sábado, 5 de junho de 2021

Mais um que aconteceu

    Engraçado, como é difícil colocar em ordem uma linha de pensamento quando racionalmente coloco tantos obstáculos e dificuldades que acabo me perdendo nos meus próprios argumentos e desisto de escrever sobre o que comecei me interessando no inicio do paragrafo, isso quando não mudo o tema completamente. Hoje fazendo minha unha fiquei pensando em algumas coisas que aconteceram comigo, depois passaram pelos meus pensamentos algumas coisas que acontecem na sociedade, e são postadas nas redes sociais, e me lembrei de uma conversa que tive na área de lazer do condomínio onde moro com meus pais aqui no Interior de São Paulo. 

    Quando escuto historias, aqui mesmo nessa área de lazer sobre o motivo de as pessoas decidirem por mudar da capital para o interior, ou vejo reportagens nas redes sociais, ou até mesmo penso sobre isso percebo algo em comum. Sempre existe um fator em comum, a qualidade de vida para os nossos pequenos. Nossos filhos merecem uma qualidade de vida superior a que temos. Bom ontem eu coloquei o assunto em voz alta e depois de falar em voz alta eu percebi o quanto é verdade, porque só nossos pequenos tem direito ou merecem uma melhor qualidade de vida? Porque usamos isso como muleta, uma espécie de desculpa para termos algo que na verdade queremos para nós mesmos? Não podemos admitir? 

    Muito estranha essa necessidade de usar uma criança como motivo, ou consequência das nossas escolhas. E percebi que eu fiz isso! Nossa eu fiz isso. E muitas vezes, não apenas uma ou duas vezes não,  mais varias, e olhando para trás e relendo alguns posts como tenho feito nos últimos dias eu vejo que fiz isso com muito mais frequência do que gostaria de admitir, não posso me esconder disso, porque está exposto para ser lido. Por mim, e agora por quem ler meu blog que eu escolhi tornar publico e divulgar. Não sei se tomar consciência disso vai me impedir de voltar a fazer isso, mas acredito que tomar consciência vai me fazer perceber com mais facilidade quando eu fizer e eu poderei escolher fazer ou não. E como diz algum ditado popular muito antigo e muito sábio: a quem conhece será cobrado, ao ignorante será cedido o perdão.

    Por falar nesse ditado, só um parênteses no tema, ele teve origem em uma passagem bíblica do velho testamento, que não me recordo qual, mas se alguém que ler este post souber e quiser colocar nos comentários eu agradeço. Eu sei porque em uma das minhas passagens pela igreja conversando com um pastor sobre um problema eu fui orientada com esse versículo e me foi explicada dessa forma falando da origem desse ditado popular. Foi muito esclarecedor,  na época foi maravilhosa a orientação. Só uma lembrança que preciso voltar a falar em outro post sobre minhas questões religiosas, e meu relacionamento com Deus. Bom isso é uma questão que estou ainda entendendo como expressar em palavras, porque estou vivendo aquela fase da paixão de descobrir algo novo e extraordinário dentro de mim que sempre existiu mais que eu nunca tinha percebido. Mais fica pra outro post.

    Voltando ao assunto que comecei a falar, aprendendo sobre educar com respeito estou entendendo que esse tipo de atitude joga sobre a criança um peso e uma responsabilidade que não cabe a criança carregar. E eu não acredito que nós queremos isso para nossos filhos. Eu posso falar por mim, então, eu não quero jogar nas costas da minha filha esse peso, e agora que percebo isso vou me corrigir sempre que perceber que estiver fazendo até que consiga tornar algo natural meu não fazer. Porque se quero que ela aprenda a se responsabilizar pelas escolhas que fizer na vida eu tenho que me responsabilizar pelas minhas. E se tem algo que eu aprendi a gostar foi de estudar, e ser mãe está sendo uma caminho de auto conhecimento muito encantador e como eu tive a oportunidade de transcrever em um dos podcast da Ana é suave e doce a forma como estou me conhecendo pelos olhos da minha filha e por essas escolhas e descobertas que tenho feito desde que decidi pela maternidade.

