quinta-feira, 26 de setembro de 2024

E o período de experiência está quase acabando!

     Meu trabalho dos sonhos chegou. Eu deveria estar pulando de alegria, me sentindo mais que realizada e cheia de animação por isso, no entanto, tenho que lidar com coisas que antes não eram problemas e podem se tornar se eu não souber lidar com elas agora que estão começando a mostrar que podem se tornar! Sabe aquela sensação de dever cumprido? Eu tinha, quando pensava que poderia finalmente me dedicar um pouco a um trabalho que me permitisse usar o tempo ocioso para fazer algo produtivo e rentável. Mais infelizmente estou usando meu tempo produtivo para cuidar de coisas que antes se cuidavam por si só! 

    As notas da minha filha refletem a minha ausência. Eu já esperava que isso fosse acontecer, mais não que seria assim tão dramático pra ela. Ela parece outra criança nos dias que tenho que vir trabalhar. Fica impaciente, carente, manhosa e muito perturbada. Chegou a adoecer literalmente por causa disso! Eu não vou abrir mão desse emprego, é um trabalho muito bom, um lugar agradável e com um horário que me permite estar disponível pra ela em dias alternados todas as noites! Diante da realidade que vivemos, posso me considerar privilegiada nesse trabalho! E principalmente eu gosto de estar aqui, do ambiente e de tudo que eu posso fazer, tanto profissionalmente como pessoalmente. Esse trabalho é exatamente o que eu precisava e queria nesse momento da minha vida. Assim que conseguir colocar minhas vida financeira em ordem poderei planejar um futuro pra mim e minha filha!

    Mas até chegar nesse momento de sentar e fazer esses planos tenho que me estruturar emocionalmente para lidar com uma novidade meio que assustadora pra mim! As necessidades emocionais da minha filha! Acreditem ou não, sempre foi tão natural estar ao lado dela e simplesmente apoiar, sentir  apoio e estar ali com ela, sem nunca mentir, nunca esconder nada, ser transparente e direta e nunca tivemos dificuldade de lidar com nada! Nem com as crises da minha mãe narcisista, nem com o mal humor sombrio do meu pai, nem com os rompantes de abandono do pai dela. Nada parecia caáz de nos abalar a não ser nós mesmas. E quando comecei a pedir ao universo por um trabalho ela participou desse pedido. Ela me ajudou nos detalhes! Falamos sobre tudo, a escala, os cuidados que eu poderia ter com ela, a redução do nosso tempo juntas e as responsabilidades dela que aumentariam! Falamos sobre ela se dedicar mais para que quando estivéssemos juntas nosso tempo fosse melhor aproveitado! E surpresa! Ela não seguiu o plano!!!

    Eu não posso dizer que não esperava por isso. Me cobro diariamente que isso não é uma surpresa na verdade, já era esperado, afinal ela tem 8 anos, se descobre uma criança em uma casa com dois adultos idosos que fazem tudo, absolutamente tudo o que ela quer, desde que ela finja ser boazinha. Ela aprende a arte do fingimento, da persuasão e da mentira! A mãe sempre disse serem coisas ruins, mas fazer essas coisas está garantindo a ela limites com os avós que ela antes de fazer não tinha, então se a mão não sabe tudo bem! O problema é que a mãe sabe, e não consegue encontrar uma forma de provar que não está tudo bem sem fazer a criança perder o melhor da infância que é o descobrir a própria individualidade que esta sendo sufocada por tudo isso! 

    Problemas que eu não imaginava? Claro que eu imaginei, mais acreditei que minha filha conseguiria lidar melhor com essas diferenças entre planos e realidade! Fui ingênua de acreditar que na improbabilidade de a minha filha escolher o que fosse mais difícil ela teria força de seguir adiante nas escolhas dela. Não tenho direito de cobrar dela uma firmeza que nem eu demonstro ter em algumas decisões. Não tenho direito de pedir que ela mude a forma como lida com os avós dela na minha ausência porque eu posso apenas supor o que ela ouve eles falarem a meu respeito e a respeito do pai dela quando não estamos por perto! Mas me dói saber que trilhar esse caminho se faz necessário ´para que possamos ter em algum momento uma tranquilidade de vivermos momentos nossos no futuro. A dor da minha filha é minha, eu só queria poder fazer essa dor dela parar e dar a ela esse ambiente seguro e de paz que tanto idealizamos e não conseguimos ainda ter!

