"Se você pudesse se ver com os meus olhos e sentir por você como eu me sinto as coisas entre nós seriam diferentes"
Ambígua, deliciosamente ambígua. Posso entender essa frase de duas formas maravilhosas, posso ver nela o sentido romântico de um relacionamento onde uma pessoa só vê o lado bonito e perfeito, onde as partes da outra pessoa se encaixa perfeitamente nos lados dela que ela entende que faltam nela mesma e esse encaixe forma algo completo e perfeito dentro do imaginário do que é perfeito. Posso também entender que vejo no outro todas as suas imperfeiçoes e mesmo com elas consigo perceber que como duas pessoas inteiras conseguimos coexistir dento de uma existência em comum sem deixar de sermos um em cada um.
Qual desses é o relacionamento perfeito? Em qual deles podemos ser apenas o que nos faz feliz? para responder essas perguntas precisamos descobrir o que nos faz feliz primeiro. eu achei que tinha feito essa descoberta quando embarquei em um segundo relacionamento e aceitei o desafio de orientar e guiar uma nova vida por esse mundo caótico e cheio de desafios que vivemos, E não estou falando dos desafios da convivência não, estou falando dos desafios íntimos de conviver comigo mesmo em primeiro lugar. Essa frase me faz pensar em coisas muito diferentes, Em como mudamos nossa percepção de mundo e de nos mesmo diante dos desafios que a vida e as circunstancias nos coloca.
Olhando pra mim agora com 39 anos e quase 40 completos eu me vejo e consigo me admirar e me apaixonar pela mulher forte, decidida e admirável que me tornei. Mas não quero ficar por muito tempo perto dela; muito estranho uma mulher de quase 40 com uma filha de 4 anos que ainda não tem uma fonte de renda estável, e mora na casa dos pais! Como conviver diariamente com uma mulher que sorri mesmo quando dá pra sentir a raiva emanando dela pela respiração? Realmente eu vivo ou sobrevivo aos dias que se passam como repetições de auto controle emocional de surtos psicoticos de autodestruição e tentativas frustradas de gritos de liberdade?
Estou escrevendo isso e me perguntando se algum dia terei coragem de publicar esse texte. acredito que nao. se vier a ser publicado sera por engano ou descuido. verborragia como diz meu psicologo. sou teimosa demais pra aceitar que o que eu preciso é baixar a cabeça e aceitar os fatos. Mas porra que fatos? O de que moro na casa dos meus pais e dependo deles pra tudo nessa vida? Ja aceitei. Que nao tenho condição nenhuma, nem psicologica, nem financeira e muito menos emocional de cuidar da minha filha de 4 anos sozinha sem a ajuda deles? ja aceitei. que estou fracassando em cada área da minnha vida, desde que decidi que nao queria ser uma copia da minha mae e espou me tornando uma copia muito mal feita dela ? pronto aceitei, sou o rascunho rabiscado mais mal acabado que poderia ser da pessoa que eu amo mas que odeio ao mesmo tempo
Aceito, faço as pases comigo e entendo que tudo que fiz pra fugir nessa tentativa de me afastar me aproximar mais me fez chegar ainda mais perto dessa frustração que me encontro agora. Acho que ja entendi, sou fraca demais pra tomar uma decisão definitiva e acabar com minha vida, mediocre mas é minha e apesar de tudo estou vivendo ela. então acabar com ela não é uma solução. Na verdade me suicidae é uma solução facil demais, então nao sei se quero. Fugir iria me colocar em uma situação de risco desnecessario, ja que estamos em pandemia e pegar covid e depender de atendimento medico nessa momento é algo tbm desnecessario, existem pessoas precisando mais de atenção que eu. Então me resta escrever, e continuar vivendo de surto em surto. dia apos dia.
Mediocre, apatica, filosofando sobre coisas como essa frase:
"Se você pudesse se ver com os meus olhos e sentir por você como eu me sinto as coisas entre nós seriam diferentes"
O que poderia ser diferente?
Como eu poderia me sentir diferente se me visse pelos olhos de outra pessoa, por exemplo meu pai?
Suposição: 36 anos que escolhi se pai dessa mulher, ela deu trabalho, era uma criança linda e amorosa, quem imaginou que daria o trabalho que deu na adolescência, Tá, tudo bem que agora depois que se tornou mae muita coisa se explicou com aquele episodio do motorista, mas isso não justifica esse comportamento; ela não ta bem, gostaria de poder ajudar, mas não sei como, o pouco que ela me fala não me da abertura pra ajudar, é minha filha e eu como pai não consigo fazer mais por ela, onde eu errei?
Como eu me sentiria diferente me vendo com esses olhos? a minha apatia seria ainda maior, a minha melancolia, e minha vontade de sumir provavelmente. não vou mais pensar nisso porque só de pensar na forma como seria com meu pai eu já fiquei um pouco mais forte pra pensar na possibilidade de tirar minha vida. A única coisa que ainda me faz querer viver essa vida medíocre e triste que eu vivo é ela. Não tenho vergonha de admitir que minha filha é a única pessoa na minha vida toda que me faz querer acordar todos os dias, ela e o nosso cachorro me fazem querer sair dessa melancolia e voltar a sorrir. è por eles que quero superar essa depressão.
Sei que estou deprimida, sei que tenho surtos de ansiedade e que não estou nem conseguindo chorar porque simplesmente tenho controlado tanto minhas explosões de raiva com minha relação tensa com minha mãe que qualquer coisa eu sei que pode ser ruim demais deixar escapar e como proteção estou segurando tudo. Eu sei, eu tenho consciência disso. Sou uma pessoa que brinca muito, faz piada de sentimentos e emoções e faz situações sérias parecerem apenas corriqueiras, mas eu sei fazer isso justamente porque eu conheço minhas emoções e sentimentos pra entender o meu limite. E estou vivendo na beira de um precipício perigoso.
Escrevo nesse blog como uma forma de colocar toda essa minha frustração em ordem, é um jeito de deixar minhas ideias e ordenar meus pensamentos, e quem sabe algum dia como de forma magica o universo coloca meus textos na tela de alguém que se identifique e mesmo sem saber escrever consiga encontrar nas minhas palavras conforto e orientação pra não fazer da própria vida alguma besteira com consequências desastrosas. Porque a depressão que as pessoas levam a sério é aquela na qual as pessoas deixam de usar roupas limpas e tomar banho, mas esquecem que deprimidos tbm tomam banham, também se alimentam, e fazem suas tarefas do dias a dia, porque muitas das vezes estamos apenas deprimidos e sem vontade de viver, mas também estamos sem nenhuma vontade de morrer porque achamos fácil demais essa solução.