segunda-feira, 31 de maio de 2021

Me iluminou e pode te iluminar também

     Acordei com uma vontade muito deliciosa, há alguns meses eu acompanho essa pessoa deliciosa e os áudios dela me ajudaram a me reencontrar com minha verdade. Como escrevo em meus posts eu não sei colocar em palavras racionais, com um português perfeito o que pode ser entendido e compreendido pela razão mas com ela eu consegui aceitar que mesmo confuso está tudo bem. ouvir minha intuição e agir como sinto que tenho que agir esta me dando mais leveza no respirar, no olhar o sol nascer e acompanhar coisas simples do dia a dia sem ser sufocada e soterrada por todos os problemas que me cercam e me oprimem. 

    Eu ainda não sou iluminada, nem posso dizer que vivo na nova energia como a Ana descreve em seus podcasts, mas posso dizer que estou caminhando meu próprio percurso e parei de fazer retornos pela estrada. ainda fico parando na beira do caminho e olhando o que passei e me questionando, mas estou na duvida se faço isso para respirar , admirar ou me questionar para nao errar o que nem sei se estava errado. Então senti hoje caminhando e vendo o sol nascer que muitas pessoas poderiam ser beneficiadas com os podcasts da Ana como eu fui, mas algumas dessas pessoas não podem ouvir, por diferentes razões, e eu gosto de transcrever áudios. Somarei minha forma de absorver conhecimento com algo que me dá prazer, e pedi a própria Ana autorização para transcrever alguns áudios dela aqui em postagens do meu blog. Então é o que começarei a colocar aqui entre as minhas postagens de organização de sentimentos e emoções pessoais algumas transcrições com os áudios dos podcasts dessa pessoa maravilhosa que tem me ajudado muito nessa minha caminhada.

    Como digo nas minhas postagens, não seu como vou fazer a divulgação do meu blog, mas irei começar a divulgar, mas para começar quero definir conteúdo. e meu auto conhecimento é algo que eu quero incluir. E faz parte dessa minha busca estar nessa lista de transmissão do Telegram e receber os áudios, que descobri por "acidente" no spotify. me interessei e depois comecei a ir atrás dela nas redes sociais, e hoje acompanho. Posso dizer que hoje acompanho pela lista de transmissão, e colocarei as transcrições aqui de acordo com as publicações no Deezer pois é o streaming de musica que eu atualmente assino por vários motivos inclusive financeiros. 

    Mas nessa conversa interna que acontece na minha mente eu percebi que enquanto eu ficar planejando eu não consigo colocar nada em pratica e preciso parar de ficar planejando e começar a fazer.. Então vou fazer. O que está ao meu alcance, é isso, algo que eu gosto e sei que farei bem feito, transcrever os áudios que me ajudaram a mudar e me compreender, porque foram eles que me ajudaram a me sentir como eu sou. E tendo todos os conflitos que eu tenho, vivendo tudo que eu escrevo varias vezes aqui, eu sou grata sim por tudo e em tudo. Mas não é algo que se pode escrever, descrever ou explicar, apenas sentir. porque é uma sensação, e essa sensação eu só consegui ter certeza que existe e é pura, real, e perfeita ouvindo os áudios dela e conseguindo compreender ela independente de toda e qualquer motivação religiosa, social ou espiritual e juntando isso ao que sempre existiu dentro de mim e estava oprimido.

    Claro que sendo eu, farei as transcrições, e cada uma delas colocarei o link para o áudio dela no final da postagem, e será uma postagem de transcrição pura e simplesmente. Quero com isso permitir que essas postagens sejam também usadas pela própria Ana no blog dela. Assim ajudando na divulgação do meu blog. Porque eu sou sim mais uma no caminho da descoberta das próprias capacidades humanas na condição de anjo. Ou de anjo na condição humana, com isso acrescento permita-se ler e reler, ouvir se possível, e seguir a Ana, se presentear com o livro dela, e as mentorias que ela oferece e outros produtos que ela tem. Ela tem pagina no Instagram @anapaulabarros.oficial e lá você encontra as informações sobre ela e todos os produtos e mentorias dela.

    Então relendo e agora editando essa postagem eu precisei acrescentar uma figura que me vem a mente sempre que penso em como estou caminhando nesse mundo mágico que descobri dentro de mim mesma. Estou tipo Alice no mundo Mágico de OZ, mais eu não assisti as grandes produçoes recentes de cinema, e faz muitos anos que li o livro. Acho que precisarei me atualiza, mas lembro de alguns personagens e algumas coisas que me fazem rir e me diverte pensar nelas. Eu gosto de pensar no meu mundo particular com algo magico, não o de Oz, mais o da Gi. Meu mundo magico. Então minha estradinha tem tijolinhos amarelos e ela se assemelha a mesma do mundo magico de Oz e vou citar em outras postagens; porque adoro o poder que existe em se comparar algo que ficaria apenas no imaginário com algo comum e depois trazer para o meu mundo. Porque como a Ana fala o mundo é um reflexo e uma criação minha, e eu posso criar como eu quiser, e posso sim me divertir com isso, basta escolher. Portanto eu escolho e assim eu farei. 

Podcasts: Você realmente se permite ser amado?


Bom dia meus amores;

Eu estava ouvindo aqui uma mensagem no meu café da manha, uma mensagem do Kyron, e ele falava assim, me tocou bastante essa mensagem; que o caminho mais curto pra iluminação é a nossa capacidade pra gente ser amado. E ai eu me senti levando uma surra muito grande aqui. Estou passando alguns dias de days off tunder, dias de trovão, de eu encarar varias das minhas sombras, de reintegrar varias das minhas partes, e isso faz parte do nosso processo. Se você está aqui comigo isso vai fazer parte ou já faz do seu também.

E ai fica a reflexão, o quanto eu estou me permitindo ser amado, ser amada pelo universo? Por tudo que me cerca, pelas pessoas com quem eu convivo? Pelas pessoas com quem eu trabalho? Por essa realidade? pelas coisas que eu já tenho? Por tudo que eu já fiz? Por tudo que eu já sou? Como é que está isso amores? Como você está nesse quesito? 

E o meu mentor o Adamo São Germanio sempre fala né, que a gente tem uma capacidade minúscula de se permitir receber. O que ele chama de Graça. Graça é quando a gente se permite receber. Eu acho que na conta dele, eu não me lembro quanto que ele fala, mais é tipo menos de 1%  0,2 %. A gente é bom, a gente como humano e bom em 0,2% em se permitir receber as bênçãos os milagres, as graças do universo. Como é que você tá? Está se permitindo receber?

Quando alguém te manda uma mensagem você recebe de coração aberto? Quando alguém quer te dar um abraço, quando alguém te faz um convite? E até quando alguém te faz alguma coisa que a gente carimba como ruim. O meu, meu outro anjo, Ai meu Deus, minha vida está bem mística né. Ele falava do falso negativo, a gente já conversou sobre isso aqui. Que num primeiro momento as coisas que parecem ruins, logo se a gente tiver confiança e paciência, e olhar com as lentes do amor a gente vai ver que aquilo era sensacional e ia trazer algo muito maior e melhor pra gente logo ali adiante. Era só a gente esperar um pouquinho e se abrir com a nossa sabedoria. Né, com o nosso mestre.

Não com os olhos do humano, porque o humano ele enxerga muito curto, a visão humana ela é muito restrita, os nossos sentidos humanos são muito restritos e nos prendem aqui né nesses cinco sentidos. Então como é que está a sua capacidade , sua permissão, sua aceitação para ser amado? Para ser amada? Para receber? Para ser cuidado ou cuidada? Como é que tá isso hein? 

Você está se permitindo? Esta se permitindo a leveza? Está se permitindo a diversão? Está se permitindo entregar as preocupações para essa força maior, que eu não sei como você chama talvez seja universo, criador, Deus, Jesus, Alá, não importa, você esta se permitindo se concentrar em se fazer feliz enquanto uma força maior faz todos esses movimentos que não cabem a nós fazermos? De respirar, do nosso corpo estar em ordem, fazem todas as trocas gasosas, das enzimas, das vitaminas da digestão da absorção, a gente sempre fala disso aqui né. 

Como é que você tá? Tá conseguindo entregar ou ta falando não não Deus me dá aqui, dá que eu resolvo, que eu sou o bonzão ou boazuda aqui, e muitas vezes eu faço isso. E essa mensagem lógico  que é pra mim. Então bateu forte aqui no meu café, eu estou colorindo os meus dias na medido do possível e tá tudo bem. Então não se preocupem, e faz parte do processo, todo dia tem dia e noite, Todo ano tem as quatro estações, as flores elas florescem, depois elas secam, e elas germinam de novo. Enfim é um processo , é da natureza da gente. Não tem nada errado, não tem nada feio, não tem nada feio não tem nada complicado com isso. Nem preocupante. aliás a pre-ocupação é uma grande perda de tempo, né.