    Posso estar sendo exagerada, pessimista e até mesmo inconformada hoje, mais estou me sentindo fraca, derrotada e cheia de angustia porque tem 4 dias que minha filha adoeceu e apesar de todos os esforços para que melhore ela tem demonstrado que é uma doença psicossomática. E que piora quando ela lembra que vai ficar sozinha com os avós! O que eu ganho est=a sendo o suficiente para negociar minhas dívidas, ainda não posso me dar o espaço de uma casa nossa. E ainda temos essa dependência financeira com eles. Mas verdade seja dita! Se o pai dela fosse um pai ele teria feito alguma coisa a respeito! Porém, tem coisas que não adianta conversar, nem ser claro com a pessoa. Ela não quer fazer e não adianta ficar aguardando um milagre, ela não fará! Portanto da parte dele só posso ter mesmo a pensão que ele já tem dado indícios que quer reduzir o valor!

    Então permaneço nisso, minha experiencia está quase acabando. mais sigo firme, lidando devagar com cada dia e seus desafios conforme se apresentam, e confiando que nas noites e dias alternados que tenho com minha filha eu consiga mostrar para ela que ela continua sendo minha prioridade, e que eu a amo acima e por cima de qualquer coisa. Porque a única certeza que posso ter do dia de amanhã é que ele vai chegar, seja como for ele vem, e não existe nada que eu ou qualquer pessoa possa fazer para impedir isso de acontecer. Então que hoje seja o melhor dia que eu possa viver, que os amigos que eu fizer sejam pra o amanha, as pessoas que eu conhecer tenham de mim boas lembranças e por onde eu passar possa deixar apenas perfumes e flores! O mundo anda muito sem graça e cheirando mal pra eu ser mais uma a tirar a cor do mundo!

sábado, 3 de agosto de 2024

Pensamentos que se atropelam, peças que se encaixam e a distração que vem...

    Quando uma pessoa faz algo muito bem feito, ou fala sobre um assunto com alguma maestria, saiba que primeiro ela provavelmente estudou muito o assunto para falar sobre ele, ou ela sabe usar muito bem a arte da dissimulação. Falo com conhecimento de causa. Eu Sou uma pessoa que conheço bem os assuntos que me atrevo a falar, ou dar palpites, e quando ao dar um palpite e interferir em um assunto eu percebo ignorar e não entender tão bem sei dissimular para escapar de perguntas que não saberei responder. Sou esperta por isso?  Por alguns anos achei que era. Mais percebi que não. Minha forma peculiar de ver o mundo me mostrou muito cedo que a vantagem que eu achava levar fazendo isso não era de verdade uma vantagem.

    Tipo um quebra cabeças, uma pessoa normal vai montar um quebra cabeças separando as peças das bordas e as com cores e traços das imagens parecidas ir aos poucos montando. Era assim que me orientavam a fazer quando tentaram me ensinar. Uma vez eu tentei, foi a vez que eu mais demorei a montar um quebra cabeças de 1000 peças. Porque ter o trabalho de identificar uma peça duas vezes? Se jã sei que é de borda e que ele vai ter aproximadamente um determinado tamanho eu já coloco a peça no lugar suposto de onde ela vai estar quando montado. Assim vou distribuindo as peças e elas vão se encaixando de forma tão harmoniosa que parece dançarem uma linda música, mais que só tocava na minha cabeça e eu não suportava que mexessem no tabuleiro onde eu estivesse montando um quebra cabeças. Me tornava agressiva até que ele estivesse montado. Passando as vezes dias sem dormir direito.

    Hoje chamam isso que acabei de descrever de hiper-foco. Eu era apenas chata, antissocial e teimosa mesmo. e ainda sou. Na verdade com toda informação que temos as pessoas ainda olham pra mim de duas formas, sou uma estranha a ser temida ou estranha a ser usada. Não existiu na minha vida uma aproximação onde a outra pessoa soubesse das minhas características de raciocínio rápido, velocidade de percepção, capacidade de conjugar informações e reflexo intuitivo e eu não sentisse que havia algum tipo de interesse. E para tentar me relacionar eu sufocava minha intuição.

    Parei de sufocar, aceitei o que me diz a intuição e passei a ser comunicativa e reservada. Falo com muitos me relaciono com alguns e tenho pouquíssimos amigos. Talvez me torne uma reclusa antissocial com a idade, porque está cada dia mais difícil aceitar as coisas como elas tem sido aceitas como normal na sociedade. Eu lembro das minhas aulas de historia dos tempos de colégio e me pergunto se houve alguma bizarra viagem do tempo no estilo "Travelers" do seriado americano e só vieram passageiros da idade media pra o século XXI, Porque tem coisas que essa é a única explicação pra tanta gente achar normal e não se escandalizar ao ver e saber sobre o assunto!

