quarta-feira, 26 de maio de 2021

Alhos e Bugalhos

     Resolvi atender a um pedido da minha intuição, colocar em palavras e escrever sobre um assunto que fica confuso quando tento declarar, mas que sinto com muita clareza na minha alma. Dentro de mim é muito transparente a forma como isso é real e faz parte do meu ser e do meu dia a dia, me faz única e ao mesmo tempo parte do mundo do jeito que ele é e me ajuda a entender mesmo as coisas ruins que acontecem comigo e com as pessoas a minha volta. Talvez justamente por ter esse entendimento eu não sinta de forma tão impactante as coisas ruins que acontecem e só perceba o impacto que elas tem quando falo sobre elas, ou quando elas já aconteceram; porque no momento que acontecem elas são apenas algo consequente daquele momento e eu não vejo como algo extraordinário a reação que tenho naquela momento.

    Não sei se vou conseguir definir nada com o texto de hoje, mais vou começar a delinear uma ideia para quem sabe algumas pessoas que vierem a ler esse blog comecem a perceber essa forma de pensar. como disse em um texto anterior estou pensando em divulgar meu blog, ainda não comecei, mais estou escrevendo como se já tivesse fazendo isso, e fica mais fácil escrever assim. Não imagino com que frequência vou conseguir publicar textos novos aqui, nem se isso vai acontecer com certa frequência, na verdade acredito que vá, tenho uma mente cheia de ideias que precisam ser organizadas e colocadas pra fora, nesse eterno dialogo comigo mesma que acontece quando estou na frente de um teclado, ou com uma caneta na mão.  O que estou tentando dizer é que eu sinto claramente o que eu sinto e sentimentos não são expressos com tanta transparência nem precisão em palavras faladas acompanhadas de expressões e portanto por escrito, acompanhados de pontuação, lido muitas vezes tendo essas pontuações desrespeitadas pode ficar muito confuso.

    Não estranhe se você não entender nada do que esta escrito nesse blog, ou se precisar ver alguns dos filmes citados aqui, porque eu usarei esse recurso a meu favor já que a indústria cinematográfica vem nos fazendo o favor de tentar suprir a imaginação, criando cenários, e personagens que na minha forma de ver nada mais são que a personificação de coisas de um coletivo de massa, que as pessoas não querem assumir terem povoando suas mentes ou a mente de seus filhos desde a mais tenra idade para poderem se encaixar no que a sociedade padronizou como aceitável para se viver em comunidade. Esquecendo de valores fundamentais e incutindo nas pessoas através do medo e do preconceito valores que não fazem parte da nossa natureza humana e contradizem com o que mais queremos uns dos outros: o amor.

    Quando criei esse blog em 2009, eu tinha essa ideia com a qual eu acordei hj, por isso ele tem esse nome no domínio; lovesecrets. Os segredos do amor. O blog era uma brincadeira que tinha a ideia divertida de trazer a luz do conhecimento que o amor é muito mais que sexo, pornografia e coisas sujas que as pessoas querem manter em segredo. Mas isso foi uma ideia que eu não tive forças de levar adiante. Simplesmente porque... achei meus primeiros textos publicados eram muito sensuais, e são poesias apaixonadas que fiz com sentimentos que fazem essa emoção vir a imaginação com muita força. Então eu não conseguia manter esse discurso, afinal eu estava passando por uma fase da minha vida onde eu vivia alguns conflitos pessoais e emocionais que me faziam ter essa necessidade de contato físico de forma muito mais intensa que eu vivo hoje. Talvez a maternidade tenha influenciado nisso, mas consigo ver com mais clareza essa mudança e diferença.