E a gente estava falando outro dia da dor e do sofrimento., né, O que, que é a dor? Quando algo acontece comigo que me machuca. Acontece, sim acontece, o humano se machuca. E isso a gente sente. è um dos nossos sentidos. Mas o que que é o sofrimento? è quando eu fico projetando toda hora aquele momento da dor na minha cabeça. Ana você faz isso? Faço amores, eu também faço isso. Estou num processo de expurgo disso, de reintegração disso. O que que é reintegração? É quando eu ilumino essa sombra. Quando eu abraço esse fantasma. E ele deixa de ser um fantasma pra mim. Ele passa a ser um fantasminha camarada. Quem ai lembra do Gasparzinho?

Então sofrimento é isso, sofrimento é quando eu pego algo que me machucou em um dado momento e pra me chamar atenção, pra me lembrar de alguma coisa, e ai aquela situação que me machucou uma vez, eu pego aquele mesmo dado, aquela mesma frase, aquela mesma situação e fico projetando em um ciclo infinito na minha cabeça, o o pensar consciente ai, e ai eu começo a me machucar sozinha com aquela coisa muitas, muitas, muitas, infinitas vezes. Também faço isso. Tá tudo bem, Não é o ideal lógico, a gente fazer isso, mas faz parte do nosso processo. E ai a gente começa a desprogramar isso. Né

E essa é uma força muito forte da consciência de massa, que é o sofrimento e ele não serve pra nada, ele não serve pra evitar que a gente cometa entre aspas novos erros, que a gente faça isso de novo, ele não serve pra nada, só serve pra machucar mesmo e pra deixar a gente ali  numa frequência em que a gente entrega o poder pro outro, entrega o poder pro sofrimento entrega o nosso poder a nossa luz o nosso brilho pra esse caminho do medo. 

No caminho do amor como funciona? A gente observa o que aconteceu, acredita que é um falso negativo, bola pra frente e continua caminhando. Na confiança de que esta tudo bem e de que eu sou amada. ou amado, e que isso aconteceu pra mim exatamente porque eu sou amado e amada, pra eu me lembrar de alguma coisa de me amar mais, de me dar as coisas que eu estou esperando que alguém lá fora me dê. Que me lembre que eu sou Deus em ação. Que eu crio a minha realidade e que a minha vibração atrai aquilo que eu estou vivendo agora. 

Então veja como essa mensagem chega ai, reflita, se quiser mandar algum comentário fica a vontade, e a gente se vê no próximo áudio, eu sou Ana Paula Barros é um prazer te servir lembrando de quem você é para que você possa se amar muito e transborde esse amor fazendo o que você quiser na vida, no trabalho, ou num servir que encha a sua vida de ainda mais alegria. Me visita lá no meu site anapaulabarrosoficial.com.br e a gente se vê em breve. Beijo grande faça um dia bem feliz pra você.

Podcast postado no Deezer em 13.12.2019

Você realmente se permite ser amado?

quarta-feira, 26 de maio de 2021

Alhos e Bugalhos

     Resolvi atender a um pedido da minha intuição, colocar em palavras e escrever sobre um assunto que fica confuso quando tento declarar, mas que sinto com muita clareza na minha alma. Dentro de mim é muito transparente a forma como isso é real e faz parte do meu ser e do meu dia a dia, me faz única e ao mesmo tempo parte do mundo do jeito que ele é e me ajuda a entender mesmo as coisas ruins que acontecem comigo e com as pessoas a minha volta. Talvez justamente por ter esse entendimento eu não sinta de forma tão impactante as coisas ruins que acontecem e só perceba o impacto que elas tem quando falo sobre elas, ou quando elas já aconteceram; porque no momento que acontecem elas são apenas algo consequente daquele momento e eu não vejo como algo extraordinário a reação que tenho naquela momento.

    Não sei se vou conseguir definir nada com o texto de hoje, mais vou começar a delinear uma ideia para quem sabe algumas pessoas que vierem a ler esse blog comecem a perceber essa forma de pensar. como disse em um texto anterior estou pensando em divulgar meu blog, ainda não comecei, mais estou escrevendo como se já tivesse fazendo isso, e fica mais fácil escrever assim. Não imagino com que frequência vou conseguir publicar textos novos aqui, nem se isso vai acontecer com certa frequência, na verdade acredito que vá, tenho uma mente cheia de ideias que precisam ser organizadas e colocadas pra fora, nesse eterno dialogo comigo mesma que acontece quando estou na frente de um teclado, ou com uma caneta na mão.  O que estou tentando dizer é que eu sinto claramente o que eu sinto e sentimentos não são expressos com tanta transparência nem precisão em palavras faladas acompanhadas de expressões e portanto por escrito, acompanhados de pontuação, lido muitas vezes tendo essas pontuações desrespeitadas pode ficar muito confuso.

    Não estranhe se você não entender nada do que esta escrito nesse blog, ou se precisar ver alguns dos filmes citados aqui, porque eu usarei esse recurso a meu favor já que a indústria cinematográfica vem nos fazendo o favor de tentar suprir a imaginação, criando cenários, e personagens que na minha forma de ver nada mais são que a personificação de coisas de um coletivo de massa, que as pessoas não querem assumir terem povoando suas mentes ou a mente de seus filhos desde a mais tenra idade para poderem se encaixar no que a sociedade padronizou como aceitável para se viver em comunidade. Esquecendo de valores fundamentais e incutindo nas pessoas através do medo e do preconceito valores que não fazem parte da nossa natureza humana e contradizem com o que mais queremos uns dos outros: o amor.

    Quando criei esse blog em 2009, eu tinha essa ideia com a qual eu acordei hj, por isso ele tem esse nome no domínio; lovesecrets. Os segredos do amor. O blog era uma brincadeira que tinha a ideia divertida de trazer a luz do conhecimento que o amor é muito mais que sexo, pornografia e coisas sujas que as pessoas querem manter em segredo. Mas isso foi uma ideia que eu não tive forças de levar adiante. Simplesmente porque... achei meus primeiros textos publicados eram muito sensuais, e são poesias apaixonadas que fiz com sentimentos que fazem essa emoção vir a imaginação com muita força. Então eu não conseguia manter esse discurso, afinal eu estava passando por uma fase da minha vida onde eu vivia alguns conflitos pessoais e emocionais que me faziam ter essa necessidade de contato físico de forma muito mais intensa que eu vivo hoje. Talvez a maternidade tenha influenciado nisso, mas consigo ver com mais clareza essa mudança e diferença.

      Quatorze anos se passaram,  desde aquela época eu passei três anos frequentando um centro espirita Kardecista. Fiz o curso inicial deles até quase a conclusão, sem chegar a concluir, pois parei de frequentar o curso por algum motivo que hoje não me lembro. Antes de frequentar esse curso eu era autodidata e me considerava cristã. Depois desse curso a única coisa que mudou foi que me confirmei cristã, mas não me sentia ainda parte daquela religião, é algo muito pessoal. Eu sempre aceitei a reencarnação como um fato. A vida depois da morte outro fato e a existência de espíritos que permanecem ligados a terra por algum motivo, capazes ou não de se comunicarem, mas isso era algo que pra mim era um fato que as pessoas preferiam não acreditar, e outras resolveram demonizar e outras escolhiam ignorar. Nunca foi um problema. Mas eu tbm nunca me interesse em me comunicar com eles e sempre pedi educadamente que respeitassem minha privacidade. A ideia de ter alguém que podia atravessar paredes me observando no banho era engraçada e assustadora.

    No entanto estou escrevendo tudo isso pra mostrar que eu fiquei confusa por um tempo. Estudei por mais de 6 anos sozinha em casa, estudei o espiritismo de Alan Kardec, estudei Umbanda, E algumas outras religiões que eu encontrava livros na biblioteca municipal da cidade onde eu morava. E entre um livro de romance e outro eu pegava algum sobre religião pra me informar ou conhecer algo sobre uma ou outra religião que me despertou o interesse. Me convidaram pra conhecer igrejas, que fui e não me senti envolvida ao ponto de querer voltar. Me convidaram pra conhecer centros espiritas de mesa branca e outras linhas espirituais, incluindo casas de oração e não me sentia envolvida. Me fazia bem ir a esses lugares, mas não me envolvia. Era sempre uma coisa que eu só sei descrever como um bem estar que me fazia querer voltar pra casa. E quando meu marido na época me perguntava como foi eu respondia: foi legal, vc devia ir conhecer, talvez com vc eu sinta algo diferente. Mas nunca voltamos os dois em nenhum desses lugares.

