Você se lembra de quando éramos crianças e víamos tudo com brilho, luz e cor? Eu consigo vislumbrar em algumas coisas o mesmo brilho, luminosidade e cores.Claro que ja não vejo isso em tudo, até porque hoje sei que existem coisas que não devemos admira e não tem nada de belo; na maioria das vezes são alguma atitudes humanas, mas isso não vem ao caso hoje.
Desde quando deixamos de ver em tudo as cores? Passamos a gostar mais de uma cor e deixamos de buscar nas outras o brilho e a beleza de vê-las junto e em harmonia?
Eu me lembro de quando era criança e adorava ver o colorido. Não havia uma cor preferida, mas uma união de cores que criavam um espetáculo encantador! Principalmente quando elas estavam juntas pelo acaso da natureza.
A primeira vez que vi o mar e tive consciência de sua beleza... O azul escuro com manchas esverdeadas, a espuma branca no quebrar das ondas, o bege claro das areias e o verde de coqueiros que balançavam com a brisa forte e intensa que vinha daquele espetáculo!
Depois me vi observando a sujeira na areia; o lixo humano do qual o mar tentava se livrar devolvendo a areia... lembro-me bem da emoção. Meus olhos lacrimejavam, eu estava sozinha e perguntava-me porque era tão difícil para os freqüentadores daquela beleza manterem ela bela e limpa! Sentia a brisa secando minhas lagrimas antes de elas escorrerem e era como uma mãe que seca as lagrimas de um filho decepcionado pela primeira vez com as atitudes dos outros. Nada podia ser feito, cada um tem uma consciência, uma forma de enxergar o que meus olhos viam de belo e agredido alguns viam como algo belo e próprio; se permitiam sentir-se donos daquele espetáculo, e com ele fazem o que querem! (como jogar lixo, fazer necessidades...)
Hoje me lembrando dessa passagem da minha vida eu vejo que por mais que os homens ignorem não serem donos e tomem para si, a mãe natureza sempre toma de volta o que lhe foi tirado a força e revelia de sua plenitude e beleza. Pode demorar anos, séculos e até mesmo a eternidade, sempre temos que devolver o que nosso egoísmo tomou como propriedade sem se dar conta de que era apenas um empréstimo.
Nada temos de nosso nessa vida, somos fruto dessa natureza perfeita e a ela retornaremos querendo ou não. Então por que não podemos aproveitar enquanto com ela convivemos e ver nela a harmonia das cores, o brilho que delas surge em contato com a luz e tentarmos brilhar como ela? Afinal neste corpo emprestado em que vivemos podemos aprender muito, sentir muito, viver muito; basta estarmos prontos e dispostos a deixar a criança interior viver e respirar, afinal ela existiu um dia e pode existir novamente, basta nos permitirmos! Quem foi que disse que não podemos ser crianças responsáveis e adultos conscientes?