      Quatorze anos se passaram,  desde aquela época eu passei três anos frequentando um centro espirita Kardecista. Fiz o curso inicial deles até quase a conclusão, sem chegar a concluir, pois parei de frequentar o curso por algum motivo que hoje não me lembro. Antes de frequentar esse curso eu era autodidata e me considerava cristã. Depois desse curso a única coisa que mudou foi que me confirmei cristã, mas não me sentia ainda parte daquela religião, é algo muito pessoal. Eu sempre aceitei a reencarnação como um fato. A vida depois da morte outro fato e a existência de espíritos que permanecem ligados a terra por algum motivo, capazes ou não de se comunicarem, mas isso era algo que pra mim era um fato que as pessoas preferiam não acreditar, e outras resolveram demonizar e outras escolhiam ignorar. Nunca foi um problema. Mas eu tbm nunca me interesse em me comunicar com eles e sempre pedi educadamente que respeitassem minha privacidade. A ideia de ter alguém que podia atravessar paredes me observando no banho era engraçada e assustadora.

    No entanto estou escrevendo tudo isso pra mostrar que eu fiquei confusa por um tempo. Estudei por mais de 6 anos sozinha em casa, estudei o espiritismo de Alan Kardec, estudei Umbanda, E algumas outras religiões que eu encontrava livros na biblioteca municipal da cidade onde eu morava. E entre um livro de romance e outro eu pegava algum sobre religião pra me informar ou conhecer algo sobre uma ou outra religião que me despertou o interesse. Me convidaram pra conhecer igrejas, que fui e não me senti envolvida ao ponto de querer voltar. Me convidaram pra conhecer centros espiritas de mesa branca e outras linhas espirituais, incluindo casas de oração e não me sentia envolvida. Me fazia bem ir a esses lugares, mas não me envolvia. Era sempre uma coisa que eu só sei descrever como um bem estar que me fazia querer voltar pra casa. E quando meu marido na época me perguntava como foi eu respondia: foi legal, vc devia ir conhecer, talvez com vc eu sinta algo diferente. Mas nunca voltamos os dois em nenhum desses lugares.

    Houve uma festa, uma amiga minha candomblecista tinha feito sua iniciação e pediu autorização para convidar uma amiga para assistir e ir a festa de apresentação da filha dela de um ano. Eu claro aceitei, adorava essa amiga e não tínhamos nada que impedisse nossa amizade. E por mim até hoje não teríamos. Mas a vida tem dessas escolhas, acho que já falei sobre essas bifurcações da vida onde escolhemos um caminho e não adianta ficar pensando onde teria nos levado se tivéssemos escolhido ir pelo outro lado. Bom chegando a festa eu fui barrada na porta, o meu esposo pode entrar e levou o presente e chamou a minha amiga informando o problema que estava acontecendo e ela não foi até a porta pra me falar porque eu não poderia entrar. Simplesmente não me deixaram entrar. E quando procurei essa minha amiga eu não consegui falar com ela. A mãe dela me disse quando cheguei a casa dela que ela não poderia falar comigo porque o pai de santo dela deu a ela a ordem de proibição de falar comigo. E a mãe dela ainda complementou que esse era o meu pagamento por ter dito que ela como mãe devia aceitar as escolhas religiosas da filha, que agora era mãe solteira de pai desconhecido, e não podia falar com a única mulher que ainda aceitava ela como ela era: uma perdida.

     Nossa aquilo acabou comigo. Eu continuei indo a casa dela, mas agora já não ia pra falar com ela, mais pra confortar a mãe. Consegui conversar com a mãe e mostrar que não era a religião o problema, e que em todas as religiões existem pessoas ruins que abusam da fé das pessoas. Pouco tempo depois eu descobri pela mãe dela que eu fui barrada no terreiro no dia da apresentação da menina porque eu era muito branca. E brancos não entendiam o que se passava lá dentro. Eles não queriam julgamento e ela foi proibida de falar comigo porque não se podia misturar agua com óleo e por eu ser muito branca e não ter religião eu poderia fazer ela duvidar do que ele falasse ser o certo de acordo com as regras do terreiro. Claro que tudo isso só veio a ser do meu conhecimento anos depois quando essa minha amiga bateu na minha porto com a filha nos braços, uma menina linda mas muito maltratada, com seus 6 aninhos de idade me pedindo ajuda pra sair da cidade e ir pra junto dos parentes no Nordeste. A mãe faleceu tinha dois anos e ela estava passando necessidade com a filha porque tinha até vendido a casa de herança da mãe para pagar por trabalhos que o santo pedia para arrumar um marido e poder dar uma vida melhor pra filha e ja não via outra saida se não ir embora com a menina pra ela não morrer de fome.