    Houve uma festa, uma amiga minha candomblecista tinha feito sua iniciação e pediu autorização para convidar uma amiga para assistir e ir a festa de apresentação da filha dela de um ano. Eu claro aceitei, adorava essa amiga e não tínhamos nada que impedisse nossa amizade. E por mim até hoje não teríamos. Mas a vida tem dessas escolhas, acho que já falei sobre essas bifurcações da vida onde escolhemos um caminho e não adianta ficar pensando onde teria nos levado se tivéssemos escolhido ir pelo outro lado. Bom chegando a festa eu fui barrada na porta, o meu esposo pode entrar e levou o presente e chamou a minha amiga informando o problema que estava acontecendo e ela não foi até a porta pra me falar porque eu não poderia entrar. Simplesmente não me deixaram entrar. E quando procurei essa minha amiga eu não consegui falar com ela. A mãe dela me disse quando cheguei a casa dela que ela não poderia falar comigo porque o pai de santo dela deu a ela a ordem de proibição de falar comigo. E a mãe dela ainda complementou que esse era o meu pagamento por ter dito que ela como mãe devia aceitar as escolhas religiosas da filha, que agora era mãe solteira de pai desconhecido, e não podia falar com a única mulher que ainda aceitava ela como ela era: uma perdida.

     Nossa aquilo acabou comigo. Eu continuei indo a casa dela, mas agora já não ia pra falar com ela, mais pra confortar a mãe. Consegui conversar com a mãe e mostrar que não era a religião o problema, e que em todas as religiões existem pessoas ruins que abusam da fé das pessoas. Pouco tempo depois eu descobri pela mãe dela que eu fui barrada no terreiro no dia da apresentação da menina porque eu era muito branca. E brancos não entendiam o que se passava lá dentro. Eles não queriam julgamento e ela foi proibida de falar comigo porque não se podia misturar agua com óleo e por eu ser muito branca e não ter religião eu poderia fazer ela duvidar do que ele falasse ser o certo de acordo com as regras do terreiro. Claro que tudo isso só veio a ser do meu conhecimento anos depois quando essa minha amiga bateu na minha porto com a filha nos braços, uma menina linda mas muito maltratada, com seus 6 aninhos de idade me pedindo ajuda pra sair da cidade e ir pra junto dos parentes no Nordeste. A mãe faleceu tinha dois anos e ela estava passando necessidade com a filha porque tinha até vendido a casa de herança da mãe para pagar por trabalhos que o santo pedia para arrumar um marido e poder dar uma vida melhor pra filha e ja não via outra saida se não ir embora com a menina pra ela não morrer de fome.

    Ajudei, fiz o que pude, mas não sei se foi o melhor. Soube de outras mulheres depois que passaram por situações parecidas com esse mesmo Pai de Santo, que anos depois virou pastor evangélico de uma igreja perto da casa onde eu morava. E quando eu fui acompanhar uma tia minha que frequentava a igreja e vi ele ele ficou branco como papel; e posso dizer que vi vergonha em seus olhos. Mas não falei nada, e não falarei. Afinal esse é só mais um de muito com historias parecidas. Alguns mudam de verdade e se envergonham por realmente sentirem remorso pelos erros cometidos, outros por medo de terem seus erros expostos a toda uma comunidade que tenta enganar. Mas algo que eu sei é que ninguém é enganado, as pessoas se enganam porque escolhem ficar enganadas.

    Assim como ninguém é obrigado a nada, mas se coloca em situações onde as escolhas podem não ser muito favoráveis, como a que me encontro hoje em dia, mais fui eu que me coloquei nessa situação com todas as escolhas que fiz nas bifurcações que a vida me colocou antes de chegar até onde estou hoje. E a situação que o mundo vive hoje, com essa pandemia e escolhas politicas que levará países a falência econômica vai fazer a humanidade sofrer suas consequências por anos e anos. Vai trazer e já está trazendo retrocessos que podem nos fazer progredir de uma forma diferente no futuro como humanidade. Mas nesse momento o que vemos não me dá  muita esperança. Eu não posso dizer que estou em uma bifurcação onde tenho que fazer uma escolha impossível que me deixa vulnerável e muito suscetível. É dramático e mentiroso falar dessa forma, não é como eu vivo. Tenho uma vida boa, emocionalmente conturbada por todas as coisas que acontecem, mas boa. 

    Posso diferente de outras pessoas, dormir sabendo que amanha terei gás de cozinha pra fazer comido, luz pra assistir televisão e internet pra navegar e minha filha ver os desenhos dela. Comida também é algo que eu não posso reclamar que venha a ter falta aqui em casa, então eu simplesmente não tenho do que reclamar e escrevo dos meus sentimentos confusos e conturbados porque sinto que se não escrever sobre eles, eles podem se tornar um problema de saúde para mim o que pode ser um problema para família. De quebra escrever sobre isso me ajuda a entender algumas coisas sobre mim, e fazer descobertas sobre alguns mecanismos de auto sabotagem que carrego comigo que nem eu sabia que tinha ou fazia antes de escrever sobre o assunto.

    E digo isso falando do meu pequeno mundinho particular que envolv minha vida, minha familia de sangue direto, meus amigos mais proximos, os mis distantes as pessoas que convivo, e com o advento das redes sociais posso acrescentar a esse mundo algumas pessoas que estão nas minhas redes sociais que eventualmente fazem parte desse meu mundo, mas para falar desse meu mundo é uma coisa e eu preciso usar esse texto para esclarecer que quando converso comigo mesma ao escrever eu diferencio na minha cabeça esse mundinho particular que eu chamo de meu universo paralelo do mundo como um todo. e quando eu falo o mundo em geral eu estou me referindo as pessoas como um todo. Incluindo todas as pessoas em geral, e fazendo uma generalização porque se eu tiver que falar de pessoas específicas eu falarei da pessoa em si, porque eu sou assim.

    Eu gosto de ver as pessoas como universos particulares, que coexistem dentro desse mundo. è muito louco isso, e eu achava que essa minha loucura era completamente minha egoisticamente única e eu não tinha que dividir com ninguém. Mas minha filha que também me fez ver um novo universo, me levou para o universo dela e me fez coexistir naquele universo individual e único dela por poucos meses, mas que depois veio  a esse mundo e se expandiu e vem se expandindo e conquistando a cada dia mais espaço e sendo cada vez mais autentica me mostrou como é importante não guardar isso só pra mim.

    Eu não vou reescrever meu blog, deletar postagens antigas ou me envergonhar do que já fui, tudo faz parte de mim, tanto aqui no blog como nas minhas redes sociais. Vou me informar e tentar tomar precauções sobre direitos autorais principalmente para não infringir o direito e o espaço de ninguém ao escrever meus textos aqui, não quero plagiar ninguém, mais uma vez que vivendo em um mundo onde eu acredito que universos paralelos coexistem e interagem como pessoas podemos sim ter a coincidência de ideias e conjuntos de ideias que resultem em textos similares que podem parecer copias ou baseados em. Então meio que alimentando um ego de grandeza e sendo otimista ao extremo vou colocar algo parecido com aquele texto que se coloca nas aberturas de novelas sobre nomes e historias serem semelhantes com fatos reais serem mera coincidência ou algo do gênero. Mas acho que devo me informar primeiro antes de fazer esse tipo de coisa, só por precaução, afinal com esse negocio digital avançando cada vez mais, as leis estão mudando e ficando cada dia mais internacionais, e não quero confusão por nenhuma bobagem que eu possa deixar despercebida.

    Na verdade o mais difícil de escrever em um blog quando não se tem definido o tema do blog é justamente escolher um tema... porque eu comecei a escrever esse texto tem três dias e me lembro de ter  clara e definido o que eu queria dizer, mas não consegui colocar em palavras, porque nenhuma forma que escrevi me pareceu certa, e escrevi, reescrevi. Contei coisas da minha vida, como venho fazendo em vários textos, falei sobre planos e projetos. e voltei falando sobre origem e começo. Hoje por consequência de querer muito terminar esse texto e publicar e realmente começar a fazer uma divulgação do blog e colocar minhas palavras mais visíveis a outras pessoas, e portanto me abrir as opiniões alheias eu percebi duas coisas. A primeira é que eu estou mais segura sobre o que escrevo e as opiniões que tenho em alguns aspectos da minha vida. A segunda é que a experiência de vida e as coisas que eu passe me ensinaram que as coisas e pessoas podem mudar de opinião, de vida, de postura e de conduta de acordo com o que vivem e o que resolvem absorver de cada experiência que passam.

    Então resolvi concluir esse texto simplesmente dizendo que minha postura de fé inclui sim algumas coisas que outras pessoas podem encontrar em várias religiões, e eu ja me identifiquei com varias. Já frequentei centro espirita, e igreja evangélica. Sabe porque eu nunca criei vinculo e raiz dentro de nenhum desses lugares? Porque eu não me encaixava, e sentia que precisava me diminuir para encaixar em regras que eu sentia dentro de mim que não faziam parte do meu relacionamento com Deus. O conhecimento adquirido em cada experiência religiosa que tive me aproximou mais de Deus, me aproximou mais de mim, me trouxe mais conhecimento dos meus limites e do infinito particular que é o meu universo. Eu não sei se amanha vou estar dentro de algum centro religioso dizendo outra coisa, mas hoje estou dizendo que o Deus que governa o meu universo particular, o meu coração me diz e me guia por caminhos seguros e me da a força e a confiança para seguir em frente e força para vencer os meus obstáculos.