    Acredito que sou um ser humano normal, mais com algumas características bem peculiares, sim tenho algumas facilidades que outras pessoas não possuem, mais isso não me faz extraordinária. apenas me permite ser diferente. No entanto o que acontece com uma irritante frequência é um me questionar da minha capacidade de fazer coisas simples do dia a dia. Agora com as redes sociais e as pessoas pegando gosto por compartilharem suas experiências pessoais e sintomas que levaram a um determinado diagnostico fico me perguntando até que ponto esses retratos de vida estão sendo usados para manipular toda a sociedade e rotular as pessoas e com que proposito?

    Penso diferente, portanto vejo as coisas se encaixando de forma muitas vezes inusitadas. Já coloquei aqui em outros textos meus sobre o primeiro diagnostico que me acompanhou por muitos anos depressão funcional. Tenho os exames médicos, neurológicos e etc. Recentemente refiz esses exames porque meu psiquiatra trocou minha medicação e a nova medicação foi extraordinária pra mim. Me fez sentir lucidez e pela primeira vez em anos alegria em estar viva. E como essa sensação é boa. Agora escrevendo isso posso afirmar que o melhor que fiz foi escolher pela razão os motivos para continuar porque eu não estaria aqui vivendo hoje esse sentimento.

    Ao refazer os exames ouvi tudo uma conversa sobre os avanços da medicina e dos diagnósticos e a pergunta sobre eu ter traços de TDAH na infância ou juventude. E sim Eu fui encaminhada ao psicólogo na adolescência por isso. No entanto nunca fui medicada para esse diagnostico e meu pai principalmente sempre me disse que rótulos só servem para limitar as pessoas. Então ele preferia que as minhas características fossem apenas tratadas como características e não como uma doença. Ao eu me casei jovem, tive depressão profunda e enfim... tem vários textos meus falando sobre o assunto. 

    O ponto que eu quero com esse texto é que minhas características me tornam uma pessoa única. Mais hoje com esse diagnostico, eu olho para os vídeos que falam sobre o diagnostico tardio de algumas características como TDAH e Autismo de grau 1  e escuto essas pessoas falando sobre oportunidades que perderam por não terem o diagnostico antes, ou coisas e sofrimentos que passaram pela ausência do diagnostico ou mesmo dificuldades que enfrentaram até os dias de hoje por falta desse tipo de diagnostico. Será que algumas dessas pessoas já pararam pra pensar que a algumas doenças mentais até hoje são tratadas como frescura e que esse diagnostico tardio só trás pra cima de quem sofre desses transtornos uma sombra de dúvida e insegurança?

    No meu caso os exames comprovaram porque eu cumpro regularmente com minha consultas mensais com o psiquiatra e o psicólogo por ter acesso a saúde privada, e quem não tem esse privilégio? Quem apesar de ter esse privilégio fica sujeito as regras de convenio que troca de medico psiquiatra a cada 6 meses e não consegue dar continuidade a nenhum tratamento até que desiste? Eu mesma questionei meu medico quando ele trocou meus remédios porque eu estava adaptada a eles e sabia que seria uma readaptação que podia não funcionar. Mais ele me mostrou uma hipótese diagnostica alternativa e iluminou algo que poderia solucionar algumas coisas me transmitiu a segurança de voltar a medicação que não estava 100% mais funcionava. Então como se diz eu tive medo mais fiz a troca.

    E graças a toda uma conjuntura que está ao meu redor por tantos anos que eu consegui encontrar um caminho seguro para trilhar meu caminho. Mais socialmente falando, qual o beneficio que estamos trazendo a vida das pessoas compartilhando nossas experiências? E qual o beneficio que estamos tendo lendo e assistindo sobre a vida dos outros, nunca indo até o final do que a pessoa está contando, ficando sempre na metade do texto, na metade da historia, na metade do vídeo... Estamos realmente evoluindo como sociedade tecnológica ou usando a evolução da tecnologia para involuir e permitir que as maquinas sejam mais importantes que  nós? Pensamentos que me surgem quando começo a divagar sobre a minha pequena passageira e marcante passagem por essa encarnação...