justifica as discussões cíclicas por motivos aleatórios com: "é o transtorno me desculpa vai.". Afinal é o que eu acredito?

Não, simplesmente cansei de me submeter aos caprichos dela com essa justificativa. Nem eu acredito mais que seja isso, cheguei a conclusão que ela é uma narcisista oculta  que usa o transtorno de bouderline como uma muleta adequada para se esconder dela mesma, nessa fuga não importa quem ou como machuca as pessoas com quem convive. E conclui isso porque realmente acredito que ela tenha consciência de tudo que faz, e quando exposta consegue se colocar no papel de vitima das circunstancias, ou mesmo do transtorno não tratado pra escapar das consequências dos próprios atos, como mestre da manipulação que ela é.

Amo minha mãe, reconheço e sei que ela fez muito por mim e pelos meus irmãos. Admito que por esse amor passei anos negando essa verdade com receio do julgamento social sobre o assunto, ainda mais vindo de uma filha que ela fazia questão de apresentar como sendo problemática. Mas depois que me tornei mãe não consegui mais me calar, sufocar as dores e mágoas que as frases e comportamentos dela me causavam começou a ser um fardo pesado demais pra carregar. Eu passei a precisar limitar minhas interações com ela, os assuntos que me permitia falar com ela e me colocar essas regras me fez perceber que nunca tive uma relação saudável com minha mãe. me fez ver a toxidade da nossa relação.

Sabe aquele relacionamento que se divulga em novelas e filmes? Porque nesses relacionamentos nunca se mostra a real forma de se relacionar entre esses personagens e como em tudo que fica exposto a grande opinião vem carregado de exageros? Exageram no carinho que demonstram, mais nunca colocam as discussões como parte dessa relação. Exageram na superproteção mais nunca mostram que ela é consequência de algo vivido por essa que superprotege.

Exageram nos filmes que falam sobre a problemática do assunto também, o que me faz questionar o tempo todo se o que eu sinto é real. Eu amo minha mãe, e tenho muito orgulho dela. Esse fato não se sobrepõe aos males que nossa relação me trouxe. São coisas que estão juntos no pacote da minha relação com minha mãe. Cada pessoa entende e vê isso de forma que quiser, eu vejo como uma forma humana de me relacionar e agora sendo mãe uso sim dos exemplos de exageros das coisas que deram certo e deram errado pra mim ao me relacionar com minha filha.

Ser o bode expiatório da minha mãe por anos dentro desse transtorno que ela usa para mascarar o transtorno narcisista dela me fez ser uma pessoa insegura, indecisa e medrosa. E na minha busca por mudança me permiti fazer coisas só pra contrariar as estatísticas do que a grande maioria faz em situações semelhantes. Me apeguei demais a essas contrariedades que fiz e exaltei alguns erros sim. Exagerei em algumas reações mais vivi como eu achei que seria bom. Mas ao ser diagnosticada com depressão aos 20 anos eu me submeti aos diferentes tratamentos que existem, inclusive medicamentosos. E convivi com esse diagnostico até os 28 anos quando por toda a minha história e situação de vida me falaram do termo funcional como sendo um tipo de depressão.

E de verdade, por mais que eu lute contra eu sei que não dá pra fugir. Não se pode fabricar a felicidade, nem tomar comprimidos dela quando se esta com vontade de se sentir feliz. O desanimo toma conta, a raiva de mim mesma assola com força quando sabendo das coisas que precisam ser feitas eu não consigo fazer. Quero e sei que tenho condições de fazer diferente, mais não consigo agir. Não me pergunte o que me trava, eu apenas me sinto travada. Incapaz, infeliz, amarga. E o mais incoerente de tudo isso; sou uma pessoa capacitada demais em muitas coisas, com mil motivos pra ser me sentir feliz e todas as ferramentas emocionais e materiais para ser doce, para dar certo na vida, e ter o tal do sucesso.

A busca pelo meu autoconhecimento está me levando a lugares que eu não sei se quero ir, e essa indecisão me lembra que tenho motivos para não ir, e esses mesmos motivos são os que me levaram a fazer tantas outras coisas e tudo isso me assusta. A quantidade de pessoas generalizando sobre ter e carregar doenças e transtornos, se colocando em lugares e posições diante de todos para julgarem suas atitudes e escolhas, sem que o outro lado se expresse está me incomodando. Nessa gangorra de 8 e 80 me vejo buscando um equilíbrio próximo ao 36 sem nunca conseguir me estabelecer. Uma sensação de eterna busca pelo inalcançável que me fez perder o que eu tinha em mãos e não soube aproveitar. Sentir que estou chegando a algum lugar sem nunca chegar lá...

Ser depressiva funcional é isso, tenho rótulos: de preguiçosa, de relapsa e de desequilibrada porque simplesmente tem dias que me determino e consigo cumprir e tem dias que fico nessa masturbação mental que me leva quase a beira da loucura. E em algumas circunstancias atravesso pro lado da loucura mesmo, porque a sanidade é tão assustadora que esqueço o caminho de volta. Mas por algo além da minha compreensão eu acabo voltando e me culpando por esses devaneios. Me entupindo de remédios, me drogando,licitamente e me contendo em emoções entendidas racionalmente nessa busca incessante por algum sentido nessa eterna roda gigante de insensates socialmente aceitavel para uma mulher aos 41 anos, mãe solteira, desempregada.