    Ajudei, fiz o que pude, mas não sei se foi o melhor. Soube de outras mulheres depois que passaram por situações parecidas com esse mesmo Pai de Santo, que anos depois virou pastor evangélico de uma igreja perto da casa onde eu morava. E quando eu fui acompanhar uma tia minha que frequentava a igreja e vi ele ele ficou branco como papel; e posso dizer que vi vergonha em seus olhos. Mas não falei nada, e não falarei. Afinal esse é só mais um de muito com historias parecidas. Alguns mudam de verdade e se envergonham por realmente sentirem remorso pelos erros cometidos, outros por medo de terem seus erros expostos a toda uma comunidade que tenta enganar. Mas algo que eu sei é que ninguém é enganado, as pessoas se enganam porque escolhem ficar enganadas.

    Assim como ninguém é obrigado a nada, mas se coloca em situações onde as escolhas podem não ser muito favoráveis, como a que me encontro hoje em dia, mais fui eu que me coloquei nessa situação com todas as escolhas que fiz nas bifurcações que a vida me colocou antes de chegar até onde estou hoje. E a situação que o mundo vive hoje, com essa pandemia e escolhas politicas que levará países a falência econômica vai fazer a humanidade sofrer suas consequências por anos e anos. Vai trazer e já está trazendo retrocessos que podem nos fazer progredir de uma forma diferente no futuro como humanidade. Mas nesse momento o que vemos não me dá  muita esperança. Eu não posso dizer que estou em uma bifurcação onde tenho que fazer uma escolha impossível que me deixa vulnerável e muito suscetível. É dramático e mentiroso falar dessa forma, não é como eu vivo. Tenho uma vida boa, emocionalmente conturbada por todas as coisas que acontecem, mas boa. 

    Posso diferente de outras pessoas, dormir sabendo que amanha terei gás de cozinha pra fazer comido, luz pra assistir televisão e internet pra navegar e minha filha ver os desenhos dela. Comida também é algo que eu não posso reclamar que venha a ter falta aqui em casa, então eu simplesmente não tenho do que reclamar e escrevo dos meus sentimentos confusos e conturbados porque sinto que se não escrever sobre eles, eles podem se tornar um problema de saúde para mim o que pode ser um problema para família. De quebra escrever sobre isso me ajuda a entender algumas coisas sobre mim, e fazer descobertas sobre alguns mecanismos de auto sabotagem que carrego comigo que nem eu sabia que tinha ou fazia antes de escrever sobre o assunto.

    E digo isso falando do meu pequeno mundinho particular que envolv minha vida, minha familia de sangue direto, meus amigos mais proximos, os mis distantes as pessoas que convivo, e com o advento das redes sociais posso acrescentar a esse mundo algumas pessoas que estão nas minhas redes sociais que eventualmente fazem parte desse meu mundo, mas para falar desse meu mundo é uma coisa e eu preciso usar esse texto para esclarecer que quando converso comigo mesma ao escrever eu diferencio na minha cabeça esse mundinho particular que eu chamo de meu universo paralelo do mundo como um todo. e quando eu falo o mundo em geral eu estou me referindo as pessoas como um todo. Incluindo todas as pessoas em geral, e fazendo uma generalização porque se eu tiver que falar de pessoas específicas eu falarei da pessoa em si, porque eu sou assim.

    Eu gosto de ver as pessoas como universos particulares, que coexistem dentro desse mundo. è muito louco isso, e eu achava que essa minha loucura era completamente minha egoisticamente única e eu não tinha que dividir com ninguém. Mas minha filha que também me fez ver um novo universo, me levou para o universo dela e me fez coexistir naquele universo individual e único dela por poucos meses, mas que depois veio  a esse mundo e se expandiu e vem se expandindo e conquistando a cada dia mais espaço e sendo cada vez mais autentica me mostrou como é importante não guardar isso só pra mim.

