segunda-feira, 7 de junho de 2021

Cada um com suas sombras e seus doces

   Como o universo conspira a favor dos que agradecem e se alegram com seus presentes eu resolvi abrir alguns dos presentes que o universo já me deu e eu ainda não havia aberto, estava como eu ouvi a Ana falar em um dos podcast, abandonado no fundo da gaveta dentro do meu armário; no meu caso o armário está no porão da casa, esperando alguém que vá lá decidir o que ainda deve ser guardado e o que deve ser jogado fora. Meu instinto já me diz que uma fogueira de São Joao para aproveitar que estão chegando as festas juninas vai ser muito boa para aquecer as noites de inverno e trazer leveza com tudo que está lá sem precisar olhar nada. E é o que vou acabar fazendo depois da péssima experiência de hoje em ficar tentando estudar um curso que eu comprei, não sei porque, não me lembro quando e muito menos o porquê cargas d´água eu me torturei desse jeito!

    Devo ter alguma parte que eu ainda não consegui iluminar que alimenta a vontade de ficar a toa sem fazer nada, do nada me bateu uma vontade de não fazer nada, mais ai ao mesmo tempo de fazer muitos nadas, sabem como é? Complicado, porque assim eu preciso e quero muito fazer algumas coisas, sei como começar a fazer, me animo muito e começo. Elas ficam muito bem feitas, e eu mereço os elogios que recebo por elas feitas. Mas não consigo me livrar dessa necessidade interna de me sentir aprovada. Eu falo que não preciso disso, que sou mais eu, mais é complicado como isso bate forte quando escuto algumas coisas. Por que eu me abalo facilmente com elogios e criticas vindas de pessoas próximas, mas de estranhos é muito mais fácil lidar. 

    Claro, meu próprio julgamento e crítica pessoal me fazem pensar mesmo inconscientemente que os estranhos não me conhecem e por isso para eles me elogiarem é mais fácil. No entanto eu não posso dizer isso de quem me conhece e minha perversidade me faz pensar que os elogios são falsos ou interesseiros. Pasmem isso é cruel e dolorido demais de se entender como um reflexo do meu interior e eu demorei demais pra conseguir olhar nessa direção com um pouco de discernimento. E mesmo agora escrevendo sobre isso eu ainda não sei se consigo amar, ou compreender totalmente esse lado meu para dizer que vou conseguir mudar esse comportamento automático que me acostumei a ter. Talvez eu tenha que lidar melhor com meu senso de merecimento.

    Procurar em cursos e livros e mentorias externas o que está aqui dentro só esperando eu ter coragem de olhar com gentileza e amor para poder aceitar e abraçar para me completar é uma forma de me dar uma desculpa para não fazer esse movimento, porque a partir desse movimento (em mim) de jogar nesses cursos e mentorias as respostas que estou procurando eu não posso fazer esses investimentos agora, e não farei essas mentorias, não comprarei esses livros e minha mente perversa vai alimentar que não serei capaz de conseguir sozinha. Mas pode demorar muito mais para conseguir chegar no meu objetivo, mais eu sei que vou conseguir. Acredito que não estou mais com pressa. Não mais. E olhando com frieza e sem medo eu acredito que consigo.

    Usando uma analogia que eu sinto muito próxima a como eu me percebo atualmente, estou em uma estrada, dirigindo meu carro, sem GPS, sem mapas impressos, e sem ter pedido nenhuma orientação. Mas parei para ir ao banheiro e tomar um café na estrada e escutando a conversa alheia eu ouvi sobre uma linda cachoeira que fica depois de uma estrada tortuosa e perigosa, mas que tem uma piscina maravilhosa de onde se pode ver o sopé da montanha como se o mundo estivesse aos pés de quem está na montanha. Eu não me importei que na conversa as pessoas falavam sobre a tempestade que provocou a tragédia de tromba d´água que matou alguns jovens que estavam lá, e nem me importei de perguntar nada a respeito desse lugar. Mas essa descrição ficou na minha mente. Agora alguns anos depois eu resolvi procurar saber mais sobre o lugar, e decidi que quero encontrar a cachoeira, não sei muita coisa sobre o lugar, e quando digito algo na internet pra procurar vem noticias de dez, vinte anos atrás que envolvem cachoeiras e trombas d´água, mais nenhuma parece se adequar a descrição que eu me lembro. Mas eu vou pegar a mesma estrada, e ir ao mesmo posto de parada e de lá partir em uma visitação curiosa e turística a todas as cachoeiras da região, até que eu ache a que estou procurando. porque os anos se passaram, e a cachoeira com certeza mudou, mais sei que quando eu chegar eu vou sentir que é a certa. Porque eu entendi duas coisas com a vida nesses quarenta anos. A primeira é que as coisas sempre estão mudando mais a essência vai permanecer. A segunda é que as analogias são formas muito populares de explicar coisas que não encontramos palavras para expressar.

