Existem musicas que revelam sentimentos assustadores, e existem medos que se mostram muito maiores quando encarados de frente ao serem realmente encarados, do que imaginou que seriam se fossem encarados dessa ou daquela forma. A questão não é o problema mas a imaginação, uma ferramenta lúdica desenvolvida desde a pequena infância para nos ajudar a lidar com nossos medos, problemas e dificuldade de forma mais branda, menos traumática. Não que isso seja ruim, são ferramentas importantes para ensinar e aprender a lidar com muitas coisas, tanto na infância como na vida adulta.
O processo de amadurecimento é dolorido não porque crescer doí, mas porque na sociedade em que vivemos o amadurecimento envolve matar o lúdico dentro da gente, matar nossa criança interior e aceitar que ela vai morrer para o nascimento de um adulto sério e responsável, e essa ideia monstruosa faz muitas pessoas quererem ficar na metade do caminho. Essa metade, onde se assume a responsabilidade de uma vida adulta, mas se vive de brincadeira.
Porque matamos nossos sonhos na irresponsabilidade de viver tudo de uma vez e não conseguir viver nada direito na juventude, esquecemos sonhos, tornando a vida adulta uma chatices onde trabalhamos para ter dinheiro pra ter coisas que nos permitam ter mais coisas e mais coisas, e no final o que fizemos da vida?
Entendi, em alguns dias de reflexão que eu não queria crescer, não queria matar minha criança interior, porque eu não quero que ela morra. ela me faz sentir um ser humano melhor, e me permite acreditar que no mundo existe amor, enquanto que os adultos só conseguem ver concorrência e disputas minha criança me mostra cooperação e interatividade. Eu sou diferente, Cresci sim, e preciso amadurecer, mas quero fazer isso sem matar minha criança interior.
Quero amadurecer sem morrer por dentro, por sinto que se eu matar meu lado lúdico, minha criança cheia de sonhos, cheia de vida de vontade de brincar, de trabalhar pra gastar todo dinheiro pra brincar de lego com a filha depois de pagar as contas eu não serei eu. parece imaturo, sim, pode ser irresponsável, e completamente contraditório, mas ainda estou organizando meus sentimentos para poder colocar em ordem meus pensamentos e planos concretos, até porque para concretizar algumas coisas preciso primeiro estar trabalhando.
Esse pequeno diário me faz bem, me deixa feliz escrever e em imaginar a pessoa do outro lado pensando a maluca que escreve essas coisas deve estar internada em algum hospital psiquiátrico bem isolado da sociedade, porque ela parece viver em um mundo paralelo... e eu digo pra mim mesma que bem que eu queria viver nesse mundo paralelo que meu lúdico cria para me fazer escapar da realidade cruel e fria de algumas coisas que sou obrigada a lidar nesse mundo em que vivo. Mas isso é tema pra outro texto... Esse já esta muito rico em assuntos.