    Eu não vou reescrever meu blog, deletar postagens antigas ou me envergonhar do que já fui, tudo faz parte de mim, tanto aqui no blog como nas minhas redes sociais. Vou me informar e tentar tomar precauções sobre direitos autorais principalmente para não infringir o direito e o espaço de ninguém ao escrever meus textos aqui, não quero plagiar ninguém, mais uma vez que vivendo em um mundo onde eu acredito que universos paralelos coexistem e interagem como pessoas podemos sim ter a coincidência de ideias e conjuntos de ideias que resultem em textos similares que podem parecer copias ou baseados em. Então meio que alimentando um ego de grandeza e sendo otimista ao extremo vou colocar algo parecido com aquele texto que se coloca nas aberturas de novelas sobre nomes e historias serem semelhantes com fatos reais serem mera coincidência ou algo do gênero. Mas acho que devo me informar primeiro antes de fazer esse tipo de coisa, só por precaução, afinal com esse negocio digital avançando cada vez mais, as leis estão mudando e ficando cada dia mais internacionais, e não quero confusão por nenhuma bobagem que eu possa deixar despercebida.

    Na verdade o mais difícil de escrever em um blog quando não se tem definido o tema do blog é justamente escolher um tema... porque eu comecei a escrever esse texto tem três dias e me lembro de ter  clara e definido o que eu queria dizer, mas não consegui colocar em palavras, porque nenhuma forma que escrevi me pareceu certa, e escrevi, reescrevi. Contei coisas da minha vida, como venho fazendo em vários textos, falei sobre planos e projetos. e voltei falando sobre origem e começo. Hoje por consequência de querer muito terminar esse texto e publicar e realmente começar a fazer uma divulgação do blog e colocar minhas palavras mais visíveis a outras pessoas, e portanto me abrir as opiniões alheias eu percebi duas coisas. A primeira é que eu estou mais segura sobre o que escrevo e as opiniões que tenho em alguns aspectos da minha vida. A segunda é que a experiência de vida e as coisas que eu passe me ensinaram que as coisas e pessoas podem mudar de opinião, de vida, de postura e de conduta de acordo com o que vivem e o que resolvem absorver de cada experiência que passam.

    Então resolvi concluir esse texto simplesmente dizendo que minha postura de fé inclui sim algumas coisas que outras pessoas podem encontrar em várias religiões, e eu ja me identifiquei com varias. Já frequentei centro espirita, e igreja evangélica. Sabe porque eu nunca criei vinculo e raiz dentro de nenhum desses lugares? Porque eu não me encaixava, e sentia que precisava me diminuir para encaixar em regras que eu sentia dentro de mim que não faziam parte do meu relacionamento com Deus. O conhecimento adquirido em cada experiência religiosa que tive me aproximou mais de Deus, me aproximou mais de mim, me trouxe mais conhecimento dos meus limites e do infinito particular que é o meu universo. Eu não sei se amanha vou estar dentro de algum centro religioso dizendo outra coisa, mas hoje estou dizendo que o Deus que governa o meu universo particular, o meu coração me diz e me guia por caminhos seguros e me da a força e a confiança para seguir em frente e força para vencer os meus obstáculos.

    Porque na verdade cada um tem suas lutas internas particulares e pessoais, porque a mente humana é um infinito de diálogos que vivemos tentando ou efetivamente silenciando para nos encaixarmos em regras e padrões criados a partir de culturas de exploração e subserviência. Pesado, acredito que sim, eu sinto esse peso. eu vivo dentro desse peso, sou esmagada por ele, e ainda luto contra isso quando digito meus textos aqui e publico. Porque eu luto com isso, tenho diálogos internos me policiando e me criticando sobre cada frase e contradizendo cada coisa que acabo muitas vezes construindo texto confusos e cheios de contradições e tento colocar algum sentido e fazer serem de alguma forma interessantes. Mas isso é pra ser uma conclusão, então vou concluir e escrevo mais no próximo texto que pode sair em algumas horas ou em alguns dias. Mas sei que sairá.