    Estou percebendo que a ciência tem encontrado muitos nomes para muita coisa que antes nós achávamos errado mas não sabíamos explicar porque achávamos errado (termos como bulying, abuso, narcisismo,  que não são novos mas estão sendo popularizados com seus significados se tornando compreensíveis para parte da população que antes os considerava termos ofensivos). Mas também estou vendo a mesma ciência em busca de argumentos que justifiquem essas atitudes que hoje possuem nomes e origens psicológicas em traumas ou problemas neurológicos que podem existir na vida das pessoas. O fato é que esses problemas sempre existiram, e as pessoas sempre viveram com eles, mas não sabiam reagir a eles de forma adequada. E esse negocio de ser adequado é tema pra mais um post que poderei fazer depois, porque o que é adequado para mim pode não ser para você e está tudo bem, mais existe uma grande diferença entre o que é adequado e o que é errado.

    Quero um mundo onde minha filha possa falar o que pensa e o que sente sem medo do julgamento que as pessoas vão pensar sobre quem ela é por ter esse pensamento ou falar o que falou. Isso é uma frase que eu já disse algumas vezes, no entanto quantas vezes eu mesma já repreendi minha filha com a frase: filha não fala isso porque as pessoas vão pensar que você não é uma criança educada. Ou então filha cuidado com o que você fala porque isso faz as pessoas pensarem que você não tem isso ou aquilo que na verdade você tem. Incoerente! E sabe do que mais, isso acontece com muito mais frequência e quase que o tempo todo. Porque eu sou/era uma pessoa que me preocupo/va com o que as pessoas pensam ao meu respeito, e digo que não me importo e que o que elas pensam é problema delas. E não, as barras depois das palavras indicando alterações no formato delas não é erro da digitação é indicação de que estou em processo de transformação.

    Escrever aqui esta me ajudando nesse processo. Colocando minhas ideias em uma certa ordem e me fazendo perceber coisas de mim mesma que eu preciso rever e transformar dentro de mim, esta me mostrando que eu sou sim muito auto critica, mais também sou muito boa em expor minhas ideias e sentimentos. Mesmo que as vezes eu me confunda um pouco e misture os temas e ideias, eu vou me aperfeiçoar, não posso me cobrar a perfeição porque estou em um processo de aprendizagem e descoberta de alguém que eu escondi de mim mesma por anos. Meu próprio ser. Então fico feliz de conseguir me aceitar nesse processo e estar aprendendo a me amar com todas as minhas faces.

    Quer ver algo interessante sobre isso? Esse post é sobre escolhas que fazemos e acabamos por expor como feitas com foco em um futuro para nossos filhos. No meu caso, citei minha filha em alguns posts sobre minha escolha de vir para São Paulo e acabar hoje morando com meus pais aos quarenta anos de idade, e escuto alguns pais falando sobre a maior e melhor qualidade de vida que podem oferecer aos filhos aqui no interior com o mesmo custo de vida que teriam na Capital. Mas perguntei porque jogamos nas costas dos nossos pequenos o motivo para fazermos nossas escolhas, e não podemos colocar eles como um dos motivos. O que eu quero dizer é que muitos colocam as crianças como o motivo principal (meu caso) ou o único para a escolha de uma mudança. E nunca chegam a aceitar que na verdade a criançada hoje em dia está tão tecnologicamente ligada no mundo virtual que uma vida no interior é quase que um sacrifício para elas.

    Porque na verdade eu fiz a escolha de vir embora para São Paulo morar porque eu estava me sentindo miseravelmente infeliz no rio de janeiro, e olhar para a minha tristeza era tão dolorido e me machucava tanto que eu preferi olhar para a dor que aquilo estava causando na minha filha. Aquela situação estava me adoecendo de uma maneira tão profunda que se refletia no meu físico, e a saúde frágil da minha filha era a desculpa aceitável para uma mulher de quarenta pedir a ajuda e o socorro que precisava pedir aos pais. E eu não estava naquela situação porque alguém me colocou ali, eu estava naquela situação porque eu escolhi me colocar lá, e essa é a parte fácil de ser responsável pelas minhas escolhas. A parte difícil é aceitar as consequências de cada uma delas. E foi nessa parte que eu precisei da ajuda dos meus pais, e precisei e usei minha filha como escudo para esconder que quem precisava dessa alternativa para mudar de vida era eu.

