Meu trabalho dos sonhos chegou. Eu deveria estar pulando de alegria, me sentindo mais que realizada e cheia de animação por isso, no entanto, tenho que lidar com coisas que antes não eram problemas e podem se tornar se eu não souber lidar com elas agora que estão começando a mostrar que podem se tornar! Sabe aquela sensação de dever cumprido? Eu tinha, quando pensava que poderia finalmente me dedicar um pouco a um trabalho que me permitisse usar o tempo ocioso para fazer algo produtivo e rentável. Mais infelizmente estou usando meu tempo produtivo para cuidar de coisas que antes se cuidavam por si só!
As notas da minha filha refletem a minha ausência. Eu já esperava que isso fosse acontecer, mais não que seria assim tão dramático pra ela. Ela parece outra criança nos dias que tenho que vir trabalhar. Fica impaciente, carente, manhosa e muito perturbada. Chegou a adoecer literalmente por causa disso! Eu não vou abrir mão desse emprego, é um trabalho muito bom, um lugar agradável e com um horário que me permite estar disponível pra ela em dias alternados todas as noites! Diante da realidade que vivemos, posso me considerar privilegiada nesse trabalho! E principalmente eu gosto de estar aqui, do ambiente e de tudo que eu posso fazer, tanto profissionalmente como pessoalmente. Esse trabalho é exatamente o que eu precisava e queria nesse momento da minha vida. Assim que conseguir colocar minhas vida financeira em ordem poderei planejar um futuro pra mim e minha filha!
Mas até chegar nesse momento de sentar e fazer esses planos tenho que me estruturar emocionalmente para lidar com uma novidade meio que assustadora pra mim! As necessidades emocionais da minha filha! Acreditem ou não, sempre foi tão natural estar ao lado dela e simplesmente apoiar, sentir apoio e estar ali com ela, sem nunca mentir, nunca esconder nada, ser transparente e direta e nunca tivemos dificuldade de lidar com nada! Nem com as crises da minha mãe narcisista, nem com o mal humor sombrio do meu pai, nem com os rompantes de abandono do pai dela. Nada parecia caáz de nos abalar a não ser nós mesmas. E quando comecei a pedir ao universo por um trabalho ela participou desse pedido. Ela me ajudou nos detalhes! Falamos sobre tudo, a escala, os cuidados que eu poderia ter com ela, a redução do nosso tempo juntas e as responsabilidades dela que aumentariam! Falamos sobre ela se dedicar mais para que quando estivéssemos juntas nosso tempo fosse melhor aproveitado! E surpresa! Ela não seguiu o plano!!!
Eu não posso dizer que não esperava por isso. Me cobro diariamente que isso não é uma surpresa na verdade, já era esperado, afinal ela tem 8 anos, se descobre uma criança em uma casa com dois adultos idosos que fazem tudo, absolutamente tudo o que ela quer, desde que ela finja ser boazinha. Ela aprende a arte do fingimento, da persuasão e da mentira! A mãe sempre disse serem coisas ruins, mas fazer essas coisas está garantindo a ela limites com os avós que ela antes de fazer não tinha, então se a mão não sabe tudo bem! O problema é que a mãe sabe, e não consegue encontrar uma forma de provar que não está tudo bem sem fazer a criança perder o melhor da infância que é o descobrir a própria individualidade que esta sendo sufocada por tudo isso!
Problemas que eu não imaginava? Claro que eu imaginei, mais acreditei que minha filha conseguiria lidar melhor com essas diferenças entre planos e realidade! Fui ingênua de acreditar que na improbabilidade de a minha filha escolher o que fosse mais difícil ela teria força de seguir adiante nas escolhas dela. Não tenho direito de cobrar dela uma firmeza que nem eu demonstro ter em algumas decisões. Não tenho direito de pedir que ela mude a forma como lida com os avós dela na minha ausência porque eu posso apenas supor o que ela ouve eles falarem a meu respeito e a respeito do pai dela quando não estamos por perto! Mas me dói saber que trilhar esse caminho se faz necessário ´para que possamos ter em algum momento uma tranquilidade de vivermos momentos nossos no futuro. A dor da minha filha é minha, eu só queria poder fazer essa dor dela parar e dar a ela esse ambiente seguro e de paz que tanto idealizamos e não conseguimos ainda ter!
Posso estar sendo exagerada, pessimista e até mesmo inconformada hoje, mais estou me sentindo fraca, derrotada e cheia de angustia porque tem 4 dias que minha filha adoeceu e apesar de todos os esforços para que melhore ela tem demonstrado que é uma doença psicossomática. E que piora quando ela lembra que vai ficar sozinha com os avós! O que eu ganho est=a sendo o suficiente para negociar minhas dívidas, ainda não posso me dar o espaço de uma casa nossa. E ainda temos essa dependência financeira com eles. Mas verdade seja dita! Se o pai dela fosse um pai ele teria feito alguma coisa a respeito! Porém, tem coisas que não adianta conversar, nem ser claro com a pessoa. Ela não quer fazer e não adianta ficar aguardando um milagre, ela não fará! Portanto da parte dele só posso ter mesmo a pensão que ele já tem dado indícios que quer reduzir o valor!
Então permaneço nisso, minha experiencia está quase acabando. mais sigo firme, lidando devagar com cada dia e seus desafios conforme se apresentam, e confiando que nas noites e dias alternados que tenho com minha filha eu consiga mostrar para ela que ela continua sendo minha prioridade, e que eu a amo acima e por cima de qualquer coisa. Porque a única certeza que posso ter do dia de amanhã é que ele vai chegar, seja como for ele vem, e não existe nada que eu ou qualquer pessoa possa fazer para impedir isso de acontecer. Então que hoje seja o melhor dia que eu possa viver, que os amigos que eu fizer sejam pra o amanha, as pessoas que eu conhecer tenham de mim boas lembranças e por onde eu passar possa deixar apenas perfumes e flores! O mundo anda muito sem graça e cheirando mal pra eu ser mais uma a tirar a cor do mundo!