    Porque na verdade cada um tem suas lutas internas particulares e pessoais, porque a mente humana é um infinito de diálogos que vivemos tentando ou efetivamente silenciando para nos encaixarmos em regras e padrões criados a partir de culturas de exploração e subserviência. Pesado, acredito que sim, eu sinto esse peso. eu vivo dentro desse peso, sou esmagada por ele, e ainda luto contra isso quando digito meus textos aqui e publico. Porque eu luto com isso, tenho diálogos internos me policiando e me criticando sobre cada frase e contradizendo cada coisa que acabo muitas vezes construindo texto confusos e cheios de contradições e tento colocar algum sentido e fazer serem de alguma forma interessantes. Mas isso é pra ser uma conclusão, então vou concluir e escrevo mais no próximo texto que pode sair em algumas horas ou em alguns dias. Mas sei que sairá.

sexta-feira, 21 de maio de 2021

Hoje eu me senti com vontade de escrever sobre isso e aquilo

     Eu preciso ficar me lembrando o tempo todo que minha filha só tem 4 anos e não é responsável por nada do que esta acontecendo comigo. Pelo contrario, ela é a única coisa boa em meio a tantas emoções ruins sufocantes que me tiram o brilho dos olhos e a vontade de viver. E é no sorriso dela e no olhar amoroso dela que encontro motivo e estimulo pra continuar. Então não posso, não quero e não vou sufocar ela com minhas dores e meus traumas e medos. Eu preciso arrumar uma forma de proteger ela dessa turbulência emocional que me atormenta e me deixa em desequilíbrio. Hoje foi dia de terapia, e meu terapeuta me disse algo que preciso transformar em mantra, eu não estou vivendo essa situação porque escolhi; mas por uma necessidade e essa necessidade é algo que envolve algo de muito precioso pra mim. e por isso eu tenho que suportar, sim como se fosse uma alcoólatra vivendo em abstinência, um dia de cada vez.

    Acho que se eu encarar dessa forma posso encontrar mais um pouco de forças. Sempre fui forte. Apesar de ser difícil acreditar nos elogios que recebo e na minha própria força, eu sei que sou forte, escrever sobre minha historia me faz perceber cada vez e a cada episodio que sim eu sou uma pessoa forte. Eu batalho minhas lutas, não para ser reconhecida mas para chegar do outro lado, mesmo que eu acredite que não faço isso por mim mesma, eu sei que faço pelas pessoas que eu amo. Eu ainda não consigo responder a pergunta de porque eu não me sinto digna de fazer o mesmo esforço por mim mesma. Acho que o amor proprio vai surgir com a resposta.

    Eu não desgosto mais de mim como antigamente. lembro que antes de todas essas descobertas sobre minhas emoções e sentimentos eu não me importava com muita coisa, ou melhor escrevendo eu dizia que não me importava, quando na verdade eu me importava ao ponto de fazer coisas que eu sabia que iam chocar e provocar reações nas pessoas. Reações de repulsa e muitas vezes de escarnio. Eu mesma procurava escandalizar com minhas atitudes para afastar as pessoas porque era mais fácil manter elas longe a permitir que se aproximassem e percebesse como eu era frágil. Era uma casca dura, e como diziam um osso duro de roer. Mas tinham alguns cachorros que se aventuravam, tanto que eu tinha relações cordiais com algumas pessoas. Os semelhantes se atraem.

    Sabe aquele ditado me diga com quem anda que te direi quem és? Eu sempre me perguntei porque ele existia se as pessoas nunca eram o que aparentavam ser e nunca andavam com quem elas deviam realmente andar. Acho que o fato de eu ser como eu era e saber que o que eu fazia era uma forma de me esconder e evitar que as pessoas me vissem como eu era me dava uma vantagem sobre quem tentava fazer a mesma coisa. E eu sempre fui uma boa observadora do comportamento humano. Talvez o que eu passei e as coisas que ouvi e tive que engolir calada me fizeram perceber muito jovem algumas coisas que no jogo social as pessoas só aprendem depois da vida de casado como se falava antigamente.

    E quando uso essa expressão não me refiro ao sexo, me refiro ao jogo social de intrigas, de falsidade, de interesse e status quo como se fala nas rodas sociais de quem acha que tem grana ou quem aspira a ter gana e fazer parte desse seleto grupo social. Pelo menos aqui no Brasil. Não sei ai fora. Eu sempre gostei de ler, e estudei algumas coisas de historia social principalmente sobre costumes de outras épocas porque é um assunto que sempre me encantou sobre maneira. Nunca me aprofundei nisso porque , sei lá, acho que como muitas coisas acabei deixando de lado porque ser criticada e escolher acreditar na critica e me deixar levar por ela ao poço da descrença em mim mesma.

    A verdade é que se o ditado fosse real ou tivesse verdade no que diz ele não permitiria tantos enganos e não seriamos tão facilmente enganados e ludibriados em massa como somos ou queremos ser. E usamos frases feitas como esse ditado para justificar quando alguma coisa vira escândalo e fingimos estar escandalizados com a situação. Um assunto atual que esta em destaque nas redes sociais, a morte de um MC de uma queda do 5° andar de um hotel depois de participar de uma suposta festinha e tentar passar pela janela entre as varandas dos dois quartos desse hotel para enganar a esposa que batia a porta do quarto. 

    Fatos apurados pela policia, não vi divulgação oficial ainda sendo comunicada pela imprensa sobre o assunto que fale algo além do fato de que ele morreu da queda e os fatos estão sendo apurados. Toda a polemica, discussão sobre infidelidade, traição se houve ou não, companhia, amizades boas ou ruins, cabeça e imaturidade, e etc. Especulação. Como se diz por muitos, bla, bla, bla. e enquanto se fala disso, se para de falar de coisas que deveria ser muito mais relevantes e mexem diretamente com a segurança de todos nós. O estado poder executar 27 pessoas dentro de uma comunidade e chamar a todos de bandidos  mortos em uma ação policial por morarem em uma comunidade é defendido por muitos, mas encontrarem 127 fuzis em uma casa dentro de um condomínio de luxo em um bairro nobre é uma apreensão que não resultou em nenhum ferido ou morto. Mas claro a distribuição de renda per capta no Brasil é justa e igualitária e podemos ficar divulgando e nos preocupando com a moral da viúva que pode  ser viúva de um cara que pode ou não ter traído a esposa que a própria mãe diz que não é esposa  (estou citando títulos de matérias que passei rapidamente nas minhas redes sociais mais nao entrei pra ler) ... Esse é o brasil que estou vivendo.

    Não me espanta que eu não tenha leitores no meu blog, não me assusta que ninguém venha aqui e comente nas minhas postagens porque eu escrevo conversando comigo mesma e discutindo comigo porque eu preciso colocar para fora todo esse dialogo interno que acontece na minha cabeça, afinal de contas não encontro pessoas com quem eu possa conversar já faz mais de um ano por causa desse maldito Covid. Moro dentro da casa dos meus pais e não tenho condições de morar em uma casa minha e da minha filha para poder ter uma reunião via Skype com minhas amigas e falar dessas coisas e rir e ficar a vontade falando desses assuntos ou de outros que podem ou não ter a ver porque não sinto que eu tenha privacidade pra isso aqui dentro. E antes eu pensava nossa eu bem que podia fazer desse blog um sucesso estrondoso e viralizar nas redes sociais. Mas acho que não sou do tipo que viraliza.

    Estou mais para o tipo que conversa sozinha e consegue por algum motivo talvez psiquiátrico colocar esses diálogos em forma de textos e sem nenhum pudor coloca isso em rede como um blog pessoal. E por algum motivo estou querendo começar a divulgar esse blog no face e no Instagram. Talvez começar a escrever os textos que tenho realmente vontade de escrever quando vejo uma imagem e me vem a inspiração de escrever algo sobre aquela frase que eu li ou sobre aquela imagem que eu vi. Uma matéria que me desperta emoções e revoltas que me deixam muito chateada como algumas que li na semana da chacina no Jacarezinho e logo em seguida a outra na creche no Sul do país. Não porque alguém se importe com a minha opinião, mas vejo tantas pessoas ganhando dinheiro com coisas tão simples e que fazem por diversão, porque não posso tentar fazer algo que gosto e me divertir, ja que ganhar dinheiro com isso é algo que eu não sei realmente como fazer e duvido que vá ter qualquer paciência de fazer um curso pra aprender sobre isso.

    Talvez o que me falte seja isso, algo que me divirta, me ajude a extravasar minhas emoções independente do resultado, e porque não usar as redes sociais? Assim eu evito sobrecarregar minha preciosa com minhas neuras, coloco pra fora meus demônios e de quebra se alguma coisa funcionar consigo conhecer pessoas interessantes com quem posso trocar ideias inteligentes sobre o aquecimento global, a politica de vacinação ou a temperatura do núcleo da terra. Porque estou ficando com medo de os alienígenas estarem abduzindo as pessoas que conseguem somar inteligência com empatia e emoção e eu ter sido deixada para trás. Vai saber se o tal dia do juízo final veio e quem tinha que ir já fiu e só ficamos nós tentando agora sobreviver a primeira peste! 

    Brincadeiras a parte, eu preciso reencontrar meu centro, reestabelecer meu equilíbrio e voltar a ter meus momentos de paz com minha filha e nosso cachorro. Estou sentindo que preciso me reconectar com ela, precisamos disso. O turbilhão emocional que estou vivendo está me tirando do prumo, mais não posso permitir que me tire a única coisa que eu consigo acreditar que sei fazer e faço bem feito que independente das criticas eu sei que sou muito boa que é ser mãe, e não é de qualquer criança, é da minha filha, a criança que escolheu ser gerada no meu útero e passar por todas as provações comigo e esta do meu lado independente de qualquer outra coisa. Então eu sei que não importa o mundo aqui fora, o que existe entre eu e ela é o mais puro e evidente sentimento de amor, e esse é todo o remédio que minha alma cansada precisa. Independente de hora ou lugar, só de estar com ela eu ja sei que tudo vai ficar bem.

quinta-feira, 20 de maio de 2021

Mais um dia de lembranças e desabafos... Organizando pensamentos desconexos...

    Existem momentos da vida em que você já estudou tanto sobre suas próprias emoções e já se conhece de uma forma tão profunda que percebe quando cada célula do corpo te pede pra sair de perto de alguém para evitar uma tragédia mas as circunstancias práticas e lógicas não permitem a distancia necessária e a única distancia que é possível conseguir parece ser insuficiente. Estou vivendo um momento desses. Dividida entre o amor que eu sinto por alguém e o amor que aprendi a ter por mim mesma. Na verdade eu não estou dividida, eu estou travada financeiramente por causa da impossibilidade de trabalhar com o que eu escolhi fazer para recomeçar minha vida aqui , já que antes de fazer essa escolha eu não estava conseguindo nenhum outro emprego de carteira assinada que me pagasse um salário que me permitisse uma mínima independência financeira.

    Escrevo esse post com uma decepção e uma frustração tão grande que não sei se vai ter algum sentido depois que eu terminar de escrever, mas irei postar. Tem umas duas ou três semanas que resolvi voltar a escrever aqui. Bom, resolvi, mas não escrevi. Assim como resolvi em outras oportunidades e desisti por vários motivos. Porque no final talvez o meu problema seja justamente acreditar na minha incompetência e ficar tentando provar pra mim que não sou algo que na verdade... eu não sei porque eu preciso provar alguma coisa para mim ou para qualquer pessoa. Cresci com muitas vantagens, fui privilegiada, tive muitas coisas que muitas pessoas acham que trazem felicidade das pessoas; mas de tudo que tive o que me faz mais feliz e poder escrever sobre tudo isso. Algo simples, que eu poderia fazer com um papel e uma caneta, não com lápis, porque eu peguei horror a escrever com lápis na quinta série com um maravilhoso professor de geografia.

    Estou frustrada, minhas emoções estão me deixando com os nervos a flor da pele, minha insatisfação chegou a um limite emocional que me faz  achar que eu não consigo ir além desse ponto. Tenho uma filha linda, amorosa e carinhosa. Cheia de amor pra dar, espontânea e generosa. Mas esta em uma fase do desenvolvimento dela onde precisa ter amparo emocional e carinho combinado com presença e direção firmes que eu não me sinto capaz de dar a ela agora. Porque estou com esse sentimento? Não sei explicar, ou talvez eu saiba mais não esteja pronta pra escrever sobre isso. Mas me sinto insuficiente como mãe da minha filha e hoje me vi pensando: só espero que se eu morrer o pai dela tenha a hombridade de tirar a Manuella daqui e levar ela pra morar com ele; porque ela pode até não ter com ele todo o luxo que ela tem aqui, mais vai ter muito do que esta faltando. Só não me pergunte o que é porque naquela hora as lagrimas escorriam do meu rosto e eu me esforçava pra conseguir manter minha respiração porque senti uma crise de ansiedade me sufocando.

    Minha relação com minha mãe foi deturpada completamente quando eu tinha 12 anos e eu vejo a nossa relação assim. Do ponto de vista da mente dela eu estou competindo com ela pela atenção do meu pai desde que ele entrou na nossa família, em tudo. O fato de eu ter mantido oculto de todos até alguns anos atrás que o jovem de 18 anos que ela contratou quando eu tinha 12 tentou me estuprar na escada do prédio onde morávamos e ela me disse que eu tinha me oferecido e junto com ele me ameaçou dizendo que se meu pai soubesse da historia eu e meus irmãos ficaríamos sem pai porque ele perderia a cabeça e  cometeria um desatino; depois disso manteve esse monstro na nossa família como motorista e empregado de confiança dela por mais de 10 anos, não ajudou nossa relação. 

    Eu achei que fazia o bem, escondi, menti pra mim mesma que aquilo era passado que não me machucava mais... no entanto, aquilo permeou e moldou toda a relação familiar que existe hoje ao meu redor. Contei para os meus irmãos, primeiro pra minha irmã que contou pra meu irmão e depois teve uma reunião onde foram feitas declarações e se tentou extirpar esse câncer da relação familiar. Mas sabe um câncer benigno, que você opera, tira uma parte, trata com todo tipo de terapia. Mas ele volta a crescer? Esse tipo de câncer não tem cirurgia que elimine. Dependendo da parte onde ele esta é possível se fazer uma amputação para evitar que ele se espalhe e seja fatal, ou então conviver com ele e aceitar as consequências até que ele traga a morte que com certeza virá. è assim que eu vejo esse problema hoje. Um câncer que precisa ser amputado. Eu preciso amputar esse câncer da minha vida.

    Nossa quanto drama! Sempre a mesma coisa, sempre a mesma ladainha e as pessoas imaginando que isso foi horrível e esta doendo demais e deve ser traumático viver dessa forma. Não é horrível, não foi traumático viver assim. Eu tive uma vida boa. Usei o episodio a meu favor, e reconheço que o silencio que eu escolhi manter até pra minha psicóloga na época me deu benefícios; eu podia fazer tudo, absolutamente tudo, inclusive desrespeitar a autoridade da minha mãe que ela não me faria ter consequências, e isso me fazia "bem". Eu era uma ovelha negra. Conhecem um ditado que se diz: fez a cama agora se deita? Pois bem, eu não fiz a cama, mais estava com fama de ter feito e resolvi me deitar.

    E minha adolescência foi isso. Eu me construí em cima da desmedida e desbravadora garota que corre atrás do que quer, que descobre o que gosta sem medo de experimentar. Saia com os amigos, gastava minha mesada com bebida, depois de comprar meu anticoncepcional, porque eu queria poder escolher quando engravidar, mesmo usando preservativos não queria nenhum risco de uma gravidez indesejada; trazer ao mundo um filho pra fazer com ele o que fizeram comigo? Nunca. Esse era o meu maior medo. Eu adorava ficar na escola, estuda era bom, não porque eu amava estudar, mas porque estudar era melhor que ficar em casa perto daquele mostro. Minha vida não foi ruim, mais não construí grandes amizades nessa fase da minha vida, pra se ter amigos é necessário ter confiança, e eu não podia confiar à ninguém esse segredo.

    Agora já não é segredo, está se tornando um post em um blog, que eu não sei se algum dia alguém vai ler mais que já não é mais segredo e só de poder escrever sobre isso eu já me sinto mais leve. Minha vida foi boa, tive uma infância deliciosa, eu digo muitas vezes que não me lembro quando me perguntam de algumas coisa porque eu prefiro fingir que esqueci a lembrar os motivos do porque elas foram colocadas no fundo da minha memorias e guardadas com tanta preciosidade ao ponto de eu não querer compartilhar com mais ninguém. Não fui uma adolescente melancólica, com tendências suicidas. Na verdade se alguém falasse em depressão nunca se relacionaria isso a minha pessoa. Afinal só hoje e dia se entende que o estereotipo da depressão é um equivoco. E quando eu fiz 18 anos e a psicóloga que me acompanhava falou que eu devia procurar um psiquiatra já que eu poderia fazer isso sem a autorização dos meus pais que nunca haviam aceitado a orientação dela para isso antes eu perguntei porque e ela me falou sobre a suspeita de depressão. Eu ri e aquela foi a ultima consulta que eu fui com ela.

    Até que eu conheci meu primeiro marido. Na verdade eu e ele nunca nos casamos, moramos juntos por 13 anos, ele foi o homem que se dispôs a me sustentar quando em um rompante emocional eu juntei as coisas que eu achava que tinham valor pra mim na vida coloquei em uma mala e sai da casa dos meus pais. Na época estávamos namorando, um tio meu morava no interior e a esposa passava a semana sozinha com as filhas e aceitou me hospedar por uns dias, eu fui pra casa dele e me ajeitei na cidade arrumando tudo com relação a casa e fiquei. acabamos juntos por 13 anos. Fui feliz por 11, e os últimos 2 eu não fui totalmente infeliz, mas também não estava satisfeita mais. Foi melhor pra nos dois que terminou. Esse período eu tratei da depressão com a ajuda dele e de um psiquiatra, ele sabia de toda a minha historia, me ajudou muito e foi ele que me mostrou como eu era por baixo de todas aquelas mascaras que eu construí durante a minha conturbada adolescência.

    Foi ao lado dele que eu descobri que eu realmente era, e percebi coisas que eu não gostava em mim, percebi as primeiras coisas apaixonantes na minha personalidade. Me perguntei como ele podia amar meus defeitos e entendi que ele não me amava, mas se sentia meu dono, me via como propriedade dele e isso me incomodava. E conforme eu me conhecia e melhorava da depressão eu percebia que eu fui feliz com ele naquele momento da minha vida. mas que o momento estava passando, eu estava mudando e ele não estava gostando das mudanças, e eu não estava disposta a abrir mão das mudanças para agradar ele. Estava gostando demais das minhas auto descobertas pra voltar a ser emocionalmente dependente dele. O casamento não estava mais funcionando. Eu tentei não ser intransigente, tentei fazer dar certo por mais dois anos depois que a ficha caiu, mas foi uma tentativa unilateral que culminou no fim. Bom vida seguiu e hoje ele esta bem e eu melhor, acho.

  Olhando pra minha vida eu entendo que meus problemas de relacionamento com minha mãe começaram naquele dia que esta gravado na minha memoria, eu consigo lembrar a roupa que eu usava, a roupa que o nojento usava, as palavras que minha mãe usou. Dizem que devemos deixar o passado pra traz e seguir em frente, perdoar. Ok eu achei que tinha feito isso, mas agora, eu já não sei se fiz, como posso seguir em frente se toda vez que acontece uma briga ou discussão com a minha mãe eu percebo que a fragilidade, a desconfiança, a rispidez, o desrespeito, a ignorância e violência com que nos tratamos ao longo da vida estabeleceu entre nos duas um relacionamento completamente distorcido e diferente de tudo que existe entre mães e filhas? Minha vontade é de passar uma borracha e recomeçar essa relação, e quando eu achei que estávamos conseguindo vem a frase: o meu consolo é que vc vai passar com a sua filha tudo que eu passei com você! Porra!! Como assim!?! Ela deseja pra própria neta o que aconteceu comigo? Ou eu vivi uma realidade alternativa completamente diferente da que ela viveu ou ela esta apresentando problemas psiquiátricos muito mais graves do que as pessoas querem aceitar que ela tem! Ela pode ter um surto psicótico? O que leva uma pessoa a falar algo assim? Porque é tão difícil perceber que nossa relação é diferente e nunca vai ser nem de longe parecida com as relações de mães e filhas das outras pessoas que ela conhece ou vê na televisão? Porque eu não consigo olhar pra ela e respeitar ela como ela diz que eu tenho que... eu respondo isso: porque eu nunca respeitei. 

    E essa ultima pergunta para a qual eu tenho a resposta é a única que eu sei responder e não tenho nenhuma duvida da resposta. Simplesmente porque eu sinto bem forte em mim que não consigo respeitar uma mulher que me fez conviver com um monstro por mais de 10 anos. Eu não consigo respeitar uma mulher que disse a filha de 12 anos  assustada que ela estava se oferecendo a um homem de 18 depois de ele ter enfiado o membro dele na boca dela e que se ela fosse reclamar com o pai era muito provável que o pai perdesse a cabeça e fizesse uma loucura, e ai ela e os irmãos acabariam na sarjeta com  a mãe e sem o pai que seria preso, será que valeria a pena? Agora escrevendo isso eu me pergunto como que eu aos 12 anos consegui ficar quieta e não desmoronei ou fiz coisas ainda piores na minha adolescência. Eu acho que diante disso fui uma adolescente muito certinha, e comportada. 

    Mas eu sei que estou errada, não importa os erros da minha mãe, os erros dela não podem justificar os meus; eu não posso desrespeitar a minha mãe, tenho que respeita-la independente do nosso passado, porque eu quero que minha filha entenda que o respeito é algo que não depende do comportamento da outra pessoa, e se eu quero dar esse exemplo a minha filha eu tenho que começar a praticar, E claro, Deus não permitiria que eu fizesse desse um exercício fácil, e tinha que colocar pra mim uma pratica bem espinhosa, e próxima, minha mãe! e obvio que minha mãe não vai facilitar, nunca facilitou não ia ser agora. Porque na cabeça da minha mãe essa disputa comigo pela atenção do meu pai continua, mas agora ela resolveu que a atenção da minha filha também vai ser disputada, e quer disputar poder e autoridade sobre a minha filha. e ai que a coisa começou a ficar muito complicada entre nós duas.

    Eu sigo uma pessoa, a Ana Paula Barros no Instagram, e ela fala sobre sermos mestres de nós mesmos, sobre essa questão de vivermos em uma consciência de massa e essa questão de as pessoas refletirem coisas que estão em nós. Sobre as coisas acontecerem porque escolhemos que acontecessem da forma que aconteceram e fossem como foram para despertarem em nós exatamente o que despertaram. Eu ainda não tive condições de ter uma consultoria com ela, mas sei que um dia irei me presentear com uma e tenho muita vontade de perguntar em que essa minha historia foi uma escolha para o meu despertar? Porque olhando para a Gisella que eu fui antes desse episodio e a Gisella que eu me tornei a partir desse episodio eu me perdi tentando construir uma identidade pra mim mesma que não refletem em nada quem eu sou de verdade!

    Eu não sou nem doce nem amarga, nem suave, nem grossa, nem gelada, nem quente, nem sensual, nem frigida. Eu não sou extremos, eu não sou comum. Eu sou filha. Sou irmã, e acredito que não sou das melhores, mas sou irmã. Sou mulher,  sou mãe e sou amiga. Sou leal, e muito inflexível quando se trata de caráter. Tenho princípios muito firmes e limites traçados em negrito bem delimitados sobre até onde eu aceito que determinada atitude vá. Mas em outras situações onde esses limites ainda não estão traçadas eu vou sendo maleável e sentindo até onde eu aguento. e como diz meu atual psicólogo, e o meu psiquiatra; nessa sua maleabilidade você esta passando limites que nem você conhece, e isso esta te deixando amargurada. E é essa amargura que esta pela primeira vez em quarenta anos de vida me tirando o sorriso do olhar.

    Escrevendo aqui eu me lembrei de tudo isso porque só houve uma situação onde eu senti essa impotência e essa tristeza em toda a minha vida. Meu psicólogo diz que minha verborragia é boa porque eu consigo colocar tudo pra fora. Nossa, eu acho que eu consigo organizar meu pensamentos e não chamo de verborragia, e sim de organizar pensamentos desconexos. Esse sentimento de impotência diante de tudo, da situação, de incapacidade de mudar e frustração de saber que pra qualquer lada que me viro a situação é a mesma ou pior e que qualquer movimento ou palavra pode fazer a coisa piorar. O medo, a expectativa do próximo ataque, a angustia do próximo deslize sem saber onde eu errei eu senti tudo isso depois daquele diz na escada. E o mais assustador disso é que eu não tenho mais 12 anos, mas me sinto tão desamparada quanto eu me senti quando tinha.

    Se me perguntarem porque minhas emoções me levaram pra lá e estou me sentindo assim posso te falar muitas coisas, enumerar muitos motivos; mas nenhum deles vai ser tão primitivo quanto o desamparo de saber que mesmo agora com quarenta anos e tendo uma filha de quatro que depende de mim eu não tenho o apoio de ninguém. Comparar é algo irreal, mais emocionalmente de alguma forma pe a mesma situação. A única diferença é que aos 12 anos eu não tinha o apoio de ninguém porque me fizeram acreditar que eu não podia pedir ajuda a ninguém pois pedir essa ajuda iria prejudicar outras pessoas além de mim e bastava que eu sofresse sozinha. Hoje em dia eu não tenho o apoio de ninguém porque eu estou fazendo drama e o que estou vivendo é só um drama porque tive mais uma briga com a minha mãe.