    Alguma dúvida sobre a viagem? O GPS na minha história seriam os bons coachs de hoje em dia em desenvolvimento pessoal, que entendem que  auto responsabilização e o auto conhecimento são ferramentas de cunho pessoal que as pessoas precisam estar dispostas a acessar e não existe dinheiro no mundo capaz de dimensionar o valor que esse acesso tem a elas. Os mapas são as dezenas de livros que existem sobre diferentes caminhos que podemos fazer nessa busca pelo autoconhecimento, livros com títulos chamativos ou não, que mostram o caminho que o autor fez ou algumas pessoas que ele ajudou fez e funcionou para eles. Mas vai funcionar para você?  As pessoas para quem eu poderia ter pedido orientação no caminho são as pessoas com quem eu conversei, que profissionalmente me ajudaram do jeito que elas aprenderam que poderiam me ajudar. Mas que na verdade eu não pedi orientação porque não acreditei que nenhum deles saiba onde fica a tal cachoeira. A Cachoeira é o lugar onde eu vou poder dizer que me conheço e sei o que eu quero. Onde serei Mestre de mim mesma. 

    Hoje em dia esse termo já é falado com mais abertura, e muito mais comum do que era há anos atrás, mais talvez por isso eu ainda tenha tanta dificuldade em aceitar alguns termos que escuto e leio sobre essa que as pessoas nomeiam como Nova Energia. Eu (particularmente) sempre fui chamada de louca quando dizia que essa energia existia e estava acessível a todos. E pensar nas coisas do meu passado e nos episódios onde isso foi motivo das magoas, machucados e cascas que tenho hoje que me tratar para que não me machuquem mais é o que me faz ter tanta resistência. Poder escrever sobre isso e expressar com clareza isso me faz bem. Acredito que minha evolução pessoal registrada aqui nos meus textos vai ser um relato muito rico para minha filha um dia quando ela se questionar de onde veio toda a intensidade que ela conhece como sendo a mãe dela. Porque se tem algo que eu já senti, e sei que a tendência é só expandir, é isso. Minha intensidade em viver não consegue mais ser contida. Eu não vou conseguir mais ser apática ou indiferente com as coisas como me esforcei pra ser em tantas situações. Senti que isso é uma das coisas que vinha me machucando demais. 

    E esse é o meu grito de liberdade de hoje, minhas emoções sempre foram intensas demais, na minha infância eu não soube me expressar, eu não tive a oportunidade de ter a orientação que me desse oportunidade de fazer um direcionamento correto dessa intensidade, e ela se tornou revolta, que foi reprimida, que foi sufocada que foi enterrada, que foi enjaulada e torturada até o quase completo e absoluto silencio. E agora depois de anos que foi resgatada, passando por tratamentos com diferentes especialistas e profissionais, recebendo ajuda do universo que chegou de diferentes formas e em diferentes frascos de palavras magicas eu sinto que consigo olhar para a luz do sol e me expressar de novo. E a primeira coisa que eu posso perceber e sentir como verdadeiro em mim é essa intensidade, profunda, latente e pulsante que existe em mim. Para tudo, e em tudo. 

    Não precisar me esforçar mais para ficar apática e indiferente, isso é algo que me faz bem. E poder apenas ser eu, me expressando sem medo ou culpa por ser quem eu sou, isso é o mais libertador de todo esse processo. Claro que existem e existirão momento que eu provavelmente vou questionar minha sanidade por estar agindo como eu sentir que devo agir e não como a regra social exige que seja  o correto. No entanto as regras sociais mudam, e as pessoas se adaptam a essas mudanças, o que não é natural e nem esta sendo adaptável é a necessidade que as pessoas estão tendo de impor regras sociais que fazem mal a elas mesmas e não fazem nada a não ser adoecer as pessoas que amamos. Eu não quero mais ser uma pessoa doente, e não quero minha filha doente para se encaixar em regras sociais que farão mal a ela. 

    Então sim, respeitar as regras sociais de boa convivência, (até porque o Coronavirus nos deu a vantagem de não precisarmos fazer muito isso), no entanto peço que me respeitem. Meu espaço, minhas expressões, minhas descobertas, meus sentimentos, minha vida, minha percepção. Se a sua é diferente, direito seu, se viveu a mesma situação e eu te citei e te ofendeu me desculpe, não foi proposital, foi meu ponto de vista. Dito isso, obrigada e gratidão.