    Admitir isso hoje e perceber que atualmente com tudo de ruim que pode estar acontecendo no mundo não é apenas a minha filha quem mais qualidade de vida, eu também tenho, minha vida melhorou, minha saúde melhorou, eu melhorei e essa melhora refletiu  na minha filha porque eu pude ser melhor na forma de tratar ela e no que eu podia oferecer a ela não materialmente mais emocionalmente de mim como pessoa. Então sim, eu fiz escolhas pensando que estava fazendo pelo bem da minha filha, e usei isso como justificativa para mim mesma e para outras pessoas até hoje, até o momento em que escrevi essas palavras e percebi o quanto realista elas são. E poder expressar isso para mim mesma e escrever sobre isso foi libertador para minha alma.

    Todo esse processo de libertação que estou me permitindo passar e me aceitando fazer , com as dores e as alegrias que estou sentindo está me mostrando coisas que ficaram tempo demais guardadas dentro de mim e formaram cascas demais sobre a pessoa que eu realmente sou. E essa pessoa é uma novidade deliciosa, assustadora, corajosa, destemida, confusa, incoerente cheia de amor e com muitas coisas a serem limpas de um coração calejado, mais que não cansou em nenhum minuto de amar e acreditar que o amor é a maior força que existe no mundo. E essa é uma das sombras que eu achei difícil de abraçar essa semana. Uma amiga me perguntou se esse blog é um diário pessoal, eu disse que não, mas que tinha coisas pessoais nele. Porque é um blog pessoal, mas também tem outras coisas, como as transcrições dos podcasts da Ana Paula Barros, que me ajudam reconhecer o amor que são digamos o rejunte da minha estradinha de tijolos amarelos.

    Quando comecei a escrever esse post, e acabei deixando ele nos meus rascunhos assim como tantos que já tenho , eu respondi a um dos stories dela no Instagram sobre sombras, e falei em como algumas são difíceis de se abraçar e amar. essa é uma das que particularmente está sendo bem difícil de amar e aceitar, mas que eu sei que faz parte de quem eu sou, uma mulher frágil que demora pra aceitar minhas vulnerabilidades e mesmo quando as aceita busca em outros e nas coisas mais altruístas as justificativas dos próprios motivos para esconder as coisas que no fundo são basicamente egoístas. Mas na verdade eu me considero uma pessoa altruísta, mesmo tendo motivos egoístas por trás de algumas coisas e jogando algumas das minhas escolhas em cima de motivos que envolvem minha filha eu na verdade tive muita dificuldade de aceitar isso porque eu acredito nas coisas que eu falo, e isso é o maior de todos os desafios. 

    Eu não sei se aceitar que tenho esse egoísmo por trás de alguns dos motivos de algumas das minhas escolhas vai me fazer enxergar egoísmo em todos as minhas escolhas, não sei se relendo meus posts vou me perceber uma fraude e querer deletar alguns contradizendo o que eu falei em um post anterior sobre manter meus posts e não me envergonhar de quem eu sou para mostrar a minha mudança provando que mudar faz parte e está tudo bem. Realmente não sei, mais sei que estou muito mais interessada em continuar essas descobertas sobre mim, sobre minhas verdades por trás das minhas escolhas e poder escrever sobre elas, descobrindo em pequenas situações e conversas corriqueiras coisas que passaram despercebidas agora do que eu estava há algumas semanas. Simplesmente porque eu me descobri apaixonada por quem eu estou me tornando a cada dia que eu acordo, e a cada dia que vou me deitar.

   Simples assim. gratidão por mais um...