    Estou tão de saco cheio de ter as minhas emoções descartadas como banais e infladas por sentimentalismos que as vezes acho que devo sofrer de alguns distúrbio psiquiátrico mesmo porque não é possível que a minha realidade seja tão boa e maravilhosa que eu esteja reclamando de barriga cheia sem motivos e esteja sendo tão ingrata com o universo e com a vida diante de tudo isso que eu tenho. Eu não deixo de agradecer nada do que eu tenho e posso proprocionar a minha filha, materialmente nada, porque tudo de material que minha filha tem na vida dela é o pai dela e os meus pais que proporcionam. Mas eu posso dar meu tempo a ela, brincar com ela de pintura com tinta, ver desenho, e filmes com ela. Estar presente na vida dela em momentos que eu sei que se estivesse trabalhando eu não poderia curtir e acompanhar o desenvolvimento dela; eu agradeço e muito. Todos os dias acordo e adormeço agradecendo e me recriminando por estar chorando por coisas que eu não precisava dar a importância que eu dou.

    No entanto eu pergunto pra qualquer pessoa o que fazer com esse sentimento dentro de mim que fica constantemente me dizendo que eu preciso perdoar. Como perdoar uma pessoa que fica constantemente esfregando na minha cara que me odeia por eu ser quem eu sou? Eu as vezes tenho a impressão que ela gostaria que eu não houvesse nascido. As pessoas falam que ela me ama, que é amor demais envolvido e que ela só não sabe demonstrar isso, dizem que eu não facilito as coisas. Porque quando olham de fora a errada sou eu, sempre a filha ingrata, uma mulher de 40 anos que mora e depende financeiramente dos pais não pode reclamar de nada da vida. Não faz nada o dia inteiro, se a mãe pede qualquer coisa ela tem obrigação de fazer sem reclamar! Me diz onde isso esta escrito?

    Eu não moro na casa dos meus pais porque eu quero, eu moro aqui porque tem uma merda de uma pandemia que a porcaria de uma população acha que pode combater fazendo aglomeração e abrindo o comercio usando cloroquina e saindo sem mascara porque o presidente eleito com um cérebro de minhoca foi em rede nacional e falou essa falácia e o povo burro que o elegeu fica repetindo isso e discutindo em rede social o troféu de quem é mais idiota ou quem vai morrer primeiro! Eu moro com meu pais porque essa pandemia me obrigou a fazer uma escolha, e a escolha que eu fiz eu pude  ficar em casa e viver com os meus pais para evitar o contagio e cuidar da minha saúde. Isso é o que eu fico me repetindo como um mantra pra me convencer a não fazer uma besteira cada vez que meu sangue ferve de vontade de mandar tudo para o quinto dos infernos.

    Porque lembra da historia do câncer benigno que as vezes arrancamos algumas células que crescem demais mas eventualmente ele cresce e temos que amputar a parte que ele esta crescendo para extirpa-lo ou aceitar que ele vai nos matar? Então é nesse ponto que me encontro agora, mas meu câncer esta sendo tratado como um incomodo até agora, e começou a incomodar no momento em que minha mãe colocou minha filha nessa disputa infantil de autoridade. Eu entendo que meu pai aceite os defeitos da minha mae e respeite e aceite as escolhas dela e a ame independente de qualquer escolha que ela tenha feito ao longo da vida. Eu entendo e mesmo não fazendo nenhum sentido não vou opinar sobre a forma de vida que ele e minha mãe querem levar mas, querer tirar a autoridade que eu tenho sobre a minha filha deturpando a minha relação com ela porque a minha relação com a minha mãe é ruim isso é doentio e muito cruel. Minha filha só tem 4 anos!

    Eu dependo financeiramente dos meus pais, mas se isso continuar eu não sei se vou conseguir aguentar não. Tenho que pensar na minha filha. Até que ponto ficar aqui debaixo dessa proteção financeira e de bem estar monetário vai ser bom pra ela, se eu estou perdendo a minha sanidade mental? Para dar a minha filha uma vida financeiramente melhor eu estou entregando minha sanidade e estabilidade emocional conquistada com tanto suor e descobertas lindas, e isso é realmente o que minha filha ia querer? Escrevendo aqui eu abriria mão de tudo isso, todos os bens materiais e privilégios que minha mãe pode dar a mim e meus irmãos pra voltar a viver com eles naquele apartamentinho no PBK amarelo, vigésimo terceiro andar, a minha irmã bebezinha, o irmão criança com a idade da minha filha hoje a gente chegando de um dia no parque do Ibirapuera, cansados, felizes e unidos. Não tínhamos muito, mas tínhamos um ao outro e podíamos contar com isso. Hoje em dia, temos o dinheiro, usufruímos dos privilégios, e nos perdemos um do outro, cada um no seu tempo. cada um com seu motivo, mas todos, cada um pro seu lado.

    Difícil encontrar o equilíbrio entre o ter e o ser. Complicado querer algo mas para ter o que queremos é preciso abrir mão do que precisamos. Entramos em ciclos viciosos de relacionamentos doentes e nos contentamos com coisas para substituir sentimentos. E cada geração que passa estamos mais vazios, a cada século que entra estamos mais tecnológicos e menos emocionáveis. Não é porque não sentimos mais não, é simplesmente porque em algum momento de uma geração perto alguém que a gente ama sofreu o suficiente perto da gente pra gente não querer sentir a mesma coisa e se anestesiar da dor. Começando por nos anestesiar da dor do outro, depois da dor de si mesmo, e em algumas gerações seremos exatamente como nos filmes de ficção cientifica, onde maquinas dominam o mundo. Mas na verdade não serão maquinas, mas seres humanos que desativaram a as funções emocionais do cérebro, porque elas não fazem muito pela parte pratica da humanidade. Afinal, nosso lado emocional nos  cometer loucuras demais.

Aniversários

     Completei quarenta anos de idade, e me perguntaram como eu me senti no dia que completei ano. Minha resposta automática foi: do mesmo jeito que me sentia ontem, nada diferente, tudo igual. E agora que já se passam onze dias desde que completei essa idade eu continuo pensando da mesma forma, porque percebi antes de me tornar mãe que a idade não se mede nos aniversários que eu comemoro, até porque posso não comemorar e mesmo assim vai ser meu aniversário; mas a idade virá com a passagem do tempo e esse é implacável, e não existe nenhum poder no mundo capaz de parar o tempo e fazer com que ele não passe. Você já parou pra pensar nisso?

    Não posso escrever sobre como é quando nascemos porque na verdade eu não me lembro, lembro muito pouco da minha primeira infância, tenho flashes de alguns coisas da minha pré adolescência e coisas confusas se misturam na minha linha de memorias sobre minha adolescência propriamente dita. Minha mente começa a ficar mais organizada quando penso na minha maturidade juvenil, ou como eu chamo o começo dela, que foi quando eu comecei a entender que eu era uma mulher mais que ainda era uma menina, e queria ser tratada como adulta. A minha juventude começou pra mim no final da minha adolescência, entre meus 17 ou 18 anos, mas acho que como dizem todos os meus familiares eu nunca cresci. 

    Posso dizer como me sinto como mãe com relação a ver minha filha crescendo. Ver a passagem do tempo nas feições dela e em como ela esta mudando, mudando o tamanho, mudando as feições, os trejeitos, a fala, a forma de se comunicar, o olhar. nossa é incrível como ela tem desenvolvido rápido, e vendo a passagem do tempo nela eu me espanto em comparar que em mim já não é assim, as coisas mudam ou simplesmente desaceleram? Ainda filosofando eu percebi que não é que as coisas desaceleram, é que as coisas mudam de tamanho, por ela ser pequena eu vejo cada mudança dela como grandes mudanças, e isso me espanta e me enche de orgulho, e em mim, um fio de cabelo branco não me assusta tanto já que é apenas um entre tantos. E me lembro da professora de matemática falando de proporção.

    Engraçado como a mente divaga por assuntos que aparentemente nada se relacionam mas que são como a vida, estão sim interligados, tudo esta sempre interligado sempre com as menores e as maiores coisas, e isso me faz perceber e pensar em como estamos socialmente afundando em um fase assustadoramente ausente de empatia, consideração ao próximo e compaixão. Me pergunto se isso acontece só comigo.  Comecei esse post falando dos meus quarenta anos de vida! Como pode? Acho que é a crise dos 40, dizem que é comum, talvez seja, não sei, mas Deus me deu a capacidade de sentir demais, de ver demais e de perceber demais. Como algumas pessoas já me falaram eu penso demais e meu problema é esse. Talvez seja. 

