terça-feira, 21 de julho de 2020

A chegada do Bob

Deus vibra em uma sintonia tão harmônica que quando conseguimos entrar nela sentimos uma paz tão inexplicável que não dá pra descrever.  Encontrei isso no olhar de um cachorro, na foto de internet. Loucura, mas eu via a foto desse cachorro desde abril na pagina desse abrigo e pensava, ele faria tão bem para minha filha. Eu ficaria tão mais leve se tivesse um cachorro! Mas, bom já escrevi sobre isso. A chegada dele quarta feira passada foi justamente o que eu pedi a Deus para encontrar a paz que estava me faltando. Sinto que desde que ele chegou estou organizando melhor meus pensamentos, minhas emoções, minhas determinações sobre o que eu quero para o meu e o futuro da minha filha. È muito gostoso o que sentimos quando temos a certeza do que podemos fazer o bem para outras pessoas e para outros seres vivos que não estão conosco por interesse.

            Isso é uma das coisas que ficou bem nítido depois da chegada do Bob. A constante ameaça de se você não fizer eu vou encontrar quem faça no seu lugar, ou faz isso ou não farei aquilo, e coisas do gênero que transformam a relação em uma eterna troca de interesses de faça isso para que eu faça aquilo. Eu sei que é estranho isso. As relações humanas são baseadas em uma troca de emoções, e sentimentos, mas existe um limite entre o que são essas trocas baseadas em interesses e o que são essas trocas baseadas em simples existência. Eu sento e fico lá no quintal alisando o cachorro com minha filha só olhando o céu e vendo as nuvens passarem, às vezes falamos alguma coisa e achamos a manha perfeita. Ficamos cada uma fazendo suas coisas no mesmo ambiente e gostamos do silencio de estarmos juntas no mesmo ambiente.

Mas o nosso silencio parece incomodar e eu cansei de tentar entender. Sabe quando a companhia é leve e não precisa de palavras? Isso é raro, mas tenho com minha filha, vejo que minha mãe teve isso com minha irmã, ou eu acho que teve, porque tenho ciúme da relação delas porque as duas me falam coisas que eu não sei se é verdade, eu não sei.  A verdade é que não importa o quando e onde, se estou bem consigo compartilhar de momentos assim somente com a minha filha e poucas pessoas que chamo de amigos. Tenho sim vontade de pode sentir isso com minha mãe, mas não posso dizer que sinto. Hoje lembrei que me sentia assim com meu primeiro esposo, e no momento que parei de sentir isso começaram nossos problemas no casamento; no segundo a mesma coisa, e o problema não foi com eles, nem comigo, na verdade olhando de forma racional não houve um problema. Simplesmente não prosseguiu.

Uma relação deve ter o afinco de duas pessoas. Esse sentimento de simplesmente ser é bom pra mim e pra minha filha porque eu não tenho que agradar ela o tempo todo, e não sinto essa necessidade. E graças a Deus percebo que não estou cobrando ela de me agradar o que faz ela ficar a vontade comigo também. Isso Eu sinto também com os amigos que me deixam a vontade e é como eu vejo que funcionava com todos com quem eu je me senti assim e depois deixei de sentir. E Deixei de sentir porque passei a acreditar que precisava agradar, precisava porque a pessoa pediu algo que eu não me senti capaz ou não era capaz de dar ou fazer; ou achei e acreditei que não fosse. Independente de qual origem dessa necessidade eu não consegui identificar antes que ela acabasse por destruir o relacionamento e me afastar da pessoa ou transformar a relação até o quase completo fracasso como é hoje minha relação com minha mãe.

Então eu não me arrependo de nada do que eu fiz, e acredito que muito das coisas que eu deixei de fazer eu tive a racionalidade de entender que me fariam mais mal faze-las. Nesse momento eu sei que do pó Deus pode fazer argila e da argila o barro e do barro o homem a sua imagem e semelhança. E sei que se for da vontade dele meu relacionamento com minha mãe pode melhorar. Só não posso ficar sacrificando minha relação com minha filha até que minha mãe esteja pronta para viver esse novo que Deus já tem preparado para nos duas. Então o Bob já faz parte da nossa vida e tem me mostrado a importância de ter o pé no chão sobre o que eu realmente quero para o futuro com minha filha, e a única forma de conseguir isso é realmente voltando a trabalhar e isso só vai acontecer quando meus problemas de ansiedade e depressão e diabetes forem solucionados; já estou me preparando psicologicamente para a cirurgia bariátrica, e essa pandemia sendo contida eu vou fazer essa cirurgia.

E ai veio outra questão. Minha mãe começou a falar que não vai me aceitar morando com ela depois da cirurgia se eu operar antes dessa pandemia passar porque ela considera um risco de exposição alto demais para mim e para meu pai e toda a família operar em pleno auge da pandemia. Ela esta certa. E enquanto escrevo esse texto percebo o quanto ela esta certa nessa questão. Eu tenho que começar a me conter nas criticas que faço a minha mãe. Uma conhecida que tenho tido muita afinidade já me falou que o universo conspira a favor dos que vibram em sintonia com ele, e é uma sintonia de amor, uma vibração positiva. A prova disso é o estado emocional que eu consegui estar para ter a alegria de hoje dizer que o Bob faz parte da nossa família. Ele é uma realidade que antes de ser tangível foi vibrado no meu intimo com profundo sentimento e carinho e amor e um querer que Deus sabe o tamanho da minha necessidade.

Ver minha filha brincando de boneca com ele como se fosse uma colega da escola é tão gratificante; ver o cão correndo pela grama quando vamos passear e poder soltar um pouco para se cansar e exercitar as pernas! Eu fico emocionada e grata por poder ver e participar de momentos como esses. É muito bom e muito emocionante poder viver momentos assim. Poder ter com quem compartilha é muito gostoso também. Minha mãe tem ido com a gente nos passeios no final da tarde quando a saúde dela permite. E com todos os nossos problemas de relacionamento ela estar se entendendo com minha filha e mantendo uma relação saudável com ela pra mim é uma vitória. E acredito sim que para ela também é.

Hoje ela falou uma coisa para mim na hora do almoço que me deixou pensativa. Disse que eu sou muito dura com ela, de um jeito que não sou com outras pessoas. Ela tem razão? Eu não sei. Talvez tenha, vou avaliar se realmente estou me comportando e exigindo dela coisas que não exijo de outras pessoas, claro que minha relação com ela tem que ser diferente já que é minha mãe, quem sabe seja hora reavaliar a forma como lido com as emoções que me fazem levar tudo a ferro e fogo com minha mãe, agora que tenho o Bob para me ajudar a extravasar minhas emoções com exercícios, caminhadas e longas reflexões de trocas de olhares e chamegos caninos.