    Mas não pensar não vai me impedir de sentir, já tentei agir sem pensar, e os resultados não foram muito positivos nem pra mim, nem pra algumas pessoas que conviveram comigo naquela época. Já pensei demais e acabei demorando demais pra agir, o que também não foi eficaz porque trouxe dor e prolongou sofrimento demais e acabou envolvendo pessoas demais em assuntos que não cabia envolver tanta gente. O equilíbrio entre pensar e agir é muito sutil, e eu ainda não posso dizer que encontrei, e já sei como fazer pra encaixar certinho. O que eu sei é que estou sentindo que estou perto de conseguir fazer esse encaixe sem causar muitos danos colaterais. 

    Quando eu me vi querendo ser mãe eu me assustei; de onde vinha esse desejo, o que era aquilo? Como assim trazer ao mundo uma pessoa totalmente dependente de mim? Eu já escrevi um post sobre isso, mas foi bem assustador descobrir esse desejo em mim, foi estranho depois de mais de 30 anos dizendo pra mim que eu seria a titia perfeita pra todos os sobrinhos que a vida me desse e que se em algum momento eu encontrasse alguém que me mostrasse ou sentisse o desejo de ser mãe eu poderia realizar isso dando a alguma dessas crianças que abandonadas pelas genitoras esperam por um lar e por pais que as dê a oportunidade de experimentarem o que é o amor fraterno.

    Nesse conflito eu me vi querendo experimentar ter um filho e da forma como fosse pra ser, e a forma escolhida por Deus pra mim foi vivendo o milagre de uma gestação com todos os percalços que passei. E olha que não foram poucos. A concepção eu consegui colocar em um post aqui recentemente, afinal esse blog nada mais é que uma previa do que escreverei em um livro de forma muito mais ordenada e elaborada e floreada quando tiver coragem pra colocar as ideias juntas pra isso.  Mas o fato de estar agora com quarenta anos e minha filha com quatro me fez perceber uma coisa bem interessante. Eu sou uma criança de quarenta anos! Cheia de sonhos, desejos e ideias. Ainda descobrindo a vida. 

    Adoro brincar de boneca com minha filha, ainda vejo desenho animado e me divirto demais com eles. Mas a idade se faz lembrar quando vou correr e já não tenho o mesmo pique ou folego que ela e não consigo acompanhar o mesmo ritmo. Nesse momento eu lembro que a adulta sou eu e que eu deveria parar de ser tão criança. Mas é tão bom ver ela tão feliz e se divertindo comigo nesses momentos que logo descarto esse pensamento. Uma pena que não posso descartar esse pensamento pra sempre e esquecer isso, afinal a idade chegou, e com ela a responsabilidade, continuo sendo uma mulher que precisa arrumar um jeito de manter a sanidade e encontrar alguma fonte de renda para se sustentar e sustentar essa criança linda e sorridente. 

    Ideias tenho varias, qualificações, nossa, sei fazer muitas coisas, estudar eu estudei até a faculdade, mas fui incapaz de concluir uma; porque não me comprometi o suficiente para chegar até o final, e encontrei em desculpas financeiras motivos para interromper cada uma delas. A primeira de administração, e as outras duas de tecnólogo em radiologia. Tenho formação técnica em radiologia, sem nunca ter conseguido exercer profissionalmente a profissão; motivos existem muitos; mas razões reais eu não sei, ou não quero encarar de frente ainda; talvez ainda não esteja pronta pra enfrentar essa minha verdade. O fato é que estou tentando com todos esses textos e nesse blog pessoal ver algum sentido nessa minha busca e auto descoberta. A verdade é que não faço a mínima ideia de como ou por onde começar a minha construção de algo que possa se tornar uma fonte de renda para minha vida.

    Eu não quero algo que me permita ganhar valores que me ajudem a pagar contas e comprar comida, quero poder viajar com minha filha, poder sair com ela aos domingos, ou no dia que for e poder curtir com ela por exemplo um dia no Zoo Park sem me preocupar se vou ter dinheiro pra pagar a conta do restaurante se ela pedir um sorvete de sobremesa. E não quero ao meu lado pessoas dizendo que sonho alto demais e preciso por meus pés no chão e começar a ser mais realista porque a realidade que eu vejo é tão ruim e amarga que estou sim preferindo viver na fantasia de acreditar que posso fazer dessa fantasia uma realidade e vou descobrir um jeito. Ainda não encontrei como mais vou descobrir, e quando descobrir não vou ficar fazendo propaganda sobre e pedindo que me paguem para aprenderem comigo como fazer igual. simplesmente vou contar.

    Porque algo que nesses quarenta anos de vida eu aprendi, e aprendi muito bem é que o sapato pode ser o mesmo modelo, marca e valor. O numero que as pessoas calçam pode ser igual, todas as condições podem ser as mesmas, mas em cada um o sapato vai provocar uma sensação diferente, se não provocar sensações antagônicas. Isso não faz de mim uma pessoa melhor nem pior que ninguém não, só mostra como somos pessoas diferentes. Eu aprendi na minha vida que para ter um mundo melhor pra mim o mundo tem que ser melhor de dentro pra fora, mas que se do lado de fora o mundo esta ruim do lado de dentro por mais florido que esteja uma hora fica sufocado. Também que se do lado de fora esta florido e do lado de dentro podre é preciso tratar a podridão para que essa podridão não se espalhe. Porque o todo influencia o meio e o meio influencia o todo. Química básica, Aprendemos isso no ensino fundamental, mas não damos importância.

    Nessa minha busca eu vejo posts sobre receitas para atrair o que se deseja, a formula secreta da prosperidade, e etc. Ou então ganhe dinheiro on line fazendo isso e aquilo, e etc.; mas algo em comum em todos esses posts que começam com cursos gratuitos e imperdíveis é que todos sempre acabam oferecendo inscrições para algo monetariamente custoso para quem se interessar pelo que for oferecido por quem esta palestrando no curso. Bom, eu tenho um desafio para propor a quem faz esses cursos, se eles dão resultados e podem mesmo trazer a diferença na vida das pessoas não cobrem pelo que vocês oferecem. Um mundo melhor traz uma melhora para o mundo. E se as técnicas oferecidas são realmente validas porque cobrar por elas? É realmente necessário se cobrar por algo que pode mudar a vida das pessoas; se mudou e melhorou a sua vida da forma como você apresenta sem seus cursos porque vc precisa cobrar para fazer a mesma coisa na vida de outras pessoas? A única conclusão que eu chegou é que sua vida não mudou pelo seu método, e sim pela grana que vc recebe das pessoas que acreditam e pagam por ele. e nessa espécie de pirâmide elas aprendem a enganar outras pessoas como foram enganadas e ao invés de tornarem o mundo um lugar melhor estamos espalhando algo ruim no mundo. 

     Não me envergonha em dizer que me deixei enganar e envolver duas vezes por dois desses métodos, um deles me ajudou a descobrir algumas ferramentas on line que não vou mentir me ajudam a ganhar algum dinheiro, e se eu me dedicasse mais tempo e um pouco mais de paciência eu poderia quem sabe ganhar um pouco mais e talvez, quem sabe ter uma renda considerada mediana para o que eu poderia considerar razoável pelo que eu acha que seria bom pra mim e minha pequena. O outro eu fui bloqueada do aplicativo depois de três meses de uso e até agora eu não sei porque. Simplesmente o site não reconhece meu login e eu não consigo mais acesso. Então não cito nesse post nomes dos sites, por motivos óbvios, mas seria muito pedir que tenham mais discernimento na hora de pagarem por algo que seja pra mudar a vida de alguma forma. Porque novamente lembrando que esse post é uma crise de quarenta anos, a vida só muda quando a gente muda. Nada muda sem que a gente mude primeiro.

    E é isso, meus quarenta chegaram, com eles meus cabelos brancos, nas têmporas, e não tenho vergonha deles, nem tento esconder com tintas, uso atualmente cabelos curtos, mas minha filha me pediu para deixar meus cabelos crescerem, ela disse que prefere meus cabelos compridos, falei que vou tentar deixar crescer de novo, mas que não prometo. Fazem dez anos que não passo tinta nos meus cabelos, três anos que não uso químicas, e estou feliz com o resultado. Já acumulo um emagrecimento de 13 quilos depois da cirurgia  bariátrica, o que não é muito, mais tbm não é pouco considerando que não estou podendo fazer musculação e exercícios em academia, e tenho sabotado minha dieta comendo de forma descontrolada e sem muito discernimento coisas calóricas que eu sei não deveriam mais fazer parte da minha dieta. 

    De modo geral se eu olhar minha vida sem julgamentos estou sendo privilegiada, tenho muita sorte e muito o que agradecer.  Então sim eu quero poder chegar nos meus 50 com outra crise igual, onde minha conclusão mude alguns números e algumas considerações sobre o caminho que tomamos como humanidade; mas acredito que não vou abrir mão dessa minha jovialidade; afinal o que são quarenta anos pra quem ainda